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Iphan questiona projeto de drenagem pluvial do GDF

Proposta da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos prevê a construção de bacias para escoar água da chuva na Asa Norte

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Tarde de chuva em Brasília após período de seca – Brasília, DF – 22/10/2015
1 de 1 Tarde de chuva em Brasília após período de seca – Brasília, DF – 22/10/2015 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A temporada de chuvas no Distrito Federal tem sido encarada com receio pelos brasilienses. É só fechar o tempo que alguns pontos do Plano Piloto se transformam em verdadeiras piscinas. Para tentar minimizar os impactos causados durante esse período, o Governo do DF apresentou um projeto de drenagem pluvial. A proposta, no entanto, foi questionada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A alegação: o programa fere o tombamento de Brasília.

Segundo a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sinesp), o órgão planeja iniciar, ainda neste ano, o Programa Drenar DF, que substitui o Águas do DF, prometido no governo de Agnelo Queiroz. O projeto, questionado pelo Iphan, tem como objetivo construir um sistema para escoar a chuva até duas grandes “bacias de qualidade”, reservatórios de 3 metros de altura, onde a água seria filtrada para ser liberada no Lago Paranoá.

Em um parecer elaborado por um grupo técnico, o Iphan recomenda a revisão de pontos do projeto, orçado em R$ 88 milhões. O documento enumera algumas críticas. Entre elas, o instituto aponta que a proposta pode alterar a estrutura da cidade e interferir na “escala bucólica” de Brasília. O texto argumenta que a proposta ainda não prevê destinação paisagística e de recreação para a área dos reservatórios.

Aedes aegypti
Além disso, em tempos de surtos da dengue, o parecer destaca também o receio de que o mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, possa se proliferar nessas bacias. “Tais reservatórios, principalmente quando inseridos em áreas urbanas, necessitam adequada e contínua manutenção”, indica o documento.

Para o doutor em estruturas ambientais urbanas Antônio Carlos Carpintero, o programa do GDF é pouco aprofundado e não considera todos os problemas do DF. “O governo quer resolver um problema de maneira afoita. Para mim, parece mais razoável escoar a água direto para o Lago Paranoá do que criar esses bolsões. A chuva vai levar resíduos sólidos, mas isso nem se compara com o lixo químico despejado no lago pelas nascentes que estão próximas ao lixão da Estrutural”, comenta.

Reprodução

A Sinesp espera que o Iphan libere o início das obras em locais onde não há questionamento, como na área próxima ao Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. As regiões mais contestadas no documento ficam no Setor de Embaixadas Norte e na L4 Norte, próximo à Universidade de Brasília (UnB).

Em nota divulgada pela secretaria, a pasta ressalta que as bacias vizinhas ao Iate Clube de Brasília e a ao canteiro central da L4 Norte “são de extrema importância para qualidade da água que seria enviada ao Lago” e que o projeto incluiria a constante limpeza dos reservatórios. O Iphan esclareceu que se coloca a disposição para colaborar na formulação de projetos complementares e, assim, acelerar as obras das redes de drenagem.

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