Saudades do Maraca: Rolling Stones, 20 anos depois
Neste sábado (20/2), a banda inglesa volta ao estádio carioca. No dia seguinte, Flamengo e Fluminense fazem clássico em Brasília
atualizado
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Erguido para a Copa do Mundo de 1950, o Maracanã começou a receber jogos de futebol com as obras ainda em pleno andamento, em meio a andaimes e sacos de cimento. Desde antes de sua inauguração já se tornara um cartão postal do Rio de Janeiro.
E então, tocado pela tragédia em 19 de julho de 1950, dia da derrota para o Uruguai, o estádio entrou definitivamente no imaginário do povo brasileiro. Ao longo das décadas seguintes, seria palco dos maiores espetáculos de Edson Arantes do Nascimento, o homem conhecido como Pelé, e de Arthur Antunes Coimbra, um certo Zico.
Seu gramado também seria abençoado de outras maneiras. Em 29 de janeiro de 1980, Frank Sinatra cantou por ali. Naquele mesmo ano, em 2 de julho, o papa João Paulo II rezaria uma missa dentro do estádio. Antes mesmo do termo “arenas multiuso” ter se consagrado nas páginas do Diário Oficial da União, o doce e trágico Maraca encontrara uma segunda vocação para além do futebol.
Paul McCartney, quando veio pela primeira vez ao Brasil, se apresentou no Maracanã. Era abril de 1990. E os Rolling Stones fariam o mesmo anos mais tarde. Na sua primeira visita ao país, pela turnê Voodoo Lounge, a banda fez dois shows no Maracanã.
Veja, neste vídeo abaixo, tirado do YouTube, como foi o concerto de 4 de fevereiro de 1995…
Padrão Fifa
Vinte anos se passaram. Ou melhor, 21 anos se passaram. Logo mais esta noite, Mick Jagger, Keith Richards, Ronnie Wood e Charlie Watts se apresentam novamente no famoso estádio. Entre a primeira e a segunda visita ao Maracanã, Jagger e seus amigos tocaram na Praça da Apoteose (abril de 1998) e na Praia de Copacabana (fevereiro de 2006).
Agora de volta ao Mário Filho, se eles derem um rolé pelo estádio poderão perceber que ali tudo mudou. Como tu sabes, a casa foi reformada para a Copa do Mundo de 2014 seguindo as estritas orientações da Fifa. De lá para cá, e nem faz tanto tempo assim, é de conhecimento público o destino de alguns dos envolvidos (Ricardo Teixeira e José Maria Marín, Joseph Blatter e Jérôme Valcke). Assim como são de conhecimento público as investigações conduzidas pela Polícia Federal na chamada Operação Lava-Jato, que acuaram o consórcio de empreiteiras (Odebrecht, AEG e IMX) responsável por reconstruir e administrar o Novo Maracanã.
Ao redor da novinha Arena Maraca, o também remodelado ginásio Maracanãzinho segue funcionando. Mas o antigo Estádio Célio de Barros e o velho Parque Aquático Júlio Delamare não interessam ao Consórcio Maracanã. Em pleno ano olímpico, os dois estão fora de funcionamento. Na real, a ideia das empresas era demolir ambas as estruturas e ali erguer um shopping center e um amplo estacionamento.
Como os planos foram barrados pela sociedade civil, o Consórcio Maracanã meio que cansou da brincadeira e deixou quieto todo o resto. Neste momento fechado para o concerto dos Rolling Stones, o Maraca seguirá fechado por mais tempo. Terminado o desmonte do megapalco e das megaluzes, o consórcio desde já passa as chaves da casinha para a municipalidade, por conta das Olimpíadas, que serão disputadas apenas em agosto.
Enquanto isso, Flamengo e Fluminense, os dois clubes que se viram obrigados a entrar em acordo com o Consórcio Maracanã para terem onde cair mortos, podem girar em turnê permanente pelo Brasil. Eles têm rodado mais que os Rolling Stones. Amanhã, domingo, promovem um Fla-Flu cá no Estádio Mané Garrincha.
(Leia mais sobre o tema amanhã, aqui na coluna “Tiro de Meta”…)