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As damas do movimento resistem e põem Brasília pra dançar

O Cena Contemporânea traz em sua grade de programação duas montagens, que têm em sua gênese, Giselle Rodrigues e Luciana Lara, duas das mais importantes figuras da dança na cidade

atualizado

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Sérgio Maggio/Metrópoles
iselle Rodrigues e Luciana Lara
1 de 1 iselle Rodrigues e Luciana Lara - Foto: Sérgio Maggio/Metrópoles

Existe um verbo capaz de qualificar a dança contemporânea em Brasília: resistir. Como a principal vitrine de criação do Distrito Federal, o Cena Contemporânea traz em sua grade de programação duas montagens, que têm em sua gênese, as persistentes Giselle Rodrigues e Luciana Lara, duas das mais importantes figuras da dança na cidade. Giselle está com “Fio a Fio”, escolhido pelo Metrópoles como um dos cinco melhores espetáculos de 2015; e Luciana, com “De Carne e Concreto”, uma das mais contundentes criações do seu coletivo Anti Status Quo (ASQ).

No Centro-Oeste, Brasília, a capital do país, não é o principal centro de criação de linguagem e de fomento. Goiânia ocupa este espaço, dando ao Brasil espetáculos de qualidade incontestáveis da Quasar Companhia de Dança e de grupos que orbitam em torno do seu impacto em público e na cultura daquela cidade.

Estaríamos em um momento de fôlego? O Metrópoles aproveitou este momento especial do Cena e reuniu Giselle Rodrigues e Luciana Lara para debaterem sobre a dança e a cidade.

O Cena traz “Fio a Fio” e “De Carne e Concreto”, duas montagens de qualidade nacional. Há um novo fôlego para a dança contemporânea na cidade?

Acho que não. O que há é a insistência, a persistência, o desejo de pesquisa e a inquietação dessas duas artistas que fizeram muito e ainda fazem, mesmo que resguardadas em suas estúdios com suas companhias. Talvez, possa ser o último fôlego. Está em cena é nossa arma política. Por meio do trabalho, falamos muito sobre a tristeza e a indignação do que vivemos hoje. Da falta de apoio pra tudo

Giselle Rodrigues

Acho que sim. Está no Cena mostra que a dança tem fôlego. A dança é uma arte de resistência, que necessita de manutenção, de pesquisa, de espaço específico. É difícil se manter sem manutenção e patrocínio. O Cena é uma vitrine interessante que torna visível esse nosso trabalho, que já tem 27 anos de criação ininterrupta

Luciana Lara

Como é criar espetáculos de dança contemporânea em Brasília?

Nos últimos anos, estou mais lenta para criar. Tento para manter o que fazia antigamente, que é de ter um espaço cinco horas para criar, de ter um tempo para desfrutar uma criação e entender o processo. Essa velocidade lenta é um ato de resistência, nos exige produção, tentando obedecer a esse tempo do processo criativo como era no Endança e no baSiraH (grupos anteriores). Hoje, sou também professora da UnB e tento não perder esse tempo de criação, apesar de, em aula, está criando o tempo todo

Giselle Rodrigues

Tem sido difícil criar em Brasília por conta da manutenção. O FAC (Fundo de Apoio à Cultura) tem sido um importante instrumento nesse sentido, mas ficamos à mercê dos projetos de editais. Precisamos ter um estrutura mínima de quatro a cinco horas por dia, onde podemos pagar os bailarinos por essa dedicação, para que eles cuidem dos seus corpos, mas precisamos avançar para um manutenção de continuidade. Os editais nacionais são poucos para tanta gente pedindo. Mesmo assim, estamos na ativa independentemente de projetos aprovados. Ou estamos criando ou estamos em cartaz com espetáculos anteriores seja na cidade seja em festivais. Temos um público cativo, que assiste e vibra com a gente, ajudando a manter um trabalho vivo

Luciana Lara

E as novas gerações de dança na cidade?

O fato de estar no festival é um desejo de novos artistas despontem e conquistem esses espaço. O que percebo é uma falta de foco dessas novas gerações. Falta a persistência. Eles sempre começam e não dão continuidade. Não há desejo de correr atrás. E muito fácil se dispersar de um desejo. O que vejo são esses jovens atirando para todos os lados. Não conseguem insistir no que é seu. Estamos aí, eu, Luciana, Lenora Lobo e Giovane Aguiar, ocupando esses espaços e podemos ser exemplos pra essa mocada

Giselle Rodrigues

Em Brasília, tem uma geração nova de bailarinos, muito interessada, afim de fazer e querendo produzir até os seus trabalhos. Pode ser um momento de renovação na dança, ainda com poucos criadores. Acredito que vai ter um momento que aparecerá mais esses novos criadores de dançar

Luciana Lara

O que cada uma de você admira no trabalho da outra?

O que mais admiro em Luciana Lara é o desejo de manter uma companhia a qualquer custo, sem concessão. A cidade e os jovens precisam desse espaço arduamente

Giselle Rodrigues

Principalmente, a maneira como Gisele trabalha o movimento, aborda e dirige, com uma qualidade excepcional, os bailarinos se movem

Luciana Lara

Giselle Rodrigues está em cartaz com “Fio a Fio”, 1º (quinta) e 2 de setembro (sexta), no Sesc Garagem.

Luciana Lara está em cartaz com “De Carne e Concreto”, com seu grupo ASQ (Anti Status Quo), de 30 (hoje) e 31 de agosto (amanhã), às 21h, na Galeria Athos Bulcão.

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