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Eduardo Cunha articula para esvaziar votação e tentar salvar mandato

O deputado peemedebista passou a se dedicar mais à sua defesa e procura reagrupar sua “tropa de choque” na Casa, dispersa por causa da campanha eleitoral municipal

atualizado

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Cunha
1 de 1 Cunha - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Com a proximidade do julgamento final de seu processo de cassação, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) intensificou as articulações para tentar salvar seu mandato. Suspenso do exercício parlamentar e sem a presidência da Câmara dos Deputados, o peemedebista passou a se dedicar mais à sua defesa e tenta reagrupar sua “tropa de choque” na Casa, dispersa por causa da campanha eleitoral municipal.

Na semana passada, líderes aliados de Cunha passaram a fazer um levantamento em suas bancadas para saber quais deputados pretendem comparecer à votação, marcada para a segunda-feira da próxima semana. O peemedebista sabe que os parlamentares que estiverem presentes no plenário dificilmente votarão abertamente a seu favor às vésperas das eleições. Por isso, articula para que os deputados faltem à sessão.

O movimento de esvaziamento tem como alvo o PMDB e legendas do Centrão – grupo de 13 partidos liderados por PP, PSD, PTB e Solidariedade. Para que o deputado afastado seja cassado pelo plenário da Câmara, bastam 257 votos favoráveis à condenação – a Casa tem 513 deputados. Os parlamentares que se ausentarem, portanto, estarão ajudando o peemedebista.

Em outra frente, Cunha tenta convencer seus aliados a repetir, na votação de sua cassação na Câmara, o precedente aberto com o fatiamento do impeachment de Dilma Rousseff no Senado, na quarta-feira. A estratégia é tentar aprovar uma pena mais branda, por meio da apresentação de uma emenda.

Nesta semana, Cunha também começou a entregar cartas aos deputados na qual reafirma sua defesa. No documento, diz que já foi punido ao ter de renunciar à presidência da Câmara, em 7 de julho, e que uma eventual cassação vai “destruir a vida dele e da família”. “Peço que tome sua decisão com isenção sobre a sua gravidade, cuja consequência é tamanha, a ponto de destruir a minha vida e principalmente a da minha família.”

O peemedebista pede ainda que os deputados se atenham ao mérito da representação que pede sua cassação. Ele lembra que será julgado sob acusação de ter mentido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobrás em 2015, de que não possuía contas secretas no exterior; e não por outras acusações contra ele, que ainda serão julgadas pelo Supremo Tribunal Federal.

Cunha continua morando em um apartamento funcional da Câmara no fim da Asa Sul, em Brasília, mesmo estando suspenso do mandato desde 5 de maio, por decisão do STF. O local passou a ser o escritório político do peemedebista na capital federal. É lá onde ele passa praticamente todo o dia durante a semana e de onde despacha com advogados e com aliados.

Campanha
As visitas de aliados, porém, diminuíram com o início da campanha para as eleições municipais. Um dos principais membros da “tropa de choque” de Cunha, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) disse que ainda não conseguiu visitar o peemedebista no apartamento funcional. “Tenho me dedicado mais à campanha dos meus aliados no Mato Grosso do Sul.”

De acordo com aliados, a comunicação entre eles e Cunha está mais difícil. Embora seja um habitual usuário do WhatsApp, o peemedebista prefere conversar sobre sua estratégia de defesa pessoalmente. No entanto, a campanha tem reduzido a ida dos deputados à Brasília, já que ficam mais nos Estados, para se dedicar às suas próprias campanhas ou à de aliados.

Cunha costuma passar a semana em Brasília e viaja ao Rio de Janeiro, cidade onde mora sua família, apenas nos fins de semana Geralmente vai para a capital federal às segundas ou terças-feiras e volta à capital fluminense às quintas ou sextas-feiras. Às vezes, altera a rotina e viaja para São Paulo ou Rio na semana, para acompanhar audiências de processos dos quais é alvo.

Desde agosto, a maioria dos trajetos passou a ser feito em voos comerciais, e não mais em jatinhos particulares que Cunha contratava logo após perder o direito de usar aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

Fatiamento
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse no sábado (3) que seria uma punição “desproporcional” suspender o direito de Dilma Rousseff de exercer função pública após a aprovação do impeachment. Segundo ele, a decisão de poupar a ex-presidente não criará precedente favorável a Eduardo Cunha, nem para o ex-senador Delcídio do Amaral.

“Era desproporcional afastar e punir”, disse Renan em entrevista na China, onde acompanha o presidente Michel Temer, que participa da reunião do G-20. Anteontem, Delcídio recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a restauração do direito com base no impeachment de Dilma.

Renan negou que tenha havido uma articulação. Segundo ele, o fatiamento foi discutido durante o afastamento do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. Na época, o caso chegou ao STF , em um julgamento que terminou empatado.

O presidente do Senado disse que será inevitável que o Supremo reveja os aspectos de procedimentos do processo que levou ao afastamento de Dilma do cargo e à manutenção do direito de exercer função pública. “Há uma judicialização da política”, afirmou.

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