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Denúncias na internet de violência contra a mulher crescem em 2018

Os números saltaram de 961 denúncias em 2017 para 16.717 no ano passado, aumento de 1639,54%

atualizado

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Hugo Barreto/ Metrópoles
Brasília (DF), 07/01/2018  Violencia contra mulher  Local:  Fot
1 de 1 Brasília (DF), 07/01/2018 Violencia contra mulher Local: Fot - Foto: Hugo Barreto/ Metrópoles

O número de denúncias de crimes na internet relacionados a violência contra a mulher explodiu em 2018 – saltou de 961 denúncias em 2017 para 16.717 no ano passado, crescimento de 1639,54%. O dado faz parte do balanço anual da ONG SaferNet, que atua na defesa dos direitos humanos na rede.

Denúncias de violência contra a mulher e misoginia lideram os aumentos em 2018, mas quase todos os tipos de crimes monitorados pela ONG tiveram aumento. Das dez categorias, apenas três registraram queda de denúncias. No geral, o número de denúncias de crimes online cresceu quase 110%, de 63.697 casos para 133,7 mil.

Outra categoria que teve aumento expressivo no número de denúncias foi xenofobia – foi registrado crescimento de 568%. Em 2017, foram denunciados possíveis crimes do tipo na rede 1.453 vezes, contra 9.705 em 2018. Todas as denúncias foram feitas anonimamente junto à Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, projeto mantido pela SaferNet em parceria com o Ministério Público Federal (MPF). Após recebidas, as denúncias são encaminhadas às autoridades que determinam ou não a abertura de investigação.

Em números absolutos, a categoria que lidera o ranking é pornografia infantil, com mais de 60 mil denúncias. O crescimento foi de quase 80% ao ano passado. Os outros tipos de crimes com aumento de denúncias foram apologia e incitação a crimes contra a vida (27.716 e variação de 154,46%), racismo (8 337 e variação de 37,71%), LGBTfobia (4.244 e variação de 59,13%) e neonazismo (4.244 e variação de 51,70%).

As três categorias que caíram foram maus tratos contra animais (1.142, queda de 76,98%), intolerância religiosa (1.084, queda de 27,83%) e tráfico de pessoas (509, queda de 14,45%).

Uma das explicações para o volume gigantesco de comunicações de crime é que uma mesma situação pode ter sido denunciada por várias pessoas diferentes. Por outro lado, o número se aplica apenas a conteúdo encontrado na web e em redes sociais, e não é referente ao que é encontrado em mensageiros, como o WhatsApp.

Estupro virtual aumenta
A Central de Ajuda da SaferNet, canal que permite vítimas de crimes virtuais a buscar auxílio, também registrou aumento de casos. Em 2018, 2.867 casos foram atendidos, crescimento de 72% em relação ao ano anterior. A principal categoria é a relacionada a vazamento de nudes e sextorção, quando o agressor usa imagens íntimas para chantagear a vítima. Foram 669 casos atendidos, crescimento de quase 132% – em 35% desses casos houve relatos de sextorção.

As mulheres são as principais vítimas de vazamento de nudes: 66%, ou 440 casos. A faixa etária que menos procurou ajuda é a de menores de 17 anos com apenas 123 casos. Pessoas acima de 25 anos foram maioria, com 53% dos casos.

Sextorsão já é enquadrada por autoridades como “estupro virtual”, baseado no artigo 213 do Código Penal, que define estupro como o ato de “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”, com pena de reclusão de seis a dez anos.

Em 10 anos, o número de pessoas que procurou ajuda em casos de vazamentos de imagens aumentou 2.300% – em 2008, foram apenas 29 casos atendidos.

Cyberbullying
Foram 407 pedidos de ajuda em 2018, 68% de pessoas do sexo feminino. Novamente, pessoas menores de 17 anos foram as que menos procuraram ajuda, apenas 11,%. Pessoas acima dos 25 anos foram as que mais procuraram ajuda nesses casos (60%).

Neste 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país. Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.

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