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MPSP quer investigar jornalista sobre tiroteio em agenda de Tarcísio

Promotor do MPSP diz que repórter da Folha atribuiu a Tarcísio “ordens de apagamento de imagens e organização de farsa” em tiroteio em 2022

atualizado

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Reprodução/ Acervo Pessoal
Promotor de Justiça Fabio Petean - Metrópoles
1 de 1 Promotor de Justiça Fabio Petean - Metrópoles - Foto: Reprodução/ Acervo Pessoal

São Paulo — O promotor eleitoral Fabiano Augusto Petean pediu o arquivamento de um inquérito sobre a conduta do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no episódio do tiroteio em Paraisópolis durante a campanha de 2022 e pediu para investigar o jornalista que publicou reportagem mostrando que a equipe de Tarcísio mandou um cinegrafista apagar um vídeo da ocorrência, ocorrida em outubro do ano passado, na zona sul da capital.

A investigação havia sido aberta com base em uma representação feita por um advogado de um candidato do Podemos, que acusou Tarcísio e seu staff de forjar um atentado durante a agenda de campanha, em outubro de 2022. A informação foi antecipada pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmada pelo Metrópoles.

Sem provas sobre o governador, o promotor pediu o encerramento da investigação. No mesmo documento, ele pediu para que o repórter Artur Rodrigues, da Folha de S. Paulo, seja investigado.

O promotor atribui ao jornalista o possível cometimento de crime previsto artigo 323 do Código Eleitoral, que consiste em divulgar durante período eleitoral “fatos que sabe inverídicos em relação a partidos ou a candidatos e capazes de exercer influência perante o eleitorado”.

Petean afirma que o repórter noticiou  “com a imputação ao candidato e aos apoiadores das ordens de apagamento das imagens e da possível organização de uma farsa em Paraisópolis para fraudar as eleições”.

A afirmação do promotor eleitoral na peça contém uma série de erros factuais. A reportagem da Folha mostrou um áudio em que um integrante da campanha mandava um cinegrafista da rádio Jovem Pan apagar imagens do tiroteio que terminou com um suspeito morto durante o evento de campanha, em outubro.

A reportagem não atribuiu a Tarcísio a “ordem de apagamento” das imagens e não fez qualquer menção a “farsa para fraudar eleições”. Na reportagem, pelo menos quatro parágrafos são dedicados à descrição feita pelos próprios policiais militares sobre como começou o confronto, com uma “rajada de tiros” de motociclistas com armas longas.

O relato sobre o apagamento das imagens foi confirmado pelo cinegrafista em entrevistas e em depoimento durante a investigação. Segundo ele, “um membro da comitiva de Tarcísio que tinha um distintivo do
Abin [Agência Brasileira de Inteligência] pediu para apagar as imagens”. Ele disse não ter apagado.

A apuração da reportagem foi corroborada por uma declaração de Tarcísio, no mesmo texto, de que sua equipe, de fato, pediu para o cinegrafista “não enviar parte do vídeo para não expor as pessoas que estavam lá”.

O próprio Tarcísio disse, na mesma reportagem, que “bandidos notaram” a presença da campanha “ali desde cedo”. “(Homens em) Motocicletas filmaram a nossa equipe, fizeram perguntas e voltaram armados. Não foi algo corriqueiro. Foi um tiroteio enquanto estávamos lá”, afirmou.

Inquérito arquivado

Na esfera criminal, a Justiça arquivou o inquérito que apurava a morte de um homem de 27 anos durante a agenda de campanha de Tarcísio.

O juiz Jair Antonio Pena Junior, do 1º Tribunal do Júri da capital, acolheu um pedido feito pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Segundo o promotor Fabio Tosta Honer, o disparo partiu da arma de um policial militar, acionado para prestar apoio após o início do tiroteio, e as provas colhidas indicariam que a morte foi resultado de ação de legítima defesa do PM.

Ainda segundo o relatório da Promotoria, os agentes envolvidos no confronto não teriam relação direta com a segurança de Tarcísio e “usaram os meios necessários para repelir atual e injusta agressão, sem incorrer em excesso”.

O suspeito foi morto com um tiro de fuzil, calibre 5.56, no peito.

Sem resposta

O Metrópoles encaminhou ao MPSP perguntas endereçadas ao promotor Fabio Petean sobre quais seriam os fatos apurados por ele para afirmar que o jornalista Artur Rodrigues “imputou” a Tarcísio as ordens de apagamento das imagens e da possível farsa do tiroteio em Paraisópolis para fraudar as eleições. A assessoria de imprensa do MPSP informou apenas que o promotor “aguarda a análise do caso por parte da Justiça Eleitoral”.

Advogado de Tarcísio, Thiago Boverio afirmou que o “pedido de investigação contra os jornalistas não possui nenhuma relação com a defesa do governador”. “O Ministério Público Eleitoral que promoveu essa diligência. Quanto ao tema, o defesa do governador insistiu em demonstrar que se tratou de episódio policial sem qualquer vinculação com a campanha”, disse.

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