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“Fim do mundo”: o drama do apagão de 5 dias em Embu das Artes; vídeo

A própria administração de condomínio em Embu das Artes removeu árvore que caiu sobre a rede elétrica, mas iniciativa não abreviou apagão

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Imagem colorida de árvore caída sobre fiação elétrica - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de árvore caída sobre fiação elétrica - Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo – Moradores de um condomínio residencial em Embu das Artes, na Grande São Paulo, estão há cinco dias sem energia elétrica. Eles conversaram com o Metrópoles na manhã desta quarta-feira (8/11) e denunciaram prejuízos com perda de comida, higiene pessoal e até problemas de saúde. Ainda não há previsão de restabelecimento. Às 14h30, o problema não tinha sido resolvido.

Diversos pontos do estado sofreram com a queda de energia provocada pelo forte temporal e pela ventania da última sexta-feira (3/11) – foram 2,1 milhões de pessoas afetadas. Até a manhã desta quarta, 11 mil imóveis ainda estavam sem energia, segundo informações da concessionária Enel.

É o caso do condomínio residencial Parque das Artes, no bairro Jardim Indaiá, localizado na Estrada Ponta Porã, no quilômetro 26 da Rodovia Raposo Tavares. Uma árvore caiu sobre a rede elétrica na sexta, por volta das 16h, e derrubou um poste que alimentava o complexo (veja abaixo).

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De acordo com relatos de moradores, a própria administração do condomínio removeu a árvore, há dois dias, para que pudesse ser realizado o serviço elétrico da Enel. No entanto, a manutenção no interior do complexo ainda não foi feita. No local, há cerca de 350 casas, com aproximadamente 1.500 moradores.

Compra de gerador

O empresário Eduardo Leite Galina, 43 anos, afirmou que a situação foi tão dramática que ele decidiu investir R$ 45 mil na compra de um gerador (incluindo cabos e mão de obra). “Tenho três filhos, dos quais dois são pequenos. A comida dos menores estava congelada até o final do ano, pois minha mulher está viajando a trabalho, e perdemos tudo”, contou.

Eduardo viajou na sexta-feira com as crianças e voltou apenas no domingo à noite, mas a luz ainda não tinha voltado. Ele chegou a procurar um gerador para alugar, mas não encontrou. “Acabei comprando o equipamento para nunca mais ter que passar por isso.”

Nos últimos dias, o empresário precisou esquentar água para dar banho no bebê de 1 ano e meio. Já ele e a filha de 7 anos têm tomado banho na empresa. Para piorar a situação, disse Eduardo, a entrega do gerador só será feita na próxima segunda-feira (13/11).

“No fim, o equipamento só vai ser útil no próximo apagão”, afirmou. A energia na casa do empresário foi restabelecida por volta de 15h30, mas parte do condomínio continuava sem luz.

Outro morador do condomínio, o advogado Thiago Luiz de Oliveira Reis, 41 anos, também comprou um gerador. “Foi difícil. Ou não encontrava gerador, ou tinha muita gente na fila”, conta.

Thiago conseguiu comprar o equipamento na segunda-feira (6/11). “Gastei com o gerador, cabos, peças e mão de obra. Só para manter, são R$ 120 por dia de gasolina”, diz. O equipamento tem ficado ligado das 8h às 22h. “Depois disso, tenho que desligar porque o barulho é ensurdecedor.”

O advogado disse que decidiu fazer o investimento porque penou nos primeiros dias do apagão. “Minha mulher, que dorme usando um aparelho chamado CPAP, e minhas filhas tiveram que passar a noite na casa de parentes”, disse. Além disso, os peixes do seu aquário estavam quase morrendo.

“Os problemas aqui são recorrentes, mas nunca foi tão grave como desta vez”, afirmou. A casa de Thiago continuava sem energia até a manhã desta quinta-feira (9/11).

Emails e ligações à Enel

O geólogo José Maria Azevedo Sobrinho, de 63 anos, disse ao Metrópoles que os moradores fizeram ligações e enviaram e-mails à concessionária, mas não tiveram o problema resolvido.

Ele chegou a abordar dois caminhões da concessionária que apareceram no condomínio durante esse período. “Fizeram anotações e foram embora”, afirmou José. Segundo ele, os moradores estão desesperados.

José tem mal de Parkinson e mora com a esposa e o filho. “Preciso fazer exercícios, mas não posso porque não tenho como tomar banho depois”, disse. Segundo José, é o problema mais grave que o condomínio já enfrentou.

“Moro há 19 anos aqui. Desse jeito, nunca vi acontecer. Já peguei 24 horas, 48 horas [sem energia], mas 120 horas é o fim do mundo.”

Problema de saúde

O jornalista Daniel dos Santos Filho, de 54 anos, mora no condomínio há 15 anos. Além dos problemas com mantimentos e eletrodomésticos, relatados pelos vizinhos, ele foi afetado por uma condição de saúde.

Daniel tem apneia do sono severa, que o deixa com falta de ar enquanto dorme. Ele precisa usar um aparelho chamado CPAP, que depende de energia elétrica. “Tenho que dormir na casa de um amigo, em uma cidade vizinha”, disse ao Metrópoles.

O jornalista contou que precisou comer parte da comida que tinha na geladeira “antes da hora” e o restante ele doou ou teve de jogar fora.

Segundo Daniel, o condomínio já se organiza para mover um processo contra a Enel. Não é a primeira vez que a iniciativa foi tomada. De acordo com ele, moradores venceram processos contra a concessionária em outras ocasiões em que houve falta de energia.

Em nota, a Enel admitiu que as cidades de Cotia e Embu das Artes foram as mais afetadas. A concessionária informou que o fornecimento de energia na região foi restabelecido na tarde desta quinta-feira (9/11).

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