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Schwartsman, sobre criação da moeda comum: “Deve ser ‘sur’ de surreal”

Para economista, o “sur”, eventual nome da moeda que seria usada no comércio entre sul-americanos, representa um risco para o Brasil

atualizado

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1 de 1 imagem colorida economista alexandre Schwartsman - Foto: Divulgação

O economista e consultor Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC), define de forma peculiar a eventual criação de uma moeda comum entre Brasil e Argentina – e, talvez, válida no Mercosul –, cujo nome seria “sur” (sul, em espanhol). Diz ele: “Mas deve ser ‘sur’ de surreal”.

Nesta segunda-feira (24/1), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que integra a comitiva do presidente Lula em viagem à Argentina, e o ministro da Economia argentino, Sergio Massa, assinaram um memorando de entendimento de integração financeira entre os dois países. O plano prevê a criação da “unidade comum de troca” para uso no comércio bilateral.

Schwartsman observa que a iniciativa não se confunde com a criação de uma moeda única, nos moldes do euro, usada por qualquer membro do Mercosul para liquidar transações domésticas. “O que seria uma ideia ainda pior”, avalia. Mas, sim, de uma moeda comum para liquidar transações comerciais internacionais entre os países da área (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela), dispensando o uso do dólar.

Em termos operacionais, anota o economista, um exportador brasileiro receberia em “sur” pelo embarque para a Argentina, e essa moeda seria vendida para alguém que desejasse importar algo dos argentinos, “alfajores ou de preferência um bom Malbec”, acrescenta.

O funcionamento do “sur” não está claro, mas as moedas locais (o real brasileiro e o peso argentino, nesse caso) continuariam flutuando contra ela, assim como fazem contra o dólar.

Schwartsman observa que, “em termos de comércio”, o Brasil é mais importante para a Argentina do que o contrário. As exportações brasileiras para o país vizinho (US$ 15,3 bilhões) representam pouco mais de 20% do total das importações argentinas, enquanto as exportações argentinas para o Brasil (US$ 13,1 bilhões) equivalem a quase 15% de suas vendas externas.

Ele acrescenta que, diferentemente do Brasil, o país vizinho enfrenta escassez de divisas. Ao final de 2022, as reservas internacionais totais da Argentina somavam US$ 40 bilhões, pouco menos de 15% de sua dívida externa bruta, ante US$ 324 bilhões do Brasil, cerca de 50% da dívida externa brasileira.

Diante do peso do comércio e das reservas internacionais, conclui Schwartsman: “Faltam dólares na Argentina. Se eles puderem pagar importações em outra moeda, em particular uma em que possam influenciar a oferta, facilita muito”.

Em contrapartida, as vantagens para o Brasil da moeda comum seriam, na melhor das hipóteses, “marginais”. “E o risco de crédito da Argentina é todo nosso”, diz.” Nas palavras imortais de Arminio Fraga (economista e ex-presidente do BC): ‘O meu, o seu, o nosso dinheiro’ está em perigo”.

Para Schwartsman, o único aspecto “tranquilizador” da medida anunciada por Haddad e Massa, na Argentina, é a dificuldade de implementação desse tipo de moeda.

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