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Licitações na Bolsa ampliam investimento em infraestrutura no Brasil

Apesar da aceleração desde 2019, montante contratado está abaixo do patamar do início dos anos 2000 e precisaria dobrar, dizem especialistas

atualizado

Tony Oliveira/ Agência Brasília
Obras de drenagem e pavimentação em Vicente Pires-Metrópoles

Os investimentos para infraestrutura já assegurados por meio de licitações na Bolsa de Valores brasileira vêm aumentando e já se refletem no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Entretanto, segundo especialistas na área, esse montante ainda está em um patamar baixo diante dos desafios que o país enfrentará nos próximos anos.

Um levantamento realizado pelo instituto Infra2038 mostra que os R$ 173,6 bilhões comprometidos em licitações feitas neste ano devem representar um impacto positivo de 0,5 ponto percentual na expansão da economia brasileira em 2022.

Em 2023, os R$ 186,9 bilhões que devem ser contratados nos leilões terão impacto de 0,6 ponto percentual sobre o PIB.

O total de investimento em infraestrutura, que havia correspondido a 1,58% do PIB em 2021, deve alcançar 1,87% neste ano e 1,91% em 2023 – o que indica uma clara trajetória ascendente.

Apesar do crescimento, o montante contratado em investimentos ainda está bem abaixo do patamar atingido no início dos anos 2000, quando ultrapassou 3% do PIB (em 2000 e 2001).

“Para um país com as características do Brasil, os investimentos em infraestrutura deveriam ser o dobro”, afirmou Frederico Turolla, sócio da consultoria Pezco Economics e um dos autores do estudo, em entrevista à Reuters.

Ainda de acordo com o estudo, os leilões realizados na B3 nos últimos 10 anos movimentaram cerca de R$ 418 bilhões.

Segundo dados do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do Ministério da Economia, os leilões realizados desde 2019 – início do atual governo – contrataram investimentos totais de R$ 900 bilhões.

Dúvidas sobre o próximo governo

Setores do mercado demonstram preocupação em relação ao compromisso do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a agenda de concessões de infraestrutura. Nesta semana, por exemplo, Lula disse as privatizações acabariam em seu próximo mandato.

Em entrevista ao programa Estúdio i, da Globo News, o futuro ministro da Economia, Fernando Haddad (PT), adotou um tom distinto e defendeu o modelo das Parcerias Público-Privadas (PPP). Segundo ele, “as concessões têm de entrar na ordem do dia”.

“Há um conjunto enorme de projetos sustentáveis que podem ser concedidos para a iniciativa privada”, afirmou. “No Brasil, muitas PPPs deram certo, o Brasil aprendeu a fazer. O Prouni é uma PPP, uma troca de tributos por bolsas. Há muitos projetos que muitas vezes dependem de uma pequena contribuição do Estado.”

Durante a entrevista, Haddad citou sua passagem pelo Ministério do Orçamento, Planejamento e Gestão, então dirigido por Guido Mantega, ainda no início do primeiro governo Lula (2003-2006). Ele afirmou que teve papel importante na criação da lei das PPPs.






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