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Milei enfrenta segunda greve geral em apenas cinco meses de mandato

Pela primeira vez na história, o governo argentino enfrenta duas grandes greves em menos de um ano de mandato

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Imagem de Javier Milei, presidente da Argentina, discursando em um púlpito. Ele sorri e mexe nos óculos - Metrópoles
1 de 1 Imagem de Javier Milei, presidente da Argentina, discursando em um púlpito. Ele sorri e mexe nos óculos - Metrópoles - Foto: Tomas Cuesta/Getty Images

A Argentina vive nesta quinta-feira (9/5) a segunda greve geral desde o começo do mandato do presidente Javier Milei, em dezembro de 2023. Nunca na história do país um governo teve duas grandes paralisações em tão pouco tempo.

O país amanheceu paralisada. Não circulam ônibus, trens, metrôs, caminhões e aviões. Se circulassem, não teriam onde abastecer, já que os postos de gasolina não funcionam.

A Confederação Geral do Trabalho (CGT) convocou uma greve contra o ajuste fiscal e as privatizações, além de pressionar o Senado a rejeitar a reforma trabalhista.

Bancos, escolas, lojas e supermercados estão na lista dos setores que aderiram à greve. Até mesmo os trabalhadores dos espetáculos pararam, suspendendo as sessões de cinema e de teatro. Nos hospitais, apenas serviços de emergência funcionam.

Segundo o governo, 6,593 milhões de pessoas serão afetadas pela falta de transporte. Mesmo assim, o governo advertiu que os servidores que fizerem greve terão o dia descontado do pagamento.

Recorde de greves

Com apenas cinco meses de governo, Milei enfrenta sua segunda greve geral. A primeira, em 24 de janeiro, fez dele o presidente argentino que mais rápido sofreu uma paralisação.

“Nosso governo teve duas greves gerais, duas greves de ônibus, duas greves de professores, uma greve de trens, uma greve de aeronáuticos e mais de 100 manifestações”, contabilizou o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, para alegar que havia intencionalidade política dos sindicatos contra um governo não peronista.

O estudante de medicina brasileiro Luis Paulo Flores, 18 anos, chegou à Argentina neste ano. O jovem conta à RFI que as paralisações podem afetar o ciclo letivo e levá-lo a ter de cursar o primeiro ano novamente.

“A greve me afeta porque não tenho aula e, mesmo que tivesse, não teria transporte. Os professores têm pedido ajustes salariais e no orçamento da Educação, mas não têm conseguido. Isso também tem afetado a qualidade do ensino. No fim do ano, não sei se poderei cumprir com o ano letivo devido à falta de carga horária. Talvez tenha de refazer o ano”, desabafa Luis Paulo

Outro ponto que afeta brasileiros é a greve no setor aéreo. Pelos cálculos oficiais, o cancelamento de 703 voos atinge 93 mil pessoas. Entre os turistas estrangeiros, os brasileiros ocupam o primeiro lugar. A Associação Latino-americana de Transporte Aéreo prevê perdas de U$ 62 milhões (R$ 320 milhões) entre as mais de 30 companhias aéreas.

A estatal Aerolíneas Argentinas, que o presidente Javier Milei quer privatizar, está no centro da greve. A principal companhia aérea do país cancelou 191 voos, afetando 24 mil passageiros e perdendo U$ 2 milhões (R$ 10 milhões).

No país, os empresários preveem perda de U$ 1,5 bilhão (R$ 7,7 bilhões) devido às 24 horas sem atividade econômica.

Reforma, ajuste, privatizações

Para ter chances de aprovar uma reforma trabalhista no Congresso, o presidente Javier Milei retirou do texto todos os capítulos que afetavam o financiamento dos sindicatos. Mesmo assim, a CGT convocou a greve para pressionar o Senado a rejeitar a reforma aprovada na Câmara de Deputados. Os sindicalistas também são contra o ajuste fiscal e as privatizações.

Para o governo, a greve é meramente política, e não reivindica nenhum aumento salarial.

Os sindicalistas aparecem nas pesquisas de opinião pública entre os têm a pior imagem na sociedade. Os principais líderes sindicais estão no cargo há mais de 30 anos, período durante o qual a Argentina viveu uma contínua decadência com empobrecimento e destruição de empregos.

Atualmente, mais da metade dos trabalhadores são informais, e 32,5%, ainda que empregados, são pobres, sem conseguir ganhar o suficiente para comprar a cesta básica.

“Aos fundamentalistas do atraso que montam nas costas dos trabalhadores esta administração lhes informa que só vão conseguir o desprezo de todos os que querem e dos que precisam trabalhar”, disse o porta-voz Manuel Adorni.

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