Após farpas de Milei, Argentina pode sofrer embargo, diz especialista

A Espanha anunciou, nessa terça-feira (21/5), a retirada definitiva da embaixadora, María Jesús Alonso Jiménez, da Argentina. A decisão veio após o presidente do país sul-americano, Javier Milei, acusar de “corrupta” a esposa do premiê espanhol Pedro Sanchez. Para especialistas em direito internacional, a retirada definitiva para a diplomacia é algo “forte” e “raro”, que pode acarretar em “embargos” ao país, além de minar a confiança de investidores estrangeiros.

A fala do presidente argentino foi feita durante comício organizado pela extrema direita espanhola, Vox, no último domingo (19/5), em Madri, capital espanhola. No mesmo dia, o governo de Sanchez exigiu que Milei fizesse um pedido oficial de desculpas. Todavia, a Casa Rosada disse que o governo do país não tinha motivo para pedir desculpas.

Para o especialista em direito internacional público pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) João Coser, a fala de Milei causa um ruído na relação entre os países.  A Argentina é uma grande exportadora de grãos, principalmente para a União Europeia, e o afastamento com países europeus pode ser prejudicial.

“No momento, caso se rompa 100% dessa relação, o que pode levar até embargos, caso o conflito se acentue, quem mais sofre é a Argentina”, diz Coser.

Não é a primeira vez que o presidente da Argentina causa rusgas no âmbito diplomático. Em março, diplomatas argentinos foram expulsos da Embaixada em Bogotá, após Milei ter chamado o chefe do Executivo da Colômbia, Gustavo Petro, de “assassino terrorista”.

Segundo o economista e delegado da Juventude no programa da Organização das Nações Unidas (ONU), Jefferson Lucas, a retirada da embaixada é um gesto diplomático extremamente forte e raro.

“Este ato sinaliza uma crise profunda e uma deterioração significativa na confiança mútua, podendo levar a uma escalada de retaliações e menor cooperação em várias frentes”, frisa Lucas.

João Coser também analisa a retirada espanhola de Buenos Aires, e brinca ao comparar a decisão com um tapa na cara durante uma discussão. “Levando em consideração a importância da figura da embaixada e da embaixadora ali, é muito forte isso, é quase uma quebra de elos”, analisa Coser.

A relação entre Argentina e Espanha vem desde a colonização espanhola na região argentina e ao longo da história os países sempre mantiveram um bom relacionamento. “Conflitos diplomáticos como o atual são raros e contraproducentes para a relação usualmente cordial entre as nações”, pontua Jefferson Lucas.

Embaixador

O título de embaixador é conferido ao chefe de uma missão diplomática — embaixadas e representações junto a organismos internacionais—, seja ele ou não à carreira diplomática. Cabe ao presidente da república indicar os embaixadores, no qual qualquer cidadão pode ser designado. De acordo com o internacionalista João Coser, e de suma importância a presença de um embaixador na representação diplomática e de boas políticas entre os Estados.

“O embaixador é a figura do seu país e pode ali negociar diversos tipos de acordos e fazer presença em eventos com representatividade. Visto isso, a relevância de uma embaixada é muito grande, pois acima de tudo ela representa boas relações diplomáticas entre os Estados”, disse o especialista em relações internacionais João Coser.