metropoles.com

Com ex-ministros na chapa, Renata Amaral confirma disputa à OAB-DF

José Eduardo Cardozo, que ocupou o Ministério da Justiça, e o ex-AGU Luís Inácio Adams concorrem ao Conselho Federal pela mesma chapa

atualizado

Compartilhar notícia

Material cedido ao Metrópoles
renata amaral
1 de 1 renata amaral - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Nome escolhido pelo movimento Ordem Democrática, Renata Amaral oficializou, nesta sexta-feira (22/10), a candidatura ao comando da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) pela chapa Nossa Ordem é Democrática.

Além de Renata, o advogado Aldemario Araujo concorre a vice-presidente e Jonatas Moreth disputa o cargo de secretário-geral. Ao Conselho Federal, os candidatos são o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e o ex-advogado-geral da União Luís Inácio Adams.

“Queremos uma gestão participativa, plural, ética e transparente, que seja atuante e independente dos governos distrital e federal, com um olhar especial para a advocacia de base”, diz o documento assinado pelos apoiadores do movimento.

Renata Amaral é presidente da Associação de Advogadas pela Igualdade de Gênero, Raça e Etnia e sócia do escritório de advocacia Zveiter.

Ela vai disputar a cadeira com a advogada Thaís Riedel, além dos colegas Evandro Pertence, Guilherme Campelo e do atual presidente, Délio Lins e Silva Jr., que busca a reeleição. O pleito está marcado para novembro deste ano.

Veja aqui o manifesto na íntegra:

A advocacia é única. É a única profissão privada abordada no texto constitucional, descrita como “indispensável à administração da justiça”. Advogadas e advogados têm assento garantido na composição de tribunais e de outros espaços relevantes de poder. A OAB, por meio de seu Conselho Federal, é a única entidade da sociedade civil instada pela Constituição Federal a defender a ordem jurídica. Entendemos que o prestígio conferido por nossa Lei Maior não é uma regalia ou produto da casualidade. Ao contrário, materializa a enorme responsabilidade depositada nos ombros de advogadas e advogados para a defesa da Democracia, mandamento constitucional e função mais nobre da advocacia.

A esse dever não nos furtamos. Reivindicamos uma OAB que se posicione de forma inequívoca e intransigente em defesa da Ordem Democrática, que não se acovarde ou se omita. Quando tanques são colocados nas ruas para intimidar o Congresso Nacional e a tortura é defendida como método político, silenciar não é ser neutro. É ser conivente. A manutenção da Ordem Democrática é, para nós, inegociável. A nossa Ordem não é excludente, não se omite diante dos grandes desafios da História. A nossa Ordem é Democrática.

Entendemos que defender o papel da OAB na sociedade não diverge, em absoluto, da defesa das prerrogativas da advocacia. Ao contrário, essas funções se retroalimentam. A advocacia só conseguirá contribuir para a administração da justiça se as suas prerrogativas forem respeitadas. Ao mesmo tempo, só será relevante como categoria se exercer sua obrigação de defender a Democracia. Uma entidade que se apequene, que olhe apenas para si, jamais será valorizada pela sociedade. A defesa da classe deve, portanto, andar de mãos dadas com a defesa do Estado Democrático de Direito, dos direitos humanos e da justiça social, como pugna o artigo 44 de nosso Estatuto. Acreditamos em uma advocacia altiva, que não se deixe violar em suas prerrogativas nem silenciar em seus deveres constitucionais.

A advocacia tem papel central na construção de uma sociedade livre, justa e solidária, em que todas e todos possam viver com dignidade. A precarização das condições de trabalho das advogadas e advogados, assim como das demais trabalhadoras e trabalhadores, é sintomática de um modelo de gestão da sociedade que tem no lucro seu valor maior. Acreditamos, ao contrário disso, em uma sociedade e em uma OAB feitas por pessoas, não meros recursos a serem explorados, e assentadas em princípios democráticos e solidários. Defendemos ações concretas de apoio e valorização do exercício da advocacia, a fiscalização efetiva dos contratos e condições de trabalho das advogadas e advogados, de seus direitos trabalhistas, do respeito ao piso salarial. Defendemos, em especial, o apoio à viabilidade da advocacia estreante e da recém-retomada e a assistência a advogadas e advogados de baixa renda.

Acreditamos que uma OAB que seja de todas e todos só será possível se tiver como princípio a promoção do antirracismo, da equidade de gênero e classe, dentro e fora do sistema OAB. A compreensão do caráter estrutural que as desigualdades geram em nossa sociedade demanda um olhar atento ao papel que desempenha na violação de prerrogativas. Um advogado pobre e negro tem muito mais chances de ser desrespeitado pela polícia. Uma advogada, de ser assediada ou silenciada em uma sala de audiência. Essa compreensão demanda, ainda, a adoção de ações efetivas e transversais com vistas à garantia da diversidade e à abertura dos espaços institucionais ao protagonismo de grupos historicamente marginalizados.

Queremos a OAB de volta a você, e não nas mãos dos pequenos grupos de sobrenomes pomposos, carros importados e ternos de grife que historicamente se revezam no poder. Somos a advocacia iniciante que começa perdida, sem saber onde sentar em uma audiência, sem orientação, sem ninguém para segurar na mão. Somos a advogada mãe solo que não tem com quem deixar os filhos para realizar uma sustentação oral. Somos a advocacia de base, autônoma, que sentiu todo o impacto da pandemia e que, mesmo apaixonada pelo Direito, convive diuturnamente com a tentação de mudar de profissão e seguir por outro caminho que lhe garanta mais dignidade. Somos a advocacia jovem submetida à superexploração pelas grandes bancas. Nós somos você.

Queremos, para a OAB-DF, uma gestão participativa, plural, ética e transparente. Uma gestão atuante e independente dos governos distrital e federal, com um olhar especial para a advocacia de base.

Mais uma vez a História nos chama a defender os direitos humanos e nos demanda coragem. Resgatamos o simbolismo do Movimento “Ordem Democrática”, dos tempos sombrios da ditadura, em honra a todas aquelas advogadas e advogados que tiveram a coragem de empunhar suas vozes como armas na defesa do Estado Democrático de Direito. Mais uma vez, a História nos conclama à luta por um Direito que seja emancipador, e não apenas a cristalização dos privilégios de pequenos grupos.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?