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17º Cena Contemporânea leva 28 espetáculos a diversos espaços do DF

Festival começa nesta terça (23) e prossegue até 4 de setembro. Selecionamos 10 produções que merecem especial atenção dos aficionados em teatro

atualizado

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laio e crísipo
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Nas próximas duas semanas, brasilienses interessados em teatro têm agenda intensa. O 17º Festival Cena Contemporânea começa nesta terça (23/8) e traz oito espetáculos internacionais — da Argentina, Chile, Espanha, França, Polônia, Portugal e Uruguai –; 12 produções nacionais — da Bahia, Ceará, Goiás, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo — e oito peças do Distrito Federal.

Uma novidade que marca esta edição é a ampliação dos espaços ocupados pelo festival. Além do Plano Piloto, espetáculos chegam a Taguatinga, Gama, Ceilândia, Varjão, Estrutural. Extrapolam as salas convencionais e ganham praças, avenidas, monumentos e locais como a boate Star Night (SCS), o Flutuante Laguna (Orla da Ponte JK), o Galpão Marcsystem (Taguatinga) e até uma casa no Lago Norte.

Programação diversa e instigante
Por causa dos cortes de patrocínio, o ponto de encontro na área exterior do Museu Nacional — onde costumavam acontecer shows musicais — foi excluído desta edição. Mas, como se vê, manteve-se preservado o que realmente interessa em um festival de teatro.

A programação não é só extensa, como também diversa e instigante. Provocação, aliás, parece ter sido a palavra que conduziu a curadoria, mais uma vez a cargo de Alaôr Rosa. A ideia é “abrir espaço para discussões em torno de temas como a cultura do estupro, a liberdade sexual e o respeito às diferenças, oferecendo trabalhos que prometem instigar e propor novas leituras sobre a sexualidade”.

Confira no site do festival a programação completa. Mas, para quem não quer correr o risco de se perder entre tantos espetáculos e endereços, indicamos 10 produções que merecem um olhar atento dos espectadores. E prometem dar o que falar… e pensar.

La Wagner
Pablo Rotemberg (Argentina)
Espetáculo de abertura. Quatro mulheres nuas dançam ao som de fragmentos das principais óperas de Richard Wagner. O diretor, coreógrafo e músico Pablo Rotemberg pretende lançar, a partir daí, um olhar feminino e feminista sobre temas como violência, sexualidade e erotismo. Dá margem a leituras controversas.

O que disseram:
“Com o sarcasmo que o caracteriza, (Rotemberg) não teme seguir empurrando os limites do convencional, e consegue criar uma obra-prima, desliza pelas zonas mais obscuras do ser humano e o faz de maneira tão bela quanto horrorizante. Você nunca vai sair, depois de ver uma obra de Pablo Rotemberg, sem algo em que pensar, e esta não é exceção” (Greta Belen Ferreira, do site argentino Red Teatral)

Divulgação

A Floresta que Anda
Christiane Jatahy/Cia Vértice (RJ)
Em “Senhorita Julia” e “E se Elas Fossem Para Moscou?” — ambas encenadas em edições anteriores do Cena — Christiane Jatahy misturou as linguagens teatral e cinematográfica. Agora, ela vai mais fundo nesse experimento, em espetáculo livremente inspirado em “Macbeth”, de Shakespeare.

O que disseram:
“Christiane borra de vez as fronteiras não somente entre artes cênicas e audiovisuais, mas entre os atores e o público, e ainda entre ficção e realidade. De quebra, entrega uma poética reflexão a respeito da perversidade dos sistemas de poder, demonstrando toda a atualidade do clássico shakespeariano”. (Rafael Teixeira, na Veja Rio)

Divulgação

Caranguejo Overdrive
Aquela Companhia de Teatro (RJ)
Com texto de Pedro Kosovski e direção de Marco André Nuns, a peça conta a história da antiga região do mangue, no Centro do Rio de Janeiro, com sonoridade inspirada na estética do movimento manguebeat. A montagem coleciona prêmios como o Shell, APTR e Prêmio Questão. A Aquela apresenta no Cena outra peça que merece atenção, “Laio e Crísipo” (foto no alto da página).

O que disseram:
“A meu ver, o novo teatro político, que reconhece a impossibilidade de diagnósticos redutores e de soluções simplistas para os problemas do presente, encontra em ‘Caranguejo Overdrive’ um exemplar de rara suculência”. (Patrick Pessoa, no site Agora Crítica Teatral).

Otelo
Viajeinmóvil (Chile)
“Otelo”, de Shakespeare, é recriado a partir da manipulação de objetos, com um ator e uma atriz interpretando os personagens principais, e relacionando o texto clássico ao melodrama das telenovelas. Elogiadíssimo o trabalho de manipulação dos atores, sob direção de Jaime Lorca.

O que disseram:
“A grande força desta adaptação de ‘Otelo’ vem justamente da mobilidade dramatúrgica, técnica e inventiva que eles conseguiram levar à cena. Nada é engessado nessa viagem, nada fica imóvel, tudo se transforma, se adapta a outras linguagens, se espalha pelo palco e, ao mesmo tempo, consegue manter intacta a força destruidora do texto de Shakespeare” (Marco Vasques e Rubens da Cunha, na Revista Osíris).

Divulgação

Odiseo.com
Experiência Subterrânea (SC) e Celcit (Argentina)
A peça será encenada em uma casa do Lago Norte. Ali, três atores vivem mulher, marido e amante, só que eles contracenam pela internet. Um está aqui, o outro na Alemanha e a outra, na Argentina. A conversa ganha paralelo no clássico “Odisseia”, de Homero. Para espectadores que não temem novas experiências.

O que disseram:
“Neste caso, temos o texto seminal de Homero contado por uma deriva, a da espera e da tentativa de reorganização da vida à distância. Ulysses está em viagem e não há apenas a paciente e fiel Penélope à sua espera. Duas mulheres o aguardam, e eles se comunicam por Skype, WhatsApp e outras formas. Moderno, labiríntico e voyeurístico” (Isnard Azevedo, no Diário Catarinense)

Ligia Jardim/Divulgação

O Filho
Teatro da Vertigem (SP)
Uma das mais prestigiadas companhias paulistas, o Teatro da Vertigem vem para apresentações em um galpão em Taguatinga, tal o tamanho da estrutura cenográfica de “O Filho”. O espetáculo é inspirado em “Carta ao Pai”, escrita por Franz Kafka (1883-1924) ao seu pai e nunca enviada.

O que disseram:
“‘O Filho” traz traços de um texto mais independente, com ótimo resultado, aliás. A peça de Alexandre Dal Farra retoma, no grupo, discussões fundamentais da dramaturgia contemporânea, especialmente ao compreender e reelaborar novas percepções sobre o que são a memória e a passagem do tempo” .(Gustavo Fioratti, na Folha de S. Paulo).

DivulgaçãoNaufragé(s)
Teatro de Açúcar e Centro Dramático Nacional Francês La Comédie de Saint-Étienne.(França/Brasil)
O ator Gabriel F., do Teatro de Açúcar, encena o “monólogo” sobre artista que usa a ficção para melhorar sua própria biografia — para tanto, ele contrata um garoto de programa, que o acompanha durante todo o espetáculo. A montagem é uma coprodução do Cena Contemporânea com o centro de arte francês. Inédito, estreia no festival.

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BR-Trans
Coletivo Artístico As Travestidas (CE)
Silvero Pereira escreveu o texto e protagoniza “BR-Trans”, dirigido por Jezebel De Carli. Ele é cearense, mas construiu em Porto Alegre este espetáculo, a partir de conversas com travestis, transexuais e transformistas da capital gaúcha. O resultado causou sensação em apresentações que fez no eixo Rio-São Paulo e em festivais.

“Há três anos fazendo crítica de teatro no Rio de Janeiro, assistindo a produções de toda ordem, tamanho e origem nos mais diversos espaços da cidade, eu nunca tinha visto um espetáculo ser aplaudido tão longamente. O horror do preconceito sentido pelos transexuais, de que a peça fala, pode ser sentido em alguma medida por qualquer pessoa por causa de sua raça, religião, peso, formação escolar, origem, etc. ‘BR-Trans’, porque conecta as mais diversas pessoas, merece mesmo os longos aplausos. Tocante!” (Heloisa Tolipan, no site Heloisa Tolipan)

Noite
Circolando (Portugal)
Na programação deste ano, “Noite” é tida como a menina-dos-olhos da produção do Cena. Tem tudo para impressionar. Em cena, três atores-bailarinos — André Braga (também diretor), Paulo Mota e Ricardo Machado — dançam ao som de música tocada ao vivo por um DJ e trazem à tona o clima selvagem dos subterrâneos. Inspirado na obra do poeta português Al Berto.

O que disseram:
“Onde na peça anterior havia paus e pétalas, agora há pneus e uma chuva de confete. ‘Noite1, a nova criação da Circolando, é uma estrada escura por onde três bailarinos e um DJ se aventuram às vezes demasiado depressa, no limite de todas as forças, antes que chegue a manhã seguinte”. (Inês Nadais, no jornal português Público).

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Looping Bahia Overdub
Felipe de Assis, Leonardo França e Rita Aquino (BA)
Recomendadíssimo para quem está ligado no movimento Bahia Bass, no carnaval de Salvador, no trabalho do Baiana System e em tudo de bom e contemporâneo que a Bahia tem produzido. Inspirado nas festas populares da capital baiana, o trio elaborou um ensaio cenográfico e musical sobre os movimentos de tensão e distensão e sobre as contradições da cultura da Bahia.

O que disseram:
“Looping. Movimento contínuo. Movimento em processo e construção dos mecanismos para gerar ao fim o próprio reinício. Com esse mote, o espetáculo de Felipe Assis, Leonardo França e Rita Aquino provoca instantes de mobilização, imposição, voyeurismo e participação nos espectadores”. (Ruy Filho m,a Revista Antro Positivo).

17º Festival Cena Contemporânea
De 23/8 (terça) a 4/9 (domingo), em diversos espaços do Distrito Federal. Ingressos a R$ R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) para sessões em salas do Plano Piloto. Entrada franca para sessões nos teatros do Sesc em Taguatinga, Gama e Ceilândia, e para apresentações ao ar livre. Classificação indicativa varia de acordo com o espetáculo. Confira a programação completa no site do evento.

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