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Instituto Volpi quer processar Igrejinha por destruir obra do pintor

O presidente da instituição pede explicações à Arquidiocese de Brasília em nome “da memória do pintor”

atualizado

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Divulgação
volpi Igrejinha 308 Sul
1 de 1 volpi Igrejinha 308 Sul - Foto: Divulgação

Na década de 1960, ocorreu um dos maiores crimes contra a arte na capital brasileira. O afresco de Alfredo Volpi, pintado no interior da igrejinha Nossa Senhora de Fátima (308 Sul), foi raspado até o reboco por religiosos descontentes com o desenho. Em seguida, uma mão de tinta foi o suficiente para esconder o ato criminoso.

Mais de 50 anos depois, o presidente do Instituto Volpi, Pedro Mastrobuono, conseguiu recolher dados suficientes sobre o material para processar a Arquidiocese de Brasília. “Mesmo sabendo que os padres poderiam ter participado do ato, a Igreja não investigou e pediu apuração policial”, disse.

Instituto Volpi
Pintura “Santa Bárbara”, que irá a leilão por R$ 6 milhões

O afresco encomendado pela primeira-dama Sarah Kubitschek em 1958, retratava uma santa rodeada por bandeirolas coloridas – típicas de festas juninas. De acordo com Mastrobuono, a destruição da obra ocorreu por vários motivos: os símbolos eram considerados “profanos”; a divindade não possuía pés (fato considerado um ataque à religião);  e a figura não carregava o menino Jesus.

Memória
Ao catalogar todo o acervo do pintor, o Instituto Volpi encontrou a pintura “Santa Bárbara”, uma de suas últimas obras feitas na fase religiosa, que guarda muitas semelhanças com a que se encontrava na Igrejinha – a comparação é possível pelos poucos registros fotográficos feitos à época.

“Percebi que não podia deixar essa história morrer sem uma explicação. Faço isso pela memória de Volpi”, argumenta Mastrobuono. Ele pedirá explicações à Arquidiocese e pode acioná-la judicialmente caso não tenha respostas.

A pintura “Santa Bárbara” será levada a leilão por cerca de R$ 6 milhões. Outras peças, que incluem as “profanas” bandeiras de Volpi, chegam a custar R$ 12 milhões no mercado de arte brasileiro. Os valores realçam a perda do afresco, que hoje seria considerado um de seus principais trabalhos.

Daniel Ferreira/Metrópoles
A Igrejinha conta, atualmente, com o afresco do artista radicado na capital Francisco Galeno

Mudanças
Em 2009, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) autorizou que o artista radicado na capital Francisco Galeno pintasse um afresco no interior da Igrejinha, enterrando de vez qualquer possibilidade de que a pintura de Volpi voltasse a preencher as paredes do local.

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