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Porão do Rock faz neste sábado (5) edição enxuta e mais brasiliense

Festival traz bandas de origens semelhantes atravessando momentos distintos das carreiras – as colegas de geração Plebe Rude e Capital Inicial e Raimundos e Autoramas

atualizado

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Felipe Diniz/Alto Estúdio/Divulgação
autoramas
1 de 1 autoramas - Foto: Felipe Diniz/Alto Estúdio/Divulgação

Bolado com a ideia de celebrar a música independente brasiliense, o festival Porão do Rock reencontra este ano a sua vocação candanga. Num momento de crise no cenário institucional e cultural do Distrito Federal, o evento corta gastos, enxuga produção e se dedica exclusivamente a nomes da capital.

Marcado para este sábado (5/12), no estacionamento do Estádio Mané Garrincha, o festival traz atrações de diferentes gerações e extrações da cena local. Desde calouros como Almirante Shiva, Nenhuma Ilha e Alarmes até veteranos da pesada, como Filhos de Menguele, DFC e Galinha Preta. Passando, vale notar, por um par de personagens quentes desta temporada popster: Dona Cislene e Scalene.

Diferentes rumos
Até Os Paralamas do Sucesso, banda símbolo do rock de bermudas carioca, têm uma conhecida relação e afinidades mil com o Planalto Central, especificamente com a mitológica Turma da Colina. Estranha a este ninho rocker, apenas a banda metaleira paulistana Angra. Mas mesmo esses roqueiros forasteiros contam com um instrumentista brasiliense na sua atual formação: o guitar heroe Marcelo Barbosa, que já passou por Khallice e Almah.

Nesta edição tão ostensivamente bairrista, quatro bandas em especial chamam a atenção. Elas emprestam uma curiosa dinâmica para o roteiro de concertos. Colegas de geração, Plebe Rude e Capital Inicial, Raimundos e Autoramas, sobem aos palcos do Porão do Rock em momentos bem distintos de suas respectivas trajetórias. Dessemelhanças que são reforçadas pelas origens em comum. Dessemelhanças que ilustram, de uma maneira quase didática de tão evidente, os vários rumos (comerciais, estéticos e emocionais) que as bandas de rock podem tomar ao longo da carreira…

Capital Inicial em NOva York: Dinho Ouro Preto, Yves Passarell, Fê e Flávio Lemos *Rafael Kent/Divulgação*
Capital Inicial em Nova York: Dinho Ouro-Preto, Yves Passarell, Fê e Flávio Lemos *Rafael Kent/Divulgação*

 

A vida além da Colina
Ouvindo hoje em dia, parece incrível que Capital Inicial e Plebe Rude tenham tido a mesma origem na vida. Duas protagonistas da geração anos 1980 do rock brasiliense, a chamada Turma da Colina, ambas as bandas já gravitaram em torno do seminal Aborto Elétrico de Renato Russo. Os irmãos Fê e Flávio Lemos montaram o Capital ao lado de Dinho Ouro-Preto assim que o Aborto acabou. Renascendo na cena pop brasileira com um especial acústico para a emissora MTV, no ano de 2000, o Capital desde então apresenta-se com a mesma desenvoltura, seja no Porão do Rock, seja na Festa do Peão de Barretos.

Uma versatilidade que vem merecendo de Philippe Seabra severas críticas. Líder da Plebe Rude desde a primeira hora, Seabra retomou o quarteto no final da década de 1990, mais ou menos na mesma época em que o Capital esquecia as desavenças internas para promover sua segunda escalada nacional. Mas, ao contrário dos amigos, Seabra sempre reiterou sua genética punk rocker. Por exemplo, ao romper relações com o antigo parceiro Jander Bilaphra, o Ameba, ele chamou para a Plebe uma figura emblemática da cena roqueira de São Paulo: Clemente Nascimento, dos Inocentes.

Gravado com Clemente, o mais recente álbum da Plebe Rude, “Nação Daltônica” (2014), tem na música “Anos de Luta” uma censura de Philippe Seabra às bandas que se servem do rock como mero entretenimento. Por sua vez, o Capital Inicial acaba de lançar um (outro) disco acústico, desta feita gravado na cidade de Nova York, com participações de Lenine e Seu Jorge.

Raimundos: Digão, Marquim, Caio e Canisso *Patrick Grosner/Divulgação*
Raimundos: Digão, Marquim, Caio e Canisso *Patrick Grosner/Divulgação*

 

Filhos da Banguela
Tão marcante quanto a Geração Coca-Cola dos anos 1980, aqui em Brasília, a Geração Baré Cola dos anos 1990 tinha nos Raimundos e no Little Quail duas de suas forças-motrizes. Ambas as bandas gravaram e lançaram seus primeiros discos pela hoje mítica Banguela, mas em seguida cumpriram trajetórias opostas. Enquanto os Raimundos estouravam nacionalmente, o Little Quail implodia.

No entanto, “Lavô Tá Novo” (1995), o segundo disco do quarteto então liderado por Rodolfo Abrantes, traria na faixa “I Saw You Saying” uma bela e gaiata colaboração entre Rodolfo e Gabriel Thomaz, frontman do Little Quail. O encontro dos dois mais afiados compositores e letristas dessa geração se tornou um hit nas FMs e, exatas duas décadas mais tarde, periga entrar tanto no repertório dos Raimundos quanto no repertório dos Autoramas para este Porão do Rock-2015.

Crescimento lento e progressivo
Afinal, os Autoramas são o conjunto que Gabriel Thomaz criou em 1997, no Rio de Janeiro, após o fim do LIttle Quail. Crescendo lenta e progressivamente, de disco em disco, de show em show, eles se estabeleceram como uma das raras bandas profissionais do minguante cenário brasileiro de rock alternativo. E desde fevereiro Gabriel conta com uma linha (foto no alto da página) de primeira: Érika Martins (ex-Penélope), Melvin (ex-Carbona) e… Fred Castro (ex-Raimundos).

Por alguns anos, Fred tinha continuado a segurar as baquetas dos Raimundos mesmo após a ruidosa — e nunca serenada — saída de Rodolfo, em 2001, no auge do sucesso comercial da banda. Digão, o guitarrista, assumiu os vocais e hoje em dia tem a companhia de apenas um outro integrante da formação original, o baixista Canisso. Em fevereiro de 2014, eles lançaram “Cantigas de Roda”, o primeiro álbum de material inédito dos Raimundos em 10 anos. E assim Digão e Canisso buscam não apenas se reinserir no cenário roqueiro nacional, diante de uma nova geração de ouvintes, como retomar o protagonismo de suas próprias trajetórias artísticas.

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