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CCBB recebe exposição sobre Mondrian e o Movimento De Stijl

No dia em que comemora 56 anos de existência, Brasília recebe retrospectiva do pintor holandês, famoso por suas grades coloridas, e do grupo de vanguarda do qual participou

atualizado

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Gemeentemuseum/Divulgação
recorte neoplastica
1 de 1 recorte neoplastica - Foto: Gemeentemuseum/Divulgação

Abril tem sido um mês animador para os apreciadores das artes plásticas. No dia 12, a Caixa Cultural deu início à mostra “Frida Kahlo: Conexões Entre Mulheres Surrealistas no México”, que traz 130 obras da artista mexicanas e de outras mulheres que, de alguma forma, foram influenciadas pelo seu trabalho.

Nove dias depois, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) abre ao público a exposição “Mondrian e o Movimento De Stijl”. A partir desta quinta-feira (21/4), poderão ser vistas 100 obras que marcaram a vanguarda artística europeia – 30 delas pertencem ao pintor holandês, conhecidos pelas telas em grade, feitas de quadrados e retângulos coloridos.

Juntas, a mostra de Frida Kahlo e de Mondrian representam a volta da capital ao circuito de grandes mostras internacionais. Em 2015, Brasília viu o cenário cultural minguar pela alta do dólar e por causa de uma série de dificuldades administrativas. Agora, o entrave parece ter ficado no passado.

A exposição de Mondrian conta com um acervo que vem, em sua maioria, do Museu Municipal de Haia, na Holanda, principal instituição a resguardar obras do movimento De Stijl. Quadros, revistas, esculturas e peças de mobiliário são apresentadas de forma a apresentar uma completa retrospectiva do grupo holandês e seu principal artista.

Um dos mais representativos movimentos da vanguarda europeia, o De Stijl (“O Estilo”, em holandês) tinha como objetivo criar uma arte que pudesse ser integrada com a vida social e política da sociedade à época. “Para Mondrian e outros artistas do movimento, a arte deveria estar presente em todos os elementos do cotidiano. Só assim ela poderia mudar o mundo”, explica Pieter Tjabbes, curador da exposição.

Hélio Montferre/Divulgação
Um dos ambientes da mostra no CCBB Brasília


Antes das famosas grades

O acervo da mostra está dividido em diversos espaços do CCBB. No térreo da Galeria I, o visitante poderá conhecer os quadros do holandês Piet Mondrian pintados antes de chegar até as famosas grades. Estão lá paisagens e representações humanas claramente influenciadas por outros movimentos europeus, como Impressionismo e Cubismo.

No subsolo da Galeria I está o ponto alto da mostra. Lá se encontram algumas obras abstratas de Mondrian, fotos do pintor em seu estúdio, e, enfim, três quadros pintados em formas geométricas e cores primárias. Em seguida, diversas pinturas criadas por artistas que se inspiraram nas grades do mestre holandês.

Já a Galeria II visa inserir o visitante no universo de Mondrian e uma bela demonstração de como a arte de seus quadros foi disseminada pelo design e pela arquitetura à época. Além do “manifesto” publicado na revista De Stijl – o nome do movimento vem daí –, em que explica os conceitos formadores do estilo artístico, há maquetes de casas, cadeiras, luminárias, fotos e desenhos de projetos de ambientes e uma série capas de revistas criadas e influenciadas pelo grupo.

O destaque fica para a cadeira de Gerrit Rietveld e pela ambientação de um quarto pensado por Vilmos Huszar e Piet Klaarhamer – todos inspirados na grade colorida de Mondrian. Para facilitar o passeio, Metrópoles criou um guia virtual que pode ser verificado durante a visita à exposição.

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Artista das formas geométricas
O pintor holandês Piet Mondrian representa o auge do Movimento De Stijl. Foi dele que saiu a ideia de simplificar tudo do que pode ser encontrado na natureza até que se reste o essencial. “Ele levou a arte até o limite. Para ele, tudo que era natural deveria ser negado. Por isso, usa cores primárias e linhas horizontais e verticais”, conta Tjabbes.

A teoria de arte do pintor levou o nome de “neoplasticismo”. De acordo com seu pensamento, o objetivo final de todo o artista deveria ser criar uma arte tão harmoniosa com os princípios universais que seria possível aplicá-la em todos os aspectos da vida, trazendo uma forte conexão entre o indivíduo e a sociedade.

No futuro, a materialização concreta dos valores pictóricos suplantará a arte. Então, já não precisaremos de quadros, pois viveremos no meio da arte realizada

Piet Mondrian, em seus escritos

Coleção RKDMondrian no seu estúdio em Paris (1933)

 

Busca pela pureza
Em 1917, artistas holandeses se reuniram em Amsterdã para formar um dos movimentos mais puros da vanguarda europeia. Seu manifesto, lançado na revista De Stijl, serviu de modelo para a busca por uma perfeita harmonia entre a arte, o homem e a sociedade.

Mais do que um movimento artístico, tratava-se de uma filosofia de vida. “Eles queriam criar uma arte que fosse além da natureza e levar o resultado dessa pesquisa para o mundo”, explica Elyeser Szturm, professor de História da Arte Moderna pela Universidade de Brasília (UnB).

Por isso, integrantes do movimento saíram das artes plásticas para atuar também no design e na arquitetura. Theo Van Doesburg era diretor da revista De Stijl e apostava em tipografias baseadas no estilo. O arquiteto Jacobus Oud se baseou nas grades coloridas de Mondrian para projetar residências. Já Gerrit Rietveld e Piet Klaarhamer projetavam móveis nessa mesma linha.

Apesar da efervescência criativa de seus integrantes, o movimento teve seu fim em 1928, com a retirada da revista De Stijl de circulação. “Nenhum dos participantes do grupo acreditava completamente na mesma coisa e, portanto, todos seguiram caminhos diferentes. Mas os conceitos elaborados nesse tempo ainda estão vivos hoje”, explica o curador Pieter Tjabbes.

De fato, é possível encontrar elementos do De Stijl até mesmo na moda, como mostram as coleções de Sarah Schofield e Yves Saint Laurent. “Inclusive, os ideais de Niemeyer e Lúcio Costa vão em encontro à estética De Stijl. Mondrian e Brasília são modernistas”, afirma o professor da UnB.

Vitrais da modernidade
O Pavilhão de Vidro do CCBB ganhou cores nessa exposição. O revestimento nos 530m² da estrutura se assemelha em muito aos quadrados coloridos pintados por Mondrian. À noite, o efeito é ainda mais belo: com a luz que se projeta da área interna, as paredes envidraçadas se transformam em imensos vitrais.

De acordo com Tjabbes, o objetivo da estrutura é fazer com que os visitantes compreendam a importância da incidência de luz nas composições do pintor holandês. “Queremos provocar a sensação que sentimos ao entrar em grandes catedrais medievais com vitrais coloridos, mas em um contexto moderno, com as cores do movimento De Sitjl”.

Hélio Montferre/Divulgação
Pavilhão de Vidro ganha as cores e os quadrados semelhantes aos criados por Mondrian

 

Festa do Rei
Além da exposição, o CCBB comemorará a Festa do Rei no dia 29. O evento é inspirado na data em que se celebra a existência da monarquia na Holanda, modelo político ainda vigente no país europeu. Haverá food trucks, exibição de filmes holandeses e a participação de DJs.

Vão tocar DJ Nagô, idealizador do projeto Urukombi, e o VJ Suave e seu Suaveciclo, equipamento adaptado a uma bicicleta que vai projetar nas paredes do CCBB grafites feitos pelo mundo. Além disso, o curador da mostra, Pieter Tjabbes, comandará visitas guiadas nas galerias onde estão as obras da mostra.

A festa se inicia às 21h e os ingressos custam R$ 10. Professores, estudantes, idosos ou doadores de 1 quilo de alimento não perecível podem pagar a metade do valor. As entradas poderão ser compradas na bilheteria do CCBB ou pelo site Up Ingressos.

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