Crimes sexuais de famosos são expostos no Twitter: veja as consequências
Nomes de celebridades nacionais e internacionais estão nos holofotes por acusações de estupros, assédio e pedofilia em perfis anônimos
atualizado
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Nas últimas semanas, o Twitter fugiu do conceito de entretenimento e tornou-se um local de exposição de agressões físicas, sexuais, assédios e até suspeitas de pedofilia, os mais conhecidos “exposed”. Desde exposições de casos em cidades, como Marília, em São Paulo, até nomes de grandes celebridades, como PC Siqueira, Japinha e Justin Bieber, a rede social virou meio para denúncias expondo grandes nomes do entretenimento.
No Brasil, o primeiro caso foi de Japinha, agora afastado da CPM 22. O perfil Exposed Emo, criado para divulgar este tipo de conteúdo, acusou o baterista de assediar uma adolescente de 16 anos. Logo em seguida, PC Siqueira o canal reproduziu um vídeo atribuído a PC Siqueira, no qual o youtuber teria compartilhado fotos de uma criança nua.
As acusações não param em celebridades brasileiras. O ator Ansel Elgort, conhecido pelo papel de Gus, no filme A Culpa é das Estrelas, foi acusado por uma usuária identificada como Gabby de abuso sexual – a vítima relata que o caso teria ocorrido quando ela tinha 17 anos e ele, 20. Já outras duas mulheres, em duas ocasiões diferentes, uma em 2014, outra em 2015, afirmam terem sofrido estupro por parte de Justin Bieber.
Por fim, os atores Cole Sprouse e Lili Heinhart, intérpretes de Jughead e Betty na série Riverdale, foram acusados por uma conta no Twitter de agressão sexual. Além deles, outros atores do elenco da série como KJ Apa (Archie) e Vanessa Morgan (Toni) também foram denunciados por perfis na rede social.
PC Siqueira está sendo investigado pela polícia, mas alega inocência. Japinha foi afastado do CPM22 e também desmente tentativa de abuso. Ansel Angort confirmou a relação com a jovem, mas negou o estupro. Justin Bieber chamou as acusações de mentiras e exibiu comprovantes desmentiriam sua presença nos locais dos crimes. Os atores de Riverdale seguiram na mesma linha.
Anonimato
O anonimato nas denúncias garante a rápida repercussão, mas não a credibilidade. Ao Metrópoles, Fernando Parente, advogado criminalista e sócio do Guimarães Parente Advogados, lembrou que a Constituição brasileira autoriza a liberdade de expressão mas veda o anonimato e, por isso, as acusações asem autor em redes sociais não valem como provas no ponto de vista jurídico.
O advogado ainda comentou que as acusações se incluem na Lei 12.737/2012, mais conhecida como Lei do Crime Cibernético. “A partir do momento que eu dou enter na postagem e ela foi feita, o delito já está cometido, ainda que eu apague depois. Basta que eu tenha aberto a boca e isso tenha chegado até alguém”, explicou o advogado.
“Uma perícia muito simples descobre quem está por trás do perfil, é muito raro a pessoa que está por trás conseguir se esconder. Caso a acusação seja falsa, gera indenização por honra, e, no caso da pessoa pública, a indenização é maior ainda pela popularidade e status”, finalizou Parente.
Já o advogado criminalista David Metzker, sócio da Metzker Advocacia, lembrou que a denúncia anônima não é usada como prova mas abre espaço para que outras evidências sejam encontradas: ” Denúncias de crimes geralmente vem de forma anônima. O que acontece é que, se isso chegar às autoridades, elas poderão iniciar a investigação para verificar a veracidade”.
“A denúncia anônima simplesmente vai dar início a investigação, se existem outras provas. Agora, a denúncia apenas não enseja em um processo penal ou até mesmo uma condenação”, ponderou Metzker.
Pressão da sociedade
Por se tratar de nomes famosos e conhecidos do público, as denúncias anônimas, sendo elas verdadeiras ou não, tomam proporções maiores. A pressão da sociedade reunida com a sede de resposta faz com que a investigação corra de forma mais rápida. O advogado David Metzker comentou que essa busca por respostas pode causar sérios prejuízos.
“Quando sai na mídia acaba entrando no caso do ‘preciso dar uma resposta para a sociedade’. A sentença não pode ser uma resposta para a sociedade, ela tem o intuito de aplicar uma sanção penal”, concluiu Metzker.