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Crítica: “Little Girl Blue” investiga a alma da roqueira Janis Joplin

Convencional, mas simples e direto, documentário sobre cantora Janis Joplin, morta aos 27 anos, em 1970, é um relicário de surpresas para os fãs de cinema e música

atualizado

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Zeta Filmes/Divulgação
Janis: Little Girl Blue
1 de 1 Janis: Little Girl Blue - Foto: Zeta Filmes/Divulgação

San Francisco. Começo dos anos 1960. Uma jovem branquela desgrenhada esbarra com um sujeito magrelo, violão a tiracolo e sentencia:

– Vou ser famosa um dia, cara. – diz ela.
– Sim. Todos nós seremos. – responde o rapaz com a calma dos profetas.
Era uma desconhecida Janis Joplin numa rápida conversa com o ídolo Bob Dylan, então nos primeiros anos de sua carreira. Mas naquele tempo, quem não era fã do bardo folk?

Mágico. O episódio é só uma das várias histórias do sensacional documentário “Janis: Little Girl Blue”, sobre a trajetória da rainha do blues de alma atormentada e carreira meteórica. Foram apenas três anos de sucesso e três discos marcantes gravados — o último dele, “Pearl”, produzido por Paul Rothchild (também produtor dos The Doors), lançado três meses após sua morte, em 4 de outubro de 1970.

“Eu canto porque consigo expressar vários sentimentos”, ecoa a voz da diva do rock logo nos primeiros minutos do filme dirigido por Amy J. Berg. “Tudo o que fiz foi ser selvagem”, entrega uma Janis Joplin sincera e despojada.

Documentário capta a essência da natureza frágil da artista
Convencional, mas direto e rústico em sua simplicidade de ser, o documentário é um relicário de preciosidades do começo ao fim. Brinda o espectador e fãs da jovem roqueira morta aos 27 anos com preciosas imagens de arquivos de família, como álbuns de fotografia e filmes em 16mm.

Somam-se à narrativa entrevistas, cenas antológicas das apresentações explosivas e viscerais da artista, bastidores de turnês e algumas deliciosas surpresas, como o making of da gravação do blue sentimental “Summertime”.

O grande mérito de Amy Berg foi o de captar a essência da natureza perturbada e frágil de Janis Joplin, mesclando suas canções cheias de sentimentos, com depoimentos de familiares, amigos de escola, ex-namorados e colegas de trabalho com trechos confessionais de cartas deixadas pela artista.

Timidez e baixa autoestima
Uma menina tímida e com autoestima baixa, desde criança Janis era complexada com sua aparência – se achava feia e gorda – e sofria bullying na escola. Na adolescência, radicalizou no visual lembrando uma beatnik desajeitada e descolada.

“Ela gostava de causar problemas”, comentou uma irmã. Depois de fazer parte e ser expulsa do coral da igreja, só voltaria a cantar aos 17 anos, quando descobriu que sua voz rascante, emocional e cheia de sentimento, era perfeita para o blue, o canto do lamento.

“Não dava para acreditar que era uma cantora branca que estava ali”, diz um dos entrevistados da fita.

Algumas passagens de “Little Girl Blue” são antológicas, como o registro de uma Mama Cass (uma das vocalistas do The Mamas and The Papas) hipnotizada com a performance de Janis Joplin e sua banda no Festival de Monterey e as lembranças da passagem da cantora pelo Brasil. “Eu era uma velha beatnik na estrada”, brinca em entrevista a Dick Cavett.

Avaliação: Muito bom

Veja horários e salas de “Janis – Little Girl Blue”.

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