metropoles.com

Crítica: Convenção das Bruxas se atualiza com Anne Hathaway e debate racial

O longa é uma nova versão do filme clássico lançado no anos 1990

atualizado

Compartilhar notícia

Divulgação
Convenção das Bruxas
1 de 1 Convenção das Bruxas - Foto: Divulgação

É um erro analisar um filme infantil pelos olhos de um adulto. Se esse “crescido” for, então, um saudosista a assistir um remake, a tendência de torcer o nariz é quase incontrolável. Mesmo com todos essas considerações, o novo Convenção das Bruxas, estrelado por Anne Hathaway e Octavia Spencer, deixa a sensação de que faltou algo para ser tão grandioso quanto seu sucessor do anos 1990.

Se o primeiro longa moldou boa parte do imaginário de sua geração, o filme atual soa como mais um produto passageiro no cinema – mesmo em um ano de pandemia e com sérios desfalques. Não é um filme ruim, mas escorrega tanto, que não fica bom.

O diretor Robert Zemeckis (De Volta para o Futuro, Forrest Gump e Uma Cilada para Roger Rabbit), em coprodução de Alfonso Cuarón e Guillermo del Toro, leva a trama – inspirada no livro de As Bruxas, de Roald Dahl (1983) – ao Alabama, no Sul dos Estados Unidos, em 1968. No auge da segregação racial: não à toa a avó (Spencer) e o neto (Jahzir Bruno) são negros.

0

A questão racial é a principal mudança em relação ao original: o que fica claro em subtextos e contextos apresentados em Convenção das Bruxas. A bem-vinda atualização, no entanto, carece de força para impulsionar a história em um novo universo. A avó, por exemplo, é categórica em afirmar que as bruxas, cruéis por natureza, escolhem crianças pobres e abandonadas para fazer suas maldades – colocando o preconceito dentro do jogo.

No entanto, minutos depois, é Bruno, um jovem, branco, rico e europeu, que é transformado em um rato. Fazendo este subtexto – atual e importante – cair completamente. As falhas de roteiro, mesmo que não se espere tramas rocambolescas à la Nolan em um longa infantil, comprometem a produção. Sem maiores spoilers…. mas por que a alergia das bruxas por alho é tão enfatizada? Se, no fim, essa informação de nada serve.

Se Zemeckis e sua estralada trupe falham no roteiro e na (re)construção da conhecida história, acertam em cheio no uso da tecnologia. A Grande Rainha Bruxa (Anne Hathaway) ganha muito com seus braços que esticam, raios, narinas gigantes e uma boca que vira um sorriso mezzo Coringa mezzo Venon. A atriz, por sinal, escolhe o caminho correto de dar um tom de comédia cartunesca à personagem – correndo para o lado oposto da impositiva atuação de Anjelica Houston, no mesmo papel, há 30 anos.

O bom uso da tecnologia favorece, igualmente, os ratinhos (sejam os bons ou os maus). Em sequências com ar de Stuart Little, eles se aventuram pelo hotel, conversam com os humanos e tiram sacadas espirituosas: como quando Bruno se recusar a falar com pais, já como uma roedor, por estar de boca cheia.

Convenção das Bruxas entrega um filme divertido para os novos fãs – crianças e pré-adolescentes que cresceram com a estética visual do efeitos de CGI – e desperta alguma lembrança saudosista nos mais crescidos. Mas, nessa mistura de referências e novidades, não entrega um filme coeso e consistente.

Avaliação: Regular

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comEntretenimento

Você quer ficar por dentro das notícias de entretenimento mais importantes e receber notificações em tempo real?