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Cinema perde Milos Forman, um diretor de olhar crítico e implacável

O cineasta tcheco morreu aos 86 anos nessa sexta-feira (13/4)

atualizado

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Ernesto Ruscio/Getty Images
The 4th International Rome Film Festival: Official Awards Ceremony
1 de 1 The 4th International Rome Film Festival: Official Awards Ceremony - Foto: Ernesto Ruscio/Getty Images

Paulo Francis, que não subestimava a importância dos filmes de Martin Ritt, dizia que o maior ataque de Hollywood ao racismo era obras de um cineasta tcheco radicado nos EUA – Na Época do Ragtime. No começo dos anos 1980, Milos Forman não apenas vencera o Oscar, como fizera história como o segundo diretor a vencer o Big Five, as cinco principais categorias. Melhor filme, direção, roteiro, ator e atriz. O primeiro, nos anos 1930, foi Frank Capra, por Aconteceu Naquela Noite. Na sequência, Forman, em 1975, por Um Estranho no Ninho. E depois só mais um, o Jonathan Demme, de O Silêncio dos Inocentes.

Jan Tomasz Forman, que se tornou conhecido como Milos Forman, nasceu em 18 de fevereiro de 1932. Morreu na madrugada dessa sexta (13/4), em Connecticutt. Tinha 86 anos. Há mais de 30 recebera o segundo Oscar, por Amadeus. Perguntaram-lhe certa vez o que mais gostava na vida? Além de dirigir filmes, lecionar cinema. Por décadas foi catedrático na Universidade Columbia. Nos anos 1960, integrou a chamada nouvelle vague checa, com filmes como Os Amores de Uma Loira, O Baile dos Bombeiros e Pedro, o Negro.

Havia um encanto do especial nesses filmes libertários sobre pequenas vidas. A loira, o bombeiro tornaram-se representativos de uma época. A Primavera de Praga, um sonho de socialismo democrático que terminou quando, em plena Guerra Fria, os russos invadiram com seus tanques a República Checa. Veio a repressão. Forman estava em Paris. Asilou-se nos EUA, Virou cidadão norte-americano (em 1977). Surge outro Forman nos EUA, um cineasta muito maior. Seus filmes expressam o ar do tempo. Drogas, contestação. Racismo, Guerra do Vietnã, as instituições. É todo um mundo que Forman coloca em xeque.

Busca Insaciável, Hair, Um Estranho no Ninho, Ragtime, Amadeus, Valmont, O Povo Contra Larry Flynt, O Mundo de Andy. Larry Flynt é sobre o lendário dono da revista Hustler e seus sucessivos processos por pornografia. Andy é sobre o comediante Andy Kaufman, O Homem na Lua – título original. Kaufman foi um crítico implacável do que considerava a hipocrisia e o puritanismo da ‘América’. Aclamado, reverenciado, Forman foi uma alma atormentada. Tinha a ver com sua origem, claro.

O pai desafiou o nazismo e morreu num campo de extermínio. Ele cresceu sentindo-se abandonado e só quando os campos foram abertos e a verdade, revelada, Forman percebeu o que havia ocorrido com sua família, com ele. Filmava o horror sonhando com algo melhor. ‘When the moon is in the 7th dawn…’ A era de Aquarius, Hair. Forman tinha alma de roqueiro. Até o seu Mozart era para roqueiros. Ragtime era a súmula da luta. O pianista Coalhouse Walker Jr., Howard Rollins Jr., em guerra contra a sociedade dos brancos. Passaram-se quase 40 anos e nenhum filme é mais forte que esse.

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