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Cinco pontos do laudo pericial reforçam: racha provocou tragédia na L4

O resultado da perícia terá papel importante para o indiciamento dos responsáveis pelo acidente que matou mãe e filho em abril na Asa Sul

atualizado

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Corpo de Bombeiros/Divulgação
acidente racha l4 sul
1 de 1 acidente racha l4 sul - Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

O laudo feito pelo Instituto de Criminalística (IC) do Distrito Federal sobre o acidente que matou mãe e filho na L4 Sul, em 30 de abril, será fundamental para que o caso não fique impune. O documento, ao qual o Metrópoles teve acesso em primeira mão, ajudará os investigadores da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) a concluir o inquérito com o indiciamento dos envolvidos. Entregues à Polícia Civil nesta semana, as 50 páginas do laudo revelam detalhes da tragédia.

A partir das informações contidas no parecer técnico do IC, além dos depoimentos colhidos pelos investigadores, o delegado que conduz a apuração do caso poderá responsabilizar os causadores da colisão por crime de trânsito culposo (quando não há intenção de matar) ou doloso (quando há intenção ou se assume o risco de provocar o homicídio).

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O acidente ocorreu por volta das 19h30 de 30 de abril, quando o carro do advogado Eraldo Pereira atingiu o veículo onde estavam as vítimas. O Fiesta da família saiu da pista e bateu em uma árvore. Ricardo Clemente Cayres, 46 anos, e a mãe, Cleuza Maria Cayres, 69 anos, morreram na hora.A suspeita é de que Pereira estivesse participando de um racha com outros dois carros – uma Range Rover Evoque, dirigida pelo sargento do Corpo de Bombeiros Noé Albuquerque Oliveira, e um Chevrolet Cruze, conduzido por Fabiana Albuquerque de Oliveira, irmã de Noé.

Confira cinco pontos que reforçam a possibilidade de que o acidente fatal tenha sido o resultado de um racha:

1. O laudo revela que o Jetta dirigido pelo advogado Eraldo Pereira atingiu o carro das vítimas a 110km/h. A velocidade permitida na via é de 80km/h, ou seja, Pereira estava 37,5% acima do limite autorizado na pista. Enquanto isso, o Fiesta da família seguia a 60km/h.

2. O Jetta ocupava parcialmente as faixas central e esquerda da pista no momento em que bateu no carro das vítimas. Ou seja, o resultado pericial indica que o veículo, em alta velocidade, cruzava as pistas: ele estaria ziguezagueando.

3. A pista estava seca, sem quaisquer irregularidades, deformações ou obstáculos que impedissem ou dificultassem o tráfego dos veículos. O laudo indica que a visibilidade do local era ampla, proporcionada por iluminação pública normal. As informações ressaltam que as condições das pistas não ocasionariam o acidente.

4. Os freios do Jetta e do Cruze funcionavam adequadamente no momento do acidente. Os peritos também descartaram qualquer problema nas condições dos pneus que pudesse interferir no tráfego dos carros.

5. Testemunhas confirmaram que a Range Rover Evoque, conduzida pelo sargento dos Bombeiros Noé Albuquerque Oliveira, e o Volkswagen Jetta, cujo motorista era Eraldo José, teriam passado pela L4 em altíssima velocidade. Para quem viu a cena, os condutores disputavam um racha.

Cautela
Professor de engenharia de tráfego da Universidade de Brasília (UnB), Paulo Cesar Marques ressalta que não é possível ser conclusivo sobre o que ocorreu naquele dia, mas afirma que as evidências indicam um racha. “Não faz sentido imaginar que alguém vai trafegar a 110km/h na cidade. Além do mais, os relatos das testemunhas falam que não era só um carro que estava em alta velocidade. As evidências são muito fortes”, diz.

O especialista reforça que o fato de o laudo mostrar que o motorista bateu a 110km/h não indica que ele estaria em uma velocidade ainda maior. “Ele não fez esforço para reduzir a velocidade porque é possível que tenha acreditado que dava para fazer as manobras a 110. Mesmo que não tivesse batido em cheio no carro das vítimas, a diferença de velocidade entre os dois veículos era suficiente para a morte”, resume Marques.

Já o jurista Tales Castelo Branco recomenda cautela. Segundo ele, o laudo é uma prova importante, mas não totalmente conclusiva. “Ele traz contribuições técnicas e tem um valor grande, mas não é definitivo ou totalmente conclusivo. Mais importante do que ele é a prova testemunhal”, explica.

Castelo Branco diz que a velocidade detectada no laudo é um fator importante, mas é preciso fazer uma avaliação criteriosa. “Um jurista italiano dizia que não se deve conceder ao perito a toga do juiz. Ou seja, para se detectar que teve um racha, é preciso juntar todas as provas e fazer uma apreciação muito criteriosa das circunstâncias”, completa.

Os advogados da família da vítima e de Eraldo Pereira foram procurados, mas não haviam retornado aos contatos até a publicação desta matéria.

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