Hospitais cobram dívida do GDF e reclamam de privilégio a Sírio-Libanês
Instituições locais contestam a possibilidade de o Executivo ceder terreno para o Sírio-Libanês enquanto não quita débitos com unidades do setor privado
atualizado
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Em carta aberta enviada nesta terça-feira (27/10) ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e ao procurador-geral do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Leonardo Bessa, o Sindicato Brasiliense de Hospitais, Casas de Saúde e Clínicas (SBH) questiona a intenção de o Executivo local ceder um terreno para a instalação do Sírio-Libanês em Brasília. A entidade reclama da negociação em um momento no qual o Governo do DF alega não ter recursos em caixa para pagar uma dívida de R$ 180 milhões com as unidades médicas particulares brasilienses.
“O GDF poderia licitar esse terreno por pelo menos R$ 400 milhões. O valor equivale aos 32 lotes que o governador quer vender para pagar o salário de servidores. Ainda daria para pagar o que deve aos nossos filiados”, diz Danielle Feitosa, superintendente da SBH. Segundo ela, a dívida do governo com os hospitais se acumula desde 2010, referente a convênios para o atendimento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e de policiais militares, internações em unidades de terapia intensiva (UTIs) e serviços de radioterapia.
Respeitamos a chegada de um grupo importante como esse à cidade, mas nenhum dos hospitais daqui ganhou um terreno nessas condições. Estamos sob ameaça de quebrarmos e mandarmos nossos trabalhadores embora
Danielle Feitosa, representante dos hospitais
Segundo ela, as unidades do DF oferecem 2,8 mil leitos de internação, empregam mais de 15 mil funcionários diretos e outros 50 mil indiretos e, no ano passado, realizaram 2,7 milhões de atendimentos, desde os mais simples aos mais complexos, como cirurgias robóticas e tratamentos contra câncer. Danielle lembra, ainda, que, durante a campanha eleitoral do ano passado, Rodrigo Rollemberg procurou o setor e fez várias promessas. Agora, nem sequer recebe representantes dos hospitais privados.
O Sírio-Libanês
Referência no tratamento de câncer no Brasil, o Hospital Sírio-Libanês tem receitas anuais que chegam a R$ 1 bilhão. Recentemente, investiu R$ 900 milhões — dos quais metade foi financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) — em um projeto de modernização.
O terreno seria cedido à rede via Pro-DF — programa de incentivo ao desenvolvimento, que concede descontos de até 90% no preço dos terrenos. O lote, num total de 72,8 mil metros quadrados, está localizado às margens da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), próximo à Rodoviária Interestadual e à estação de metrô do ParkShopping. O local estava destinado à construção de hotéis e pousadas de baixo custo.
O que diz o GDF
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde ressaltou que “participou de reunião com gestores do Hospital Sírio-Libanês, mas as partes apenas iniciaram entendimentos sobre o assunto”.
Já a Secretaria de Economia, Desenvolvimento Sustentável e Turismo “aguarda o plano de viabilidade técnico-financeiro para avaliar os impactos sociais e econômicos com a possível instalação da unidade hospitalar em Brasília”. Sobre as dívidas reclamadas pelo sindicato, o governo diz que cada caso precisa ser analisado individualmente.