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“Vou assumir o Centrad até março de um jeito ou de outro”, diz Ibaneis

Devido à inadimplência do complexo, GDF está com empréstimos de R$ 3,2 bilhões bloqueados na Caixa Econômica Federal

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Michael Melo/Metrópoles
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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou, na tarde desta quarta-feira (16/1), que vai ocupar o prédio do Centro Administrativo (Centrad) com ou sem negociação com as empresas do consórcio – formado pela Via Engenharia e Odebrecht.

Ibaneis se reuniu com o presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Pedro Guimarães, na manhã desta quarta (16) e verificou que continua com R$ 3,2 bilhões em empréstimos bloqueados devido à inadimplência do prédio.

Em seguida, o emedebista foi para uma agenda com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, onde comentou o assunto. “Existe determinação, dentro do GDF, de que nós vamos assumir o prédio, com ou sem negociação. Eu espero que pela via negociada. O prédio é do Distrito Federal, foi construído num terreno nosso e eu vou assumir o prédio de um jeito ou de outro”, afirmou.

O governador disse que o prazo para as conversas vai até março. “Estou fazendo os estudos com os contratos que estão fechando, encerrando. Mandei fazer levantamento das obras que precisam ser feitas para concluir [o Centrad] e eu espero que a gente comece a fazer isso a partir de março. Até março eu vou fazendo na negociação. De março para frente eu assumo o prédio e vou discutir na Justiça”, disse.

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Custos
Existem, atualmente, pelo menos 60 processos envolvendo o Centrad. Discutem questões que vão desde o alvará do prédio e indícios de fraude no nascedouro do acordo até a ausência de documentos primários para colocar o empreendimento em operação.

Orçada em R$ 660 milhões, a obra executada pelo consórcio formado por Via Engenharia e Odebrecht custou cerca de R$ 1 bilhão e acabou inaugurada no apagar das luzes do governo de Agnelo Queiroz (PT).

No entanto, jamais chegou a funcionar por apresentar uma série de irregularidades apontadas pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas locais – o que só se agravou após a delação premiada do alto escalão da Odebrecht na Lava Jato.

Além do emaranhado jurídico, a transferência da burocracia do Plano Piloto para Taguatinga custaria três vezes mais do que o GDF paga atualmente em aluguéis para abrigar os servidores. Apesar das circunstâncias desfavoráveis, a gestão de Ibaneis demonstrou, em um primeiro momento, interesse em dar continuidade ao projeto de Arruda e Agnelo em parceria com a Odebrecht e a Via Engenharia.

Nos primeiros dias da transição, o governador eleito esteve na Caixa Econômica Federal e chegou a tratar com o presidente da instituição, Nelson Antônio de Souza, a disposição de quitar empréstimo de R$ 1,3 bilhão para dar sequência à realização do contrato com o consórcio.

Universidade
Em um primeiro momento, chegou-se a falar na transferência para o Centrad até março do ano que vem. No fim de novembro passado, no entanto, a equipe de Ibaneis retomou uma ideia aventada durante a campanha, a de aproveitar o espaço não somente para acomodar os servidores do Executivo, mas como endereço, por exemplo, de uma universidade.

Em 21 de novembro, Ibaneis reuniu-se com a diretoria da Caixa e pediu uma avaliação do imóvel. “Para quando chegarmos ao Ministério Público e ao Poder Judiciário termos todas as possibilidades. Estamos trabalhando na compra do local porque lá dentro vamos conseguir fazer o que é melhor para o DF”, afirmou o emedebista, na ocasião.

Com R$ 1,3 bilhão que o GDF calcula repassar para a Caixa, daria para construir, por exemplo, 1 mil creches, ao custo de R$ 1,3 milhão cada. Além disso, poderiam ser disponibilizados para a população cerca de 215 hospitais públicos, com áreas de até 2,4 mil metros quadrados a um custo unitário de R$ 6 milhões.

Alternativa onerosa
Matematicamente, pelas informações disponibilizadas pelo próprio GDF, o Centrad se apresenta como uma alternativa onerosa para abrigar 13 mil dos 130 mil servidores locais. Ocupar o complexo custaria R$ 276 milhões por ano, o que significa R$ 194 milhões a mais do que o dispêndio atual do GDF com aluguéis, segundo dados oficiais obtidos pelo Metrópoles.

De acordo com os dados da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, ainda na gestão Rollemberg, o gasto anual com locação de espaços para acomodar secretarias, direções e outros órgãos foi de R$ 82 milhões. Esse dinheiro é destinado a abrigar os 130 mil servidores locais.

Do total que seria desembolsado com a transferência, já estão computadas despesas com serviços de manutenção, limpeza e vigilância. Mas está excluído gasto com mobília, por exemplo, que vai ser usada no centro administrativo, e equipamentos eletrônicos. Sem contar as instalações de dados e voz, sem as quais essas máquinas não poderão ser usadas.

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