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Pesquisa reforça eficácia da Cannabis contra epilepsia infantil

Segundo o estudo, o uso medicinal reduz as crises epilépticas entre crianças e apresenta efeitos adversos menos frequentes e mais brandos

atualizado

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Matheus Veloso/Metrópoles
Pesquisadoras do Ceub - Metrópoles
1 de 1 Pesquisadoras do Ceub - Metrópoles - Foto: Matheus Veloso/Metrópoles

Uma pesquisa conduzida pelo Centro Universitário de Brasília (Ceub) enaltece a eficácia do uso terapêutico de Cannabidiol (CDB) para o tratamento pediátrico de epilepsia. Segundo o estudo, a substância extraída da Cannabis é eficaz para redução de crises em crianças, principalmente nos caso das epilepsias refratárias, resistentes aos fármacos tradicionais.

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O estudo foi conduzido pelas biomédicas Ana Carolina Guimarães e Natasha Gandara, ambas de 23 anos. Seguindo a linha de pesquisa da revisão sistemática, a dupla revisou 647 artigos, com pacientes de todo o mundo, feitos nos últimos 25 anos. Do total, foram selecionadas 25 para fazer o levantamento completo dos resultados do tratamento.

Nos 25 estudos, foram observados 627 pacientes. Desses, 21%  – ou seja, aproximadamente 131 crianças –  ficaram totalmente livres das crises epiléticas. Enquanto a outra parcela obteve reduções significativas, de 19% a 90%, da frequência dos episódios de epilepsia.

O tratamento com Cannabidiol também apresentou redução dos efeitos adversos, geralmente associados aos fármacos tradicionais, com taxas de apenas 4% a 14% dos pacientes conforme cada estudo. Sendo mais brandos, variando entre sono, fadiga, perda de apetite, vômitos e convulsões pontuais. Os medicamentos convencionais podem apresentar efeitos colaterais mais frequentes e graves.

As pesquisadoras, inclusive, observaram padrões de tratamento, variando de duas a três aplicações diárias com doses entre um a 50 miligramas de CDB, conforme cada paciente. Os artigos contemplaram casos de crianças com idades a partir de 1 mês de vida.

Os experimentos analisaram os tratamentos de crianças com as síndromes: Lennox- Gastaut, West, Dravet, Doose, Ohtahara, Epilepsia focal e Multifocal, Encefalopatía epiléptica, epilepsia generalizada, epilepsia infantil intratável, espasmos infantis, Sturge-Weber e epilepsia infantil de ausência focal.

Em 60% dos casos houve o uso do óleo de cannabidiol purificado, enquanto em 40% havia composição com o Tetrahidrocanabinol (THC), que também é derivado da Cannabis. A composição não se mostrou interessante para pacientes com ansiedade, pois o THC afeta o campo visual e estimula o cérebro.

Demonização

“Essa questão do Cannabidiol é muito demonizada no Brasil. É muito triste ver a comunidade atolada pela política e a burocracia. A maioria dos estudos são de outros países. E o nosso foco não é recreativo. É o uso medicinal“, pontuou Natasha.

“Infelizmente, hoje no Brasil, a gente ainda não consegue avançar mais nos estudos sobre o CDB e os demais produtos da Cannabis. E a epilepsia é uma doença que afeta o sistema nervoso. No caso das crianças, prejudica diretamente o desenvolvimento”, afirmou Ana Carolina.

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Para as pesquisadoras, a superação do preconceito pode abrir portas para tratamentos que vão impactar não apenas na vida das crianças, mas também na rotina de famílias. O artigo produzido pelas jovens recebeu o título “Eficácia do Uso de Canabidiol em Pacientes Pediátricos com Epilepsia Refratária ao Tratamento: Uma Revisão Sistemática”.

As pesquisadoras buscam apoio para avançar com a pesquisa e relatam que já foram alvos de golpistas. “Nos procuraram para falar da pesquisa, mas quando vimos o que era na verdade, descobrimos que eram tentativas de golpes”, desabafou Ana Carolina.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides (BRCANN), o Distrito Federal é, proporcionalmente, a unidade federativa com mais pacientes autorizados a utilizar cannabis medicinal. A cada 100 mil habitantes, 121,4 dos moradores da capital federal têm a autorização para uso do medicamento.

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