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HRG colocou corpo de paciente com dengue junto aos de Covid-19, diz família

Certidão de óbito descarta morte em decorrência do coronavírus. Confusão impediu família de velar o corpo do idoso

atualizado

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Material cedido ao Metrópoles
idoso em pé
1 de 1 idoso em pé - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Não bastasse a dor de perder um familiar, parentes de um paciente da rede pública de saúde do Distrito Federal foram impossibilitados de velar o corpo de Antônio Idelfôncio do Amorim, 71 anos, após servidores do Hospital Regional do Gama (HRG) colocarem o cadáver do idoso junto ao de pacientes mortos por causa do novo coronavírus. A certidão de óbito de Antônio Idelfôncio, contudo, não lista Covid-19 entre as causas da morte.

Ao Metrópoles, André Idelfôncio, irmão de Antônio, relata que o idoso deu entrada na unidade pública de saúde após apresentar dificuldades para respirar. “Chamaram o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] e eles o levaram para o HRG, onde teve óbito confirmado à 1h30 dessa segunda”, conta.

Ocorre, no entanto, que as causas da morte, segundo consta na certidão de óbito do paciente, teriam sido: parada cardiorrespiratória, insuficiência respiratória aguda grave, dengue e Parkinson. Ou seja, a hipótese de morte por Covid-19 foi descartada pelo médico que atestou o óbito de Antônio.

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André conta que o erro só foi notado quando a funerária foi pegar o corpo e descobriu que o cadáver estava junto ao das vítimas do novo coronavírus atendidas no hospital.

“O corpo dele deveria ter ido para o necrotério, mas quando a funerária foi pegá-lo, por volta de 13h, foi verificado que o corpo estava entre os óbitos de Covid-19”, reclama André.

A família afirma que houve negligência da unidade pública de saúde. “O Hospital colocou o corpo no lugar errado. Quando a gente foi pegar, já tinha ligado no cemitério para marcar o velório para 15h30 e sepultamento às 17h30”, conta o irmão do idoso.

Despedida para poucos

Como o cadáver teve contato com outros pacientes mortos em decorrência do coronavírus, a família foi obrigada a seguir o protocolo recomendado para enterros de vítimas da Covid-19.

“Tivemos que mudar todo o procedimento, fomos obrigados a adotar o de Covid-19. Não pudemos dar um enterro decente porque ele teve contato com outros corpos contaminados com a doença”, lamenta André.

O protocolo adotado pelos cemitérios restringe a 10 pessoas o número de parentes que podem participar do sepultamento em caso de vítimas do novo coronavírus. No caso do idoso, apenas três pessoas compareceram à despedida.

Além disso, não há possibilidade de que o corpo seja velado devido ao risco de contágio. A recomendação dos órgãos de saúde é para que amigos e familiares dos mortos usem máscaras durante os sepultamentos.

Outro lado

Procurada para comentar o caso, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal esclareceu que “toda morte cuja causa seja problema respiratório tem que constar a informação na certidão de óbito como suspeita de Covid-19, para que a Vigilância Epidemiológica seja imediatamente notificada e para que o velório ocorra dentro dos protocolos de suspeita”.

Segundo a pasta, tão logo a vigilância é acionada, “o caso é analisado e verificado se trata realmente de óbito por Covid-19, com comprovação da amostra, ou se a causa não foi por coronavírus. O resultado da investigação é finalizado em, no máximo, 24h.”

Desta forma, como uma das razões da morte de Antônio Idelfôncio do Amorim foi insuficiência respiratória, o caso precisou ser tratado como suspeito para a Covid-19.

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