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Empresa afasta acusada de racismo contra porta-bandeira da Portela

A porta-bandeira da Portela Vilma Nascimento, de 85 anos, denunciou ter sido vítima da racismo em uma das lojas do aeroporto de Brasília

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Imagem colorida de Vilma Nascimento, porta-bandeira da Portela, vítima de racismo, acusada de roubo em loja - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Vilma Nascimento, porta-bandeira da Portela, vítima de racismo, acusada de roubo em loja - Metrópoles - Foto: Reprodução

A funcionária acusada de praticar um ato de racismo contra a porta-bandeira da escola de samba Portela, em uma loja no Aeroporto Internacional de Brasília, foi afastada de suas funções.

Vilma Nascimento, de 85 anos, foi homenageada em Brasília na segunda-feira (20/11), Dia da Consciência Negra. Na terça-feira (21/11), antes de retornar ao Rio de Janeiro, ela foi acusada de furto em uma loja do aeroporto do DF.

Em nota, a loja envolvida no episódio, Dufry Brasil, informou que “adotou as medidas cabíveis e afastou a funcionária”.

A empresa também pediu desculpas, argumentando que a abordagem feita foi fora do padrão. “Em razão da falha nos procedimentos, a profissional foi afastada de suas funções. Este tipo de abordagem não reflete as políticas e valores da empresa”, afirmou a loja.

Leia a nota completa:

A Dufry Brasil, uma empresa do Grupo Avolta, pede publicamente desculpas pelo lamentável incidente ocorrido na loja do aeroporto de Brasília. A abordagem feita pela fiscal de segurança da loja está absolutamente fora do nosso padrão.

Em razão da falha nos procedimentos, a profissional foi afastada de suas funções. Este tipo de abordagem não reflete as políticas e valores da empresa.

A Dufry está reforçando todos os seus procedimentos internos e treinamentos, em linha com as suas políticas, para impedir que situações assim se repitam“.

Conhecida como Cisne da Passarela, Vilma é porta-bandeira da Portela há 66 anos. Apenas ela, entre todos os clientes do local, foi submetida a uma “revista”. Um vídeo, gravado por uma das filhas de Vilma, mostra o momento em que a porta-bandeira é obrigada a retirar todos os objetos de sua bolsa depois de ser acusada por uma segurança. “Nunca passei por isso em toda a minha vida”, desabafou a porta-bandeira.

Veja:

 

 

O Metrópoles conversou com o neto de Vilma, Bernard Nascimento, sobre o ocorrido. De acordo com ele, depois de olhar alguns perfumes na loja, Vilma foi parada por uma segurança, que pediu para a porta-bandeira abrir a bolsa. “Em nenhum momento foi explicado por que a minha avó tinha que fazer aquilo. Loja cheia e ela é a única que tem que abrir a bolsa. Por que isso?”, questionou Bernard.

O neto de Vilma conta o que aconteceu no local. “A segurança fez ela tirar tudo de dentro da bolsa no meio da loja. Imagina a vergonha disso para uma pessoa de 85 anos? Quando ela já tinha tirado tudo, a mulher falou para o supervisor que realmente não tinha nada na bolsa dela”. De acordo com Bernard, a loja e a segurança não se desculparam pelo acontecido.

Abalada

Bernard ainda disse que, por conta do estresse, a saúde de Vilma ficou abalada. “Minha avó fica com o olho cheio de água quando vê o vídeo. Até evito mostrar pra ela”. Segundo ele, a família pretende processar a loja e a funcionária.

“Com quantas pessoas brancas houve abordagem parecida por essa funcionária?”, questiona o cientista político e advogado Nauê Bernardo sobre o caso. “Enquanto não tivermos coragem de dar o nome certo a esse tipo de fenômeno, que usa perfilamento racial para separar ‘ladrão’ de ‘cliente’ , não vamos conseguir superar o racismo no Brasil”.

Câmara

Diante da gravidade do caso, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) decidiu abrir investigação e cobrar explicações. Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da CLDF, deputado distrital Fábio Felix (PSol), a situação é intolerável.

“Vilma Nascimento veio a Brasília justamente para receber uma homenagem no Dia da Consciência Negra e foi tratada de forma criminosa. É inaceitável que uma loja desse porte seja omissa no enfrentamento ao racismo, permitindo que esse tipo de abordagem seja natural”, afirmou.

Segundo o parlamentar, o procedimento de “revista” foi adotado sem qualquer fundamento. “Foram submetidas a uma revista vexatória. Um caso claro de racismo que precisa ser repudiado e apurado com rigor. Racismo é crime. A Comissão de Direitos Humanos vai cobrar explicações e está à disposição das vítimas”, concluiu.

O parlamentar enviou oficio ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) solicitando abertura de investigação.

A Inframerica, que faz a gestão do aeroporto, também repudiou o ato.

“Na tarde de hoje a Inframerica, concessionária do Aeroporto de Brasília, tomou conhecimento de uma denúncia sobre discriminação em uma loja do terminal aéreo. A Inframerica repudia qualquer tipo de ação discriminatória, dentro ou fora do aeroporto. A empresa responsável pelo estabelecimento informou que já tomou as medidas cabíveis e afastou a funcionária”.

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