metropoles.com

Governo Lula é uma farsa fiscal. Hora de o mercado parar de fingir

O mercado fingiu que acreditava na responsabilidade fiscal do governo Lula. Chega de teatro ou será cúmplice na falência do país

atualizado

Compartilhar notícia

Vinícius Schmidt/Metrópoles
Presidente Lula, ministro Haddad e Geraldo Alckmin durante evento de governo -- Metrópoles
1 de 1 Presidente Lula, ministro Haddad e Geraldo Alckmin durante evento de governo -- Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Surpresa, surpresa, descobriram que o arcabouço fiscal era uma farsa lulista. Surpresa, surpresa, constataram que não haverá déficit zero nas contas do governo enquanto Lula for presidente da República. Surpresa, surpresa, era tudo mentira.

Francamente, a quem essa gente — mercado, economistas, jornalistas especializados — acha que está enganando? Só se for a si própria. 

Todos eles, com as exceções de praxe, fingiram que acreditaram nas lorotas governamentais para jogar o problema mais para adiante, seja em nome da estabilidade política, seja para ter mais lucro individual. Só que o mais adiante não é tão longe assim.

Nem mesmo os indicados pelo governo Lula para o Banco Central ainda teimam em mostrar conforto com a situação fiscal de um governo que não corta despesas, só faz aumentar os gastos e não vai arrecadar o que projetou — fantasiosamente — para cobrir o buraco, porque o país continuará a ter crescimento econômico medíocre.

Não é buraco, mas cratera: o déficit estimado para este ano já subiu de R$ 9,3 bilhões para R$ 14,5 bilhões. Pode chegar a quase R$ 30 bilhões até o final deste 2024, mas os otimistas ponderam que, ainda assim, permanecerá dentro da margem de tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruto.

É uma piada de mau e caro gosto. O que importa em economia é o gráfico — e o gráfico dos gastos aponta para a estratosfera.

Está tudo errado: governo perdulário, intervencionista, populista, irresponsável. Antiquado na sua visão de mundo. O jornalista Celso Ming, voz sempre lúcida, foi ao ponto: 

“Como escreveu Nelson Rodrigues: coisas ditas apenas uma ou duas vezes continuam inéditas. Então, é preciso insistir. O mundo mudou, o mercado de trabalho passa por profunda revolução aqui e no mundo. Crenças e políticas que deram mais errado do que certo há 50 anos não servem mais para os dias de hoje.”

Eu reforço: se não deram certo há 50 anos, não darão certo nunca. Hora de o mercado parar de fingir acreditar na farsa fiscal desse governo e mostrar logo que a irresponsabilidade tem preço alto. O déficit lulista é também de atenção. Se não parar com o fingimento, o mercado e as adjacências serão cúmplices na espiral inflacionária que se seguirá.

Celso Ming foi de Nelson Rodrigues, eu vou de Ernest Hemingway. Em Notas sobre a Próxima Guerra, ele escreveu: “A primeira panaceia para uma nação mal governada é a inflação da moeda; a segunda, é a guerra. Ambas trazem uma prosperidade momentânea e uma ruína permanente. Mas ambas são o refúgio de oportunistas políticos e e econômicos”.

 

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comMario Sabino

Você quer ficar por dentro da coluna Mario Sabino e receber notificações em tempo real?