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Até que ponto a loucura de Roberto Jefferson afeta Jair Bolsonaro?

A pergunta é de bilhões. Até domingo, resta ao incumbente lembrar que o malucão (com certo método) foi aliado de Lula e denunciou o mensalão

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Jair Bolsonaro e Roberto Jefferson
1 de 1 Jair Bolsonaro e Roberto Jefferson - Foto: Reprodução

Até que ponto a loucura (com certo método) cometida por Roberto Jefferson no domingo pode afetar negativamente a candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição? Pergunta de bilhões em qualquer moeda. A campanha do atual presidente está, evidentemente, preocupada. Não parece ter bastado a condenação que ele fez ao aliado, ao afirmar que quem atira em policiais é bandido. Foi de pouca ajuda também que as hostes bolsonaristas tenham se dividido nas redes sociais, com boa parte delas manifestando apoiando a Roberto Jefferson, contra o que consideram ser a tirania do Supremo Tribunal Federal e da sua extensão, o Tribuna Superior Eleitoral (TSE).

A preocupação é tanta que, no início da noite de ontem, o ministro Fábio Faria e Fabio Wajngarten, chefe de comunicação da campanha de Jair Bolsonaro, convocaram a imprensa, no final da noite, para dizer que um auditoria de mídia havia contabilizado que 154 mil inserções de propaganda do candidato à reeleição não haviam sido veiculadas por rádios do Nordeste, principalmente na Bahia, nas últimas duas semanas. Eles comunicaram o TSE sobre esse dado, mas o ministro Alexandre de Moraes disse que esperava provas “sérias”. Se a denúncia for verdadeira, é gravíssima; se for mentirosa, também. De qualquer forma, a fala de Fábio Faria e Fabio Wajngarten foi uma tentativa de tirar Roberto Jefferson da frente e, assim, anular o efeito ruim que ele possa ter tido sobre os eleitores a serem conquistados.

Quais eleitores são esses? Uma parte dos indecisos crônicos, uma parcela dos abstencionistas não inteiramente convictos da sua falta de opção e os cidadãos que haviam decidido, muito a contragosto, votar em Lula, mas que já pensavam em mudar de ideia, incomodados com a censura imposta pelo TSE a Jovem Pan, Gazeta do Povo e Brasil Paralelo — censura que foi parar no Wall Street Journal, na pena da articulista Mary Anastasia O’Grady, que escreveu que “a esquerda brasileira tenta amordaçar o discurso político”. A defesa da liberdade de expressão, repito, é uma bandeira que conta a favor de Jair Bolsonaro, ao contrário da alopragem de fechar o STF por meio de um golpe militar. Ao agredir com expressões brutais e misóginas a ministra Cármen Lúcia, integrante do TSE, e depois atirar contra os policiais federais que foram prendê-lo, Roberto Jefferson manchou essa bandeira (que, aliás, nunca será vermelha).

O mercado não gostou do que viu, com bolsa caindo e dólar aumentando, visto que Jair Bolsonaro é o preferido da Faria Lima. Mas o mercado é mais assustadiço do que clarividente. As pesquisas que vêm por aí levarão em conta o fator Roberto Jefferson. Mas as empresas de pesquisa perderam credibilidade depois do vexame do primeiro turno. Somente as urnas mesmo poderão dizer o quanto o malucão (com certo método) afetou negativamente a candidatura de Jair Bolsonaro.

Enquanto o domingo que se aproxima velozmente não chega, resta à campanha do incumbente lembrar que Roberto Jefferson foi aliado do PT, quando Lula estava no poder, até que os seus “muy amigos” tentaram queimá-lo com o escândalo dos Correios — o chefão do PTB nunca duvidou de que José Dirceu estava por trás da divulgação do vídeo do funcionário que dizia receber propina em nome do então deputado. A reação de Roberto Jefferson foi denunciar o mensalão petista, em entrevista à Folha de S.Paulo, depois de a Veja, que havia publicado o vídeo, ter-se recusado a ouvi-lo a respeito (meninos e meninas, eu vi).

Ao fim e ao cabo, que ainda tenhamos Roberto Jefferson no palco só mostra como a política brasileira criminaliza-se a si própria.

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