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Redes sociais são como fábricas poluidoras, diz vencedora do Nobel

Projeto fundamental das redes sociais é estimular mentiras, disse jornalista filipina Maria Ressa durante evento da Unesco

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Maria Ressa, vencedora do Nobel da Paz em 2021
1 de 1 Maria Ressa, vencedora do Nobel da Paz em 2021 - Foto: Reprodução

A jornalista filipina Maria Ressa, vencedora do Nobel da Paz em 2021, disse nesta quarta-feira (22/2) que as redes sociais são como fábricas que poluem rios. Em uma palestra na conferência Internet for Trust, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em Paris, Ressa comparou a moderação de conteúdo a tratar um copo de água e voltar a jogá-lo no rio sujo.

“Quando você foca só em moderação de conteúdo é como um rio poluído em que você colhe um copo de água, limpa a água e joga de volta no rio. O que temos que fazer é ir até o fim à fábrica que polui o rio, fechá-la e ressuscitar o rio”, disse a CEO do Rappler, uma empresa de jornalismo investigativo nas Filipinas.

O evento da Unesco discute propostas globais para regulamentar as plataformas de redes sociais e proteger direitos humanos. Por diversas vezes na palestra, Ressa citou o termo “mentira”. E deu o exemplo de uma criança que fosse criada estimulada a mentir.

“Você fala para sua criança: ‘Minta, eu vou te recompensar. Minta o tempo todo e eu vou continuar te recompensando’. Esse é o projeto fundamental das redes sociais”, disse, completando: “Se você cria sua família dizendo a eles que mintam, que tipo de pessoas eles se tornam? Essa é a estrutura de incentivo. Vivemos de ponta cabeça. É nojento e enganosamente familiar”.

Ressa também relacionou plataformas de redes sociais a companhias farmacêuticas que fazem testes com vidas humanas sem cuidado.

“Imaginem se uma empresa de remédios viesse e dissesse: ‘Você é A, vamos testar a droga A’. ‘Você, droga B’. ‘Pessoas que tomaram as drogas A, vocês morreram, desculpe’. É isso o que está acontecendo a nossas mentes e emoções”.

Lula defende regulação das redes sociais em carta

Também nesta quarta-feira (22/2), Lula defendeu em uma carta a regulação das redes sociais. O documento foi lido na conferência da Unesco.

“O ambiente digital acarretou a concentração de mercado e de poder nas mãos de poucas empresas e países. Trouxe, também, riscos à democracia. Riscos à convivência civilizada entre as pessoas. Riscos à saúde pública. A disseminação de desinformação durante a pandemia contribuiu para milhares de mortes. Os discursos de ódio fazem vítimas todos os dias”.

No documento, o presidente citou os ataques terroristas de 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram depredadas e saqueadas em Brasília. Boa parte dos atos extremistas foi coordenada em redes sociais.

“O mundo todo testemunhou o ataque de extremistas às sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Brasil no último 8 de janeiro”, escreveu, acrescentando: “Em grande medida, essa campanha foi gestada, organizada e difundida por meio das diversas plataformas digitais e aplicativos de mensagens. Repetiu o mesmo método que já tinha gerado atos de violência em outros lugares do mundo. Isso tem que parar”.

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