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Pastor lobista do MEC levou secretária para evento do FNDE em SP

Nely Carneiro da Veiga Jardim, apontada como secretária dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, esteve em evento do MEC em Nova Odessa

atualizado

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Luis Fortes/ MEC
Ministro Milton Ribeiro e o pastor Arilton Moura
1 de 1 Ministro Milton Ribeiro e o pastor Arilton Moura - Foto: Luis Fortes/ MEC

O pastor Arilton Moura, acusado de atuar como um lobista informal do Ministério da Educação e de pedir propina para prefeitos, solicitou aos organizadores de um evento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) que fosse emitida uma passagem de avião para que a sua secretária particular participasse de uma cerimônia organizada em Nova Odessa.

Gestores ouvidos pela coluna confirmaram que Nely Carneiro da Veiga Jardim participou do “gabinete itinerante” do FNDE em Nova Odessa, no dia 21 de agosto do ano passado. O evento reuniu as autoridades de aproximadamente 70 cidades no interior de São Paulo.

Nely foi identificada em reportagens como uma intermediadora dos pastores Arilton e Gilmar Santos para negociar a liberação de verbas com prefeitos. Apesar de não ter cargo no Ministério da Educação, Nely falava em nome da pasta ao abordar os gestores, conforme revelaram os jornalistas Delis Ortiz e Paulo Saldaña.

Outra pessoa que acompanhou os pastores em Nova Odessa foi o advogado Luciano Freitas Musse, que foi nomeado gerente de projetos no Ministério da Educação em abril do ano passado. O advogado frequentava os encontros que os pastores mantinham com prefeitos em Brasília. A presença de Musse no evento também teria sido um pedido feito por Arilton.

A atuação dos pastores em Nova Odessa levou à abertura de um processo na Controladoria-Geral da União (CGU). A coluna revelou que o presidente do Avante de Piracicaba, José Edvaldo Brito, contou ao então ministro da Educação, Milton Ribeiro, sobre irregularidades cometidas pelos líderes religiosos. Brito participou da organização do evento em Nova Odessa, que teve a participação de Ribeiro. O ministro se demitiu nesta segunda-feira (28/3).

No último dia 24, Brito afirmou ter prestado depoimento à CGU, mas não forneceu maiores detalhes. Ele marcou uma entrevista coletiva para esta terça-feira (29/3) para tratar sobre o caso.

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Antes de virar ministro, Milton Ribeiro já colecionava uma série de polêmicas. Em uma delas, postou no canal que tinha no YouTube palestra em uma Igreja Presbiteriana, em 2016. À época, afirmou apoiar o castigo físico em crianças
“Essa ideia que muitos têm de que a criança é inocente é relativa. Um bom resultado não vai ser obtido por meios justos e métodos suaves”, disse. Segundo ele, as crianças “devem sentir dor”. Um dia após tomar posse no Ministério da Educação, no entanto, retirou o vídeo da plataforma e, mais tarde, afirmou nunca ter falado sobre o assunto
Em 2018, o ex-ministro afirmou que universidades incentivavam alunos a fazerem “sexo sem limites”. “Para contribuir ainda mais, em termos negativos, para o sexo veio a questão do existencialismo. Não importa se é com homem ou mulher”, disse. “É isso que eles estão ensinando para os nossos filhos na universidade”, completou
Além disso, Ribeiro afirmou que universidades devem ser para poucos e que reitores de federais não podem ser “esquerdistas” ou “lulistas”. “Eu acho que reitor tem que cuidar da educação e ponto final, e respeitar quem pensa diferente. As universidades federais não podem se tornar comitê político de um partido A, de direita, e muito menos de esquerda”, relatou
Durante a pandemia, Milton também criticou professores que defendiam a vacinação de crianças para o retorno das aulas. “Infelizmente, alguns maus professores fomentam a vacinação deles, que foi conseguida. Agora, querem a imunização das crianças. Depois, com todo o respeito, para o cachorro, para o gato. Querem vacinação de todo jeito. O assunto é: querem manter escola fechada”, disse
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Antes de virar ministro, Milton Ribeiro já colecionava uma série de polêmicas. Em uma delas, postou no canal que tinha no YouTube palestra em uma Igreja Presbiteriana, em 2016. À época, afirmou apoiar o castigo físico em crianças

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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“Essa ideia que muitos têm de que a criança é inocente é relativa. Um bom resultado não vai ser obtido por meios justos e métodos suaves”, disse. Segundo ele, as crianças “devem sentir dor”. Um dia após tomar posse no Ministério da Educação, no entanto, retirou o vídeo da plataforma e, mais tarde, afirmou nunca ter falado sobre o assunto

Reprodução/YouTube
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Em 2018, o ex-ministro afirmou que universidades incentivavam alunos a fazerem “sexo sem limites”. “Para contribuir ainda mais, em termos negativos, para o sexo veio a questão do existencialismo. Não importa se é com homem ou mulher”, disse. “É isso que eles estão ensinando para os nossos filhos na universidade”, completou

Reprodução/Redes Sociais
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Além disso, Ribeiro afirmou que universidades devem ser para poucos e que reitores de federais não podem ser “esquerdistas” ou “lulistas”. “Eu acho que reitor tem que cuidar da educação e ponto final, e respeitar quem pensa diferente. As universidades federais não podem se tornar comitê político de um partido A, de direita, e muito menos de esquerda”, relatou

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Durante a pandemia, Milton também criticou professores que defendiam a vacinação de crianças para o retorno das aulas. “Infelizmente, alguns maus professores fomentam a vacinação deles, que foi conseguida. Agora, querem a imunização das crianças. Depois, com todo o respeito, para o cachorro, para o gato. Querem vacinação de todo jeito. O assunto é: querem manter escola fechada”, disse

Isac Nóbrega/PR
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No fim de 2020, Ribeiro alegou que a nota do Enem de 2021 não poderia ser utilizada para o Sisu, Prouni ou Fies. Segundo ele, para ter acesso aos programas, era necessário utilizar notas de exames anteriores. Após manifestações contrárias, o Ministério da Educação negou as falas do chefe

Fábio Rodrigues/Agência Brasil
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Durante uma entrevista, Milton Ribeiro relacionou a homossexualidade a “famílias desajeitadas”. “Acho que o adolescente, que muitas vezes opta por andar no caminho do 'homossexualismo' (SIC), tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe”, afirmou

Isac Nóbrega/PR
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Em 2021, quando ainda era ministro, declarou que a inclusão de alunos com deficiências na mesma turma que alunos sem deficiências “atrapalhava o aprendizado dos outros, porque a professora não tem equipe e não tem conhecimento para dar atenção especial”. Segundo ele, “existem crianças com um grau de deficiência que é impossível a convivência”

Reprodução/Tv Brasil
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No início de 2022, um áudio onde Milton Ribeiro afirma priorizar repasses da Educação a determinadas prefeituras e a pedidos do presidente Bolsonaro ganhou o noticiário. Apesar de, logo em seguida, negar a existência de irregularidades, bem como o envolvimento de Bolsonaro, Ribeiro passou a ser objeto de pedidos de investigação

Vinícius Schmidt/Metrópoles
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“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, declarou o então ministro

Arthur Menescal/Especial Metrópoles

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