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Representantes da indústria questionaram eleição em WhatsApp da CNI

Veja prints; em mensagens, presidentes de federações atacaram TSE, Lula e questionaram resultados da eleição

atualizado

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Divulgação/Ricardo Stuckert
Lula
1 de 1 Lula - Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert

Presidentes de entidades setoriais que participam de um grupo de WhatsApp do Fórum Nacional da Indústria (FNI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), enviaram mensagens na noite do domingo da eleição questionando a vitória de Lula sobre Jair Bolsonaro. As mensagens traziam ataque ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), questionavam a validade dos resultados e atacavam o Nordeste, única região em que Bolsonaro teve menos votos que o presidente eleito.

O FNI é um órgão consultivo da CNI que reúne presidentes de cerca de 50 entidades setoriais e empresários, com o objetivo de analisar o cenário político e propor estratégias para o setor.

O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, afirmou em uma mensagem que tem dificuldade de aceitar a eleição de Lula, devido à atuação do TSE nas eleições, que, sem explicar por quê, definiu como “roubalheira”. De maneira irônica, o executivo também criticou os demais integrantes do grupo que haviam aceitado os resultados.

“Para mim não será fácil aceitar esse resultado. A maioria foi tão mínima que tenho dificuldade de aceitar, considerando-se como o TSE conduziu essas eleições. É politicamente correto ter a postura dos colegas, a qual respeito, mas com a alma em frangalhos não sou tão rápido em aceitar essa roubalheira! Parabéns aos colegas, vocês são extremamente rápidos em aceitar resultados duvidosos. Parabéns”.

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A mensagem de Barbato foi endossada por Roberto Pires, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (Fieto). “Concordo com você”, afirmou Pires.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry, também alegou, sem provas, que achava difícil aceitar o resultado das urnas eletrônicas.

“Eu também tenho dificuldades de aceitar esse resultado. Um cara que o Palocci, que era seu principal ministro, denunciou que fez um acerto para receber 300 milhões de reais do Emílio Odebrecht, para permitir a roubalheira na Petrobras, fato confirmado por seu filho Marcelo Odebrecht, ganha o voto da maior parte do povo brasileiro. Isso é inaceitável”.

Uma integrante referiu-se ao Nordeste de maneira preconceituosa. Elizabeth de Carvalhaes, que presidiu a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) até setembro, disse que Bolsonaro perdeu onde o Brasil é “sustentado”. “Acabei de ver uma frase que reflete bem o país, ‘Bolsonaro ganhou onde o Brasil produz e perdeu onde é sustentado”, escreveu.

Executivos recuam ou não comentam

Roberto Pires, que preside a Fieto, disse ter dificuldade de “digerir” o resultado da eleição, mas disse que ele precisa ser respeitado. “Realmente é difícil digerir o resultado da eleição para presidente com uma diferença tão pequena. Por outro lado, todos temos que concordar com o resultado das eleições, qualquer que seja. Acredito, até que me prove o contrário, na lisura do nosso sistema eleitoral de apuração e nas urnas eletrônicas”, afirmou.

Gilberto Petry, presidente da Fiergs, afirmou: “O grupo é privado. O comentário que eu fiz é que meu candidato é o Bolsonaro, quem ganhou foi o outro. E ponto final. Ganhou o outro, com uma margem apertada, claro que não vou ficar feliz com isso aí. Se o presidente eleito fizer um bom governo e tocar a indústria, que é o que nos interessa… Que ele tenha sucesso na gestão dele”.

Humberto Barbato e Elizabeth de Carvalhaes não comentaram.

Procurada, a assessoria de imprensa da CNI pontuou à coluna que nos últimos dias reconheceu publicamente a eleição de Lula e criticou o bloqueio ilegal de rodovias feito por extremistas. Nessa ocasião, a entidade disse ser “veementemente contrária a qualquer manifestação antidemocrática que prejudique o país e sua população”.

(Atualização às 18h06 de 3 de novembro de 2022: Em nota, a Interfarma rechaçou quaisquer “declarações preconceituosas”. “A Interfarma não compactua com manifestações e declarações antidemocráticas ou preconceituosas realizadas por qualquer pessoa, sejam colaboradores ou ex-colaboradores, acerca dos resultados das eleições 2022. Reitera o reconhecimento dos resultados e seu compromisso em dialogar com os governantes eleitos e representantes das diferentes esferas da sociedade civil para um sistema público de saúde mais forte e acessível no Brasil”.)

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