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Dona do pedaço: em entrevista, Juliana Paes fala sobre o novo trabalho

A atriz abordou vida profissional, empoderamento feminino e os desafios de educar dois filhos em uma sociedade machista

atualizado

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Estevam Avellar/ TV Globo
A Dona do Pedaço
1 de 1 A Dona do Pedaço - Foto: Estevam Avellar/ TV Globo

Juliana Paes tem gravado a todo vapor sua Maria da Paz, personagem que vai interpretar ao longo de A Dona do Pedaço, próxima novela das 21h, da TV Globo, escrita por Walcyr Carrasco. A atração tem estreia marcada para o dia 20, substituindo O Sétimo Guardião. Na trama, ela será vítima de uma briga entre famílias rivais no interior do Espírito Santo, o que a obrigará a deixar sua cidade.

Radicada em São Paulo, a moça começará a vender bolos – única herança da avó – e se transformará em uma empresária poderosa, a própria “dona do pedaço”. Em entrevista à coluna, a atriz deu detalhes sobre sua personagem e outros temas de sua vida pessoal. Confira!

O título da novela é A Dona do Pedaço. Você é assim?
Eu acho que tenho essa energia de gostar das pessoas, de chegar e contagiar todo mundo positivamente. Então, nesse sentido talvez se refira a mim. Por outro lado, acho que a novela fala com todas as mulheres.

O Walcyr foi muito feliz ao criar essa personagem, porque a Maria da Paz vai conversar com todas as mulheres que são donas de si, que se fizeram pelo próprio esforço e são a razão do próprio sucesso. Mulheres que passaram por dificuldades na vida, mas mesmo assim não esmoreceram.

Esse é o sentido de ser a dona do seu próprio pedaço, da sua própria vida, da sua própria história. De não ter medo de ser guerreira, de ser a dona das próprias rédeas. A palavra “empoderamento” está na moda, e acho muito bom que esteja, pois tem tudo a ver com essa Maria da Paz que a gente vai trazer.

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Como vai ser a Maria da Paz?
Vou dar um spoiler (risos)! A gente tem uma passagem de tempo grande no início da trama. O primeiro bloco da novela mostrará o passado, de onde vem essa mulher. A Maria da Paz é de uma cidade fictícia do interior chamada Rio Vermelho. Ela vem de uma família de matadores que tem rivalidade com outra. Isso nos anos 1990. Então, nesse contexto existe um clima de Romeu e Julieta, pois os protagonistas, um de cada família, se apaixonam, mas só descobrem a inimizade entre as famílias depois.

Ela quer promover um pacto de paz, pois deseja viver esse amor, mas esse acordo não se concretiza. A partir daí, Maria passa por poucas e boas e tem de fugir para São Paulo, pois é jurada de morte. Fica completamente só e a única coisa que sabe fazer é bolo, pois aprendeu com a avó. Então, começa assim, vendendo bolos. Vinte anos se passam e ela se transforma na grande dona de um império da confeitaria. E aí começa toda a trama.

Você fez muitos bolos. Teve de aprender ou já sabia?
Eu não sou muito de ir para a cozinha, mas quando vou é para fazer sobremesas. Claro que fazer um bolo comum, um bolinho de banana, sempre foi fácil para mim.

Mas eu tive aulas de uma culinária mais avançada e existem segredinhos e jeitos de fazer no manejo que são mais profissionais. Como quebrar o ovo com uma mão só e dar um toque diferente no brigadeiro para ele ficar um pouco mais cremoso. Eu sempre untei a forma do bolo colocando manteiga e farinha, mas dá para fazer também colocando só papel embaixo.

Adriana Pizotti/ GShow
Juliana vai atacar a cozinha na novela

 

Como é dar vida a uma personagem?
Eu gosto muito dos processos criativos antes de uma novela. É a parte mais saborosa. Quando eu começo a fazer um bolo, passo a entender como são as mãos dessa mulher, como ela se comporta, como era quando menina. A gente vai colocando num caldeirão de ideias e criando o corpo da personagem.

Mas eu preciso puxar uma brasa para uma parte importante: a caracterização. Cinquenta por cento do trabalho do ator está no trabalho da equipe, quando entra o figurino, o cabelo e a maquiagem. Porque uma vez que você coloca a roupa do personagem, o cabelo, a maquiagem e se olha no espelho vendo essa figura, imediatamente é um outro corpo em você. E isso me ajuda de uma maneira que eu não sei explicar.

Você nunca ligou muito para o sucesso, não é?
Eu sempre achei muito chatas essas pessoas que se sentem descoladas das outras profissões porque são artistas. O trabalho do artista é como o de qualquer outro profissional. Não consigo achar que estamos distantes em algum quesito.

O que a gente tem de diferente é a visibilidade, pois ficamos em uma vitrine o tempo todo. E ninguém consegue enxergar isso como um bônus. O bônus para mim é poder viver personagens diferentes, estar cada dia em um lugar, cada dia com uma equipe. O que as pessoas julgam que, às vezes, é o grande bônus, não é.

Como está sendo a parceria com o Marcos Palmeira (Amadeu, paixão da Maria da Paz na novela)?
Eu e o Marcos já tínhamos trabalhado juntos antes. Então, a gente já tinha essa troca de amizade. Ele é muito pé no chão, muito simples. É um cara nada deslumbrado. Acaba uma novela e ele vai para a fazenda dele. Já eu, volto para a minha turma em São Gonçalo (RJ). E é mais um dia, vida que segue.

João Miguel Junior/ TV Globo
Maria Da Paz ( Juliana Paes ) e Amadeu ( Marcos Palmeira )

 

No final do ano passado, você teve um problema na garganta. Ficou tudo bem?
Quando você descobre calos ou cistos vocais, fica uma cicatriz, por mais que cuide e tenha disciplina. Então, que nem um jogador de futebol que precisa fazer fisioterapia antes e depois dos jogos, eu preciso fazer minha fisioterapia vocal antes e depois das gravações. É algo que vou ter de prestar atenção pelo resto da minha profissão.

Quando você é jovem, pode correr, pular e dançar e nada acontece. Mas depois de muito uso, abuso e grito, tive esse acidente e agora tenho que fazer essa terapia para a vida inteira. Mas está tudo perfeitamente normal dentro desse quadro.

Quando você se sente a “dona do pedaço”?
Quando consigo dar conta de muitas coisas ao mesmo tempo. Quando consigo gravar, chegar em casa, tomar conta da merenda das crianças, fazer dever de casa, colocar para dormir, ler uma historinha, deitar e ainda assistir a um filminho. É aí que eu falo que estou me sentindo a “dona do pedaço”.

Você se cobra por isso?
Muito. Eu acredito que ser mãe é viver com uma parcelinha de culpa sempre. Pode ser a mais analisada do mundo e fazer a terapia que for. Eu nunca fiz. Estou até querendo, mas não tenho tempo. Temos sempre a sensação de que alguma coisa faltou. É difícil dar conta, mas nos finais de semana eu levo para a praia ou fico em casa com eles.

Arquivo pessoal/Instagram
Juliana Paes com o marido, Carlos Eduardo Baptista, e os filhos Antônio e Pedro

 

Como é educar dois filhos homens em um universo tão machista?
É uma missão, uma tarefa complicada, porque a gente não educa os filhos sozinhos. Há pessoas em volta que são parte da formação da mentalidade de uma criança. Essa parte é mais difícil. Tem o que eles assistem na televisão, no celular, o avô, que é de uma geração anterior e fala: ‘Ei, para de chorar! Menino não chora’. Outra dia eu ouvi isso e gritei: “Chora sim!”.

É preciso educar com muito amor, porque eu não acredito no pé na porta, mas sim na palavra doce e amorosa. Mas às vezes é bom chegar para o homem e falar para deixar ele ser como quiser, escolher a cor que quiser e se expressar como quiser.

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