Óleo nas praias: ministro bate boca com ONG e deputada do PSol
Ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, acusou o Greenpeace de inventar desculpas para justificar falta de atuação nas praias do Nordeste
atualizado
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O petróleo que polui o litoral de todos os estados do Nordeste brasileiro já atinge 200 localidades, segundo o último balanço divulgado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) na manhã desta segunda-feira (21/10/2019). Um dos responsáveis pela resposta do governo e que tem sido acusado de omissão, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, está usando este início de semana para atuar na guerra cultural sobre o tema.
Pelo Twitter, Salles reclamou do Greenpeace, uma organização não governamental (ONG) de defesa da natureza. “O Greenpeace ‘explicou’ por que não pode ajudar a limpar as praias do Nordeste…. ahh tá…”, escreveu o ministro.
Na sequência, postou trecho de um vídeo no qual um representante da ONG diz que o trabalho de limpeza das praias precisa ser feito com equipamentos técnicos específicos e pelos órgãos responsáveis. A publicação então mostra a imagem de um homem sem camisa recolhendo óleo em uma praia e jogando em sacos de plástico, o que, para Salles, provaria que a ONG está errada.
O Greenpeace “explicou” porque não pode ajudar a limpar as praias do Nordeste…. ahh tá… pic.twitter.com/SGATMRBEFL
— Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) October 21, 2019
A postagem recebeu resposta da deputada federal Sâmia Bonfim (PSol-SP), que acusou o ministro de não ter “um pingo de vergonha na cara”.
“Não cumpre com suas obrigações e ainda vem botar a culpa nos outros”, tuitou a psolista. Salles respondeu apelando para o fantasma venezuelano: “Vc é que não tem vergonha. Mas deveria ter, e muita, pois o petróleo que está atingindo o Nordeste e o Brasil é venezuelano, cujo governo ditatorial comunista vocês apoiam”, disparou o ministro.
Vc é que não tem vergonha. Mas deveria ter, e muita, pois o petróleo que está atingindo o Nordeste e o Brasil, é venezuelano, cujo governo ditatorial comunista vocês apoiam. https://t.co/4WeOlyOucJ
— Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) October 21, 2019
Análises apontam realmente a Venezuela como país de origem do petróleo que polui o litoral brasileiro, mas, até agora, o governo não fez nenhuma acusação formal ao país vizinho. A principal hipótese investigada para a origem do óleo é um vazamento em alto-mar.
Resposta do Greenpeace
Também pelo Twitter, o Greenpeace reagiu ao ataque do ministro Ricardo Salles. “Durante o final de semana, um dos nossos vídeos foi cortado e editado para tirar de contexto uma fala do nosso porta-voz sobre as manchas de óleo. O corte foi publicado pelo ministro”, escreveu o perfil oficial da ONG.
“No lugar de agir de forma concreta, Salles prefere culpar ONGs como o Greenpeace. O ministro MENTE e espalha falácias sobre a atuação de ONGs, como vimos nas queimadas na Amazônia, como forma de desviar a atenção da sua própria inação e incompetência”, atacou ainda o Greenpeace em uma série de postagens. A ONG informa que, inclusive, seus voluntários estão atuando na limpeza do óleo.
Voluntários, tanto do Greenpeace quanto locais, se mobilizam como podem e potencialmente colocam sua saúde em risco por um bem maior: o bem-estar das praias e sua biodiversidade. Fotos do Grupo de Voluntários de Recife. pic.twitter.com/WbGH91cqkG
— Greenpeace Brasil (@GreenpeaceBR) October 21, 2019