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Escolas públicas: projetos contra discriminação caem para menor nível em 10 anos

Levantamento divulgado pela ONG Todos pela Educação nesta segunda mostra panorama das escolas identificado pelo Saeb

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Sala de aula com alunos - Metrópoles
1 de 1 Sala de aula com alunos - Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O número de escolas públicas com projetos para combater discriminações como racismo, machismo e homofobia caiu ao menor patamar em dez anos. Enquanto em 2011 66,7% das instituições de ensino apresentavam ações contra o racismo, em 2021 o número caiu para 50,1% das escolas.

Os dados são de novo levantamento divulgado pela ONG Todos pela Educação nesta segunda-feira (24/7). A instituição extraiu as informações dos questionários contextuais do Sistema Nacional de Avaliação Básica (Saeb) destinados a diretores e diretoras escolares, entre 2011 a 2021.

O Saeb usou uma pergunta para questionar sobre projetos relacionados ao combate do racismo e outra sobre a existência de iniciativas contra o machismo e a homofobia.

Projetos contra o racismo estavam em 66,7% das escolas públicas em 2011. Houve crescimento até 2015, quando atingiram o auge, presentes em 75,6% das instituições de ensino. Desde então, os números caíram até a última pesquisa, feita em 2021, quando apenas 50,1% das escolas responderam positivamente.

Já as iniciativas de combate ao machismo e à homofobia estavam presentes em 34,75 das escolas em 2011. O cenário é semelhante ao anterior, e o maior número também foi registrado em 2017: 43,7% dos colégios públicos tratavam o tema. Em 2021, projetos contra estas discriminações foram encontradas em apenas 25,5% das escolas do país.

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Motivos

Daniela Mendes, analista de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, enxerga dois elementos que contribuíram para a queda: “Primeiro, uma onda ultraconservadora que fez com que pautas relacionadas a desigualdades e grupos menorizados tivessem menos espaços no debate e no enfrentamento”, explica.

Ela relembra, ainda, que o tema não era priorizado pela gestão anterior do Ministério da Educação (MEC), durante o governo Jair Bolsonaro (PL). O segundo aspecto foi a pandemia da Covid-19: “Já foi um grande desafio para os professores garantir a oferta de educação de forma remota, nem todos os estudantes conseguiam ter acesso. Esses projetos foram despriorizados por questão de contexto”, continua.

“Quando a escola não pauta questões raciais, de gênero e da comunidade LGBTQIA+, ela falha no processo de aprendizagem e na construção de uma sociedade melhor para todos com menos violência”, ressalta Daniela.

A analista pontua, porém, que as ações não devem ser pontuais, aplicadas apenas em situações como o mês da mulher, da consciência negra e do orgulho LGBTQIA+. “Essas pautas precisam ter transversalidade ao longo de toda a rotina escolar, ser incluídas no currículo escolar, na formação de profissionais da educação para que os professores saibam incluir esses temas nos conteúdos trabalhados na sala de aula e na elaboração de material didático, para tirar a imagem estereotipada desses grupos sociais”, finaliza.

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