metropoles.com

Governo Temer não vai mexer na “Nova Matriz Macroeconômica” de Dilma

Apesar de condenarem a política petista, a equipe econômica atual segue pelo mesmo caminho do governo anterior

atualizado

Compartilhar notícia

IStock
contas calculadora
1 de 1 contas calculadora - Foto: IStock

A equipe econômica do Governo Temer descarta adotar medidas que signifiquem a volta da “Nova Matriz Macroeconômica”, do governo Dilma Rousseff. Apesar de aliados do governo e empresários condenarem a política petista que detonou as contas públicas, um raio X das propostas que estão sendo levadas a Brasília aponta o mesmo receituário de risco: mais crédito pelos bancos públicos, redução acelerada da Selic e dos juros cobrados pelos bancos públicos, além de menos exigências de garantias.

Os empresários querem a reedição do Refis (o programa de parcelamento de débitos tributários), uso do FGTS para o pagamento de dívidas, emissão de debêntures pelo BNDES para adquirir participação no capital das empresas com dificuldade financeira e liberação de depósitos compulsórios para concessão de crédito a empresas inadimplentes. Também está na lista a flexibilização dos parâmetros de análise para a concessão de crédito tanto para pessoa física quanto para jurídica.

A Nova Matriz teve como base uma política fiscal expansionista, juros artificialmente baixos, crédito barato fornecido por bancos estatais e câmbio desvalorizado.

Mudanças
O Ministério da Fazenda já avisou que não vai repetir o Refis. A equipe econômica também é contrária à liberação do FGTS para que trabalhadores quitem empréstimos com bancos. Essa proposta, que já havia sido cogitada na época do ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa, enfrenta resistências no conselho curador do FGTS.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, descartou esta semana a possibilidade de a instituição liberar os depósitos compulsórios para estimular a economia. Segundo ele, essa medida “não se coloca” e o sistema financeiro nacional é líquido e capaz de suprir qualquer necessidade de recursos para a retomada

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, quer que essas medidas só comecem a ser anunciadas em janeiro. Ele trabalha em medidas regulatórias para facilitar a renegociação de dívidas das empresas, mas nenhuma delas que possa colocar em risco a saúde dos bancos. “A Fazenda não vai aceitar nenhuma loucura”, disse uma fonte da pasta que avalia que há integrantes do governo que ainda não “viraram a chave” e insistem na proposta de medidas na mesma linha da Nova Matriz. A Fazenda trabalha com o apoio do Banco Mundial na elaboração de medidas que facilitam a melhoria do ambiente de negócios.

O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, está trabalhando em proposta de alteração em marcos legais para desregulamentar alguns setores. O Broadcast teve acesso à proposta apresentada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que lidera a pressão pela adoção de novas medidas. A sugestão foi apresentada ao governo e a lideranças do PMDB e PSDB, que estão mantendo um canal direto com o presidente Michel Temer sobre o tema.

Fiesp
Além da retomada do BNDES mais ativo na concessão de crédito, a Fiesp quer que o governo reduza o prazo de recebimento de cartão de crédito para as vendas à vista no varejo (de 30 para 18 dias) sem o repasse dos custos para a taxa de administração e agilização da concessão de crédito para exportações.

O empresariado paulista, que apoiou o impeachment de Dilma, quer ainda que sejam coordenados novos fundos para fusão e aquisição de participação no capital de empresas. E defende a adequação da legislação para limitar a responsabilidade jurídica de empresas que comprarem outras em dificuldades financeiras. Isso significa reduzir a incerteza jurídica por risco de passivos de processos judiciais das empresas compradas. A liberação dos depósitos compulsórios não remunerado para a concessão de crédito para empresas inadimplentes também está na lista de pedidos.

Responsável por reunir as propostas da indústria paulista, o vice-presidente da Fiesp José Ricardo Roriz Coelho rechaçou a avaliação de que as medidas representariam a volta da Nova Matriz. Ele destacou que o governo está na linha certa de contenção de gastos, mas não pode ficar parado sem tomar medidas para ajudar as empresas em dificuldade. Para ele, o BNDES precisa atuar nesse momento com a oferta de crédito.

“A taxa subsidiada do Brasil, a TJLP, é quarta mais alta do mundo”, reclamou Coelho, que avalia que o BC errou ao não acelerar a queda da Selic. Segundo um integrante da equipe econômica, a devolução de R$ 100 bilhões à União pelo BNDES de empréstimos concedidos pelo governo não tem volta.

O presidente do PPS, deputado estadual Davi Zaia (SP), chamou atenção ontem para a proposta que pode permitir o uso do FGTS para o pagamento de dívidas. “É preciso ver até onde uma proposta como essa ajuda os trabalhadores ou se interessa apenas para resolver o problema do credor, que saiu por aí ofertando crédito a torto e a direito. Essas questões exigem muito cuidado”, afirmou.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?