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Vitória de Alcolumbre fortalece Onyx, mas pode complicar reformas

A queda de braço com Renan Calheiros gerou escoriações que podem atrapalhar o Planalto em votações estratégicas como a da Previdência

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Bolsonaro em visita de cortesia à PGR. Brasília(DF), 20/11/201
1 de 1 Bolsonaro em visita de cortesia à PGR. Brasília(DF), 20/11/201 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A eleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP) para a presidência do Senado representa uma vitória do governo de Jair Bolsonaro e, mais ainda, do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Alcolumbre ganhou no sábado (2/1) a queda de braço com o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Mesmo assim, o Palácio do Planalto sai com escoriações do confronto e pode enfrentar dificuldades para aprovar projetos na Casa, como a reforma da Previdência, considerada essencial para o equilíbrio das contas públicas.

Articulador político do Planalto, Onyx interferiu na disputa ao apoiar Alcolumbre e articular uma frente para derrotar Renan, que renunciou à candidatura quando viu que iria perder o jogo após 12 senadores terem votado. Investigado pela Lava Jato, Renan teve apenas cinco votos e o senador do DEM, 42 de um total de 77. Em uma sessão de quase nove horas, marcada por xingamentos, bate-boca e até denúncia de fraude, Alcolumbre foi eleito para um mandato de dois anos, até janeiro de 2021. É a primeira vez que o DEM comanda as presidências da Câmara e do Senado.

Reconduzido ao cargo nesta sexta-feira, 1.º, o deputado Rodrigo Maia também é do DEM, mas venceu a eleição na Câmara sem a ajuda do Planalto. Onyx não queria a candidatura de Maia, mas teve de aceitá-la porque o deputado conseguiu angariar apoio da esquerda à direita, incluindo o do PSL, partido de Bolsonaro. Quarta bancada do Senado, com apenas seis integrantes, o DEM também comanda três ministérios (Casa Civil, Agricultura e Saúde).

Até mesmo aliados do presidente Bolsonaro admitem, nos bastidores, que o empenho de Onyx em derrotar o experiente Renan terá impacto sobre votações de interesse do governo. Enquanto Renan tem interlocutores em todos os partidos, Alcolumbre – um representante do baixo clero – poderá ter problemas para negociar com a oposição. Além disso, ninguém duvida de que o senador alagoano dará o troco no Planalto.

Na lista de prioridades do governo está a reforma da Previdência, que a equipe econômica quer encaminhar ao Congresso até o fim do mês. Há também projetos de mudanças tributárias, privatizações e uma agenda conservadora de costumes.

Ao medir forças com Renan e dar estocadas em Maia, Onyx desagradou ao ministro da Economia, Paulo Guedes. A equipe econômica sempre avaliou que Maia e Renan teriam mais pulso para conduzir votações estratégicas no Congresso, principalmente a reforma da Previdência, um tema árido que enfrenta resistências e requer o aval de 308 votos na Câmara e 49 no Senado, em duas votações. Além disso, a proposta de mudanças na aposentadoria planejada por Onyx é mais suave do que a de Guedes.

“Espero e confio que possamos entregar essa Casa, ao fim deste biênio, com o País retomando os trilhos do desenvolvimento e da prosperidade, enfrentando as reformas complexas que, com urgência nosso País reclama, com um Legislativo forte e reabilitado com a cidadania, que não se curve à intromissão amesquinhada do Poder Judiciário ou de qualquer outro poder”, disse Alcolumbre após o triunfo.

Foi uma resposta ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, que na madrugada deste sábado atendeu a pedido do MDB e do Solidariedade e determinou que a sessão do Senado fosse secreta, como manda o regimento da Casa. A reação não tardou: em uma segunda votação, aliados de Alcolumbre mostraram suas cédulas para as câmeras. Pressionado pelas redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, seguiu o mesmo caminho e declarou voto em Alcolumbre.

Renan contava com o apoio de Flávio. Tinha até mesmo feito acenos de que, caso chegasse ao comando do Senado, barraria tentativas de investigar o colega no Conselho de Ética pelo caso envolvendo movimentações atípicas de seu ex-assessor Fabrício Queiroz.

Depois de muito tumulto, Renan subiu à tribuna e, irritado, anunciou sua renúncia. “Davi não é Davi. É o Golias. O Davi sou eu. Ele (Alcolumbre) atropela o Congresso. O próximo passo é o Supremo Tribunal Federal sem o cabo e sem o sargento. Estou saindo do processo por entendê-lo deslegitimado”, afirmou o senador. Em post no Twitter, Onyx foi irônico e deu uma estocada no adversário. “Davi respondeu: ‘Você vem contra mim com espada, lança e dardo. Mas eu vou contra você em nome do Senhor Todo Poderoso, que você desafiou’”, escreveu.

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