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Inexperiente, PSL testará força política durante governo Bolsonaro

Fundado em 1994, sigla que elegeu 52 deputados, 4 senadores e 3 governadores precisará lidar com tamanho e influência do presidente eleito

atualizado

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Rafael Carvalho/Governo de Transição
PSL Bancada
1 de 1 PSL Bancada - Foto: Rafael Carvalho/Governo de Transição

A chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto marca também a ascensão do Partido Social Liberal, o PSL – sigla pela qual o militar da reserva do Exército saiu vencedor da corrida presidencial. Até então nanica, a legenda foi a que mais surpreendeu nas eleições de outubro deste ano. Mas o partido terá o desafio de se consolidar como liderança política e testar sua força, já que esse crescimento foi impulsionado pelo fenômeno bolsonarista. 

O PSL passou de zero para três governadores. O pecuarista goiano Antonio Denarium, em Roraima, o comandante do Corpo de Bombeiros Carlos Moisés, em Santa Catarina, e o coronel da Polícia Militar de Rondônia Marcos Rocha venceram o pleito em seus estados. Todos no segundo turno da votação. Nas pesquisas de intenção de voto, eles não despontavam sequer entre os favoritos e acabaram surpreendendo nas urnas. 

Para efeito de comparação, o PSL lançou apenas um candidato em 2014: o advogado Araken Filho, que acabou derrotado com 0,9% dos votos no Rio Grande do Norte.

Neste ano, mais nove candidatos da legenda ao comando dos Executivos estaduais sequer foram para o segundo turno: Josan Leite, em Alagoas; Cirilo Fernandes, no Amapá; Hélio Góis, no Ceará; Carlos Manato, no Espírito Santo; Maura Jorge, no Maranhão; Ogier Buchi, no Paraná – ele teve a candidatura negada pelo TRE-PR; Fábio Sérvio, no Piauí; João Tarantella, em Sergipe; e César Simoni, no Tocantins. Em muitos desses casos, aliados reclamaram da falta de palanque e distribuição de recursos para fortalecer as candidaturas. 

O partido também tomou corpo para as disputas regionais e federais. Foram 13,6 mil adesões no primeiro semestre deste ano, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contra pouco mais de 3 mil filiações ao PT, segundo na lista.

Casa cheia e problemas
A sigla, que teve apenas um deputado federal eleito em 2014, conseguiu emplacar 52 parlamentares em 2018. No Senado, foram quatro nomes aprovados pelo voto popular, entre eles o de Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito.

O crescimento exponencial da bancada fará, inclusive, com que o PSL receba, em 2019, R$ 110 milhões do fundo partidário, abastecido com verbas públicas. Valor 17 vezes maior que o embolsado pela sigla em 2017.

Esse aumento na bancada também trouxe mais problemas para administrar. Antes mesmo de tomar posse, os futuros parlamentares entraram em conflitos com nomes da legenda. Houve atrito entre a deputada eleita Joice Hasselmann e o senador eleito Major Olímpio (ambos por São Paulo), e entre o deputado eleito Julian Lemos (PB) e o vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho do presidente eleito, que não pertence ao partido. Brigas em grupo de Whatsapp da bancada eleita também vazaram à imprensa. Entreveros que levaram até o próprio Bolsonaro a convocar reunião (foto em destaque) para apaziguar os correligionários. 

Contudo, o baixo número de ministérios concedidos ao partido e a preferência de Bolsonaro pelo DEM na composição de seu futuro governo também geraram ciúmes dentro do PSL. Enquanto ficou com uma única pasta (de Turismo, com Marcelo Álvaro Antônio), o DEM levou a Casa Civil, a Agricultura e a Saúde, a serem comandadas por Onyx Lorenzoni, Tereza Cristina e Luiz Henrique Mandetta, respectivamente. 

Lembrado pelos brasileiros
Pesquisa divulgada pelo Instituto Ibope em setembro, antes das eleições, mostrava que o partido era o segundo colocado no quesito preferência ou simpatia do eleitor. As 2.002 pessoas consultadas pelo instituto declararam 5% de preferência pela sigla, atrás somente do Partido dos Trabalhadores, com 24%, e à frente de PSB (2%), MDB (2%) e PDT (2%), por exemplo.

Essa fidelidade e conhecimento sobre a sigla vieram acompanhados de outro número positivo, segundo a pesquisa Ibope. Em estados como São PauloRio de JaneiroMinas Gerais e no Distrito Federal, pelo menos 40% dos entrevistados disseram saber o número do PSL, o 17. Um percentual só atingido por eleitores do PT, que conseguem lembrar facilmente do 13 (em alguns casos, 65% dos consultados sabem do número da sigla do ex-presidente Lula). Ao mesmo tempo, eleitores do PDT e da Rede mostraram dificuldade para associar o 12 aos pedetistas e o número 18 à Marina Silva.

Fundado em outubro de 1994 e registrado em junho de 1998, o PSL nasceu sob a presidência do deputado federal eleito por Pernambuco e ex-dirigente do Sport Club de Recife, Luciano Bivar. Inicialmente enraizado na ideologia social-liberal – com a presença do Estado reduzida na área econômica, mas fortalecida para a saúde, educação e segurança –, o PSL passou a abraçar pautas mais conservadoras. Essa guinada à direita política na agenda da sigla levou a um desentendimento interno e desfiliações, mas a fez chegar ao posto mais alto da República com Jair Bolsonaro.

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