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Em e-mail, Odebrecht diz que Lula prometeu destravar projetos

Para a Lava Jato, Palocci, que era tratado como “Italiano” nas mensagens cifradas da Odebrecht, seria um dos canais do grupo com o governo federal na obtenção de vantagens na Petrobras

atualizado

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1 de 1 lula - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Em um e-mail de janeiro de 2005 enviado por Marcelo Bahia Odebrecht – preso pela Operação Lava Jato há 1 ano e 3 meses – para executivos do grupo ele afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria se disponibilizado para “ajudar a destravar qualquer dificuldade para fazer acontecer”. O documento em poder da força-tarefa, em Curitiba, integra o pedido de conversão da prisão do ex-ministro Antonio Palocci, feito nesta sexta-feira (30/9), de temporária (de 5 dias) em preventiva (sem prazo).

Palocci foi detido, alvo da 35ª fase, batizada de Omertà, acusado de receber R$ 128 milhões em propinas da Odebrecht para o PT, entre 2008 e 2013.

“Lula ficou de eleger 3 projetos e conduzir o assunto através de um grupo (Palocci, Dilma e Min. Transportes) ficando disponível para ajudar a ‘destravar’ qualquer dificuldade para fazer acontecer”, escreve Odebrecht, em e-mail de 19 de janeiro de 2005, para 9 executivos do grupo.

O assunto tratado era da agenda que o pai, Emílio Odebrecht, teria acertado com o ex-presidente. “Segue a agenda que meu pai repassou com Lula em sua reunião de 6ª.”

“Italiano”
Para a Lava Jato, Palocci, que era tratado como “Italiano” nas mensagens cifradas da Odebrecht, seria um dos canais do grupo com o governo federal na obtenção de vantagens na Petrobras – e em outras áreas de negócios –, mediante o pagamento de propinas. “Pediu para que nós liderássemos os três projetos (acertou-se que envolveríamos outras empresas junto com a ABDIB). Ele ficou de retornar via o Italiano para nós, de como conduziríamos os próximos passos”, complementa Odebrecht, na mensagem. “(Se o italiano não retornar eu o procuro semana que vêm).”

O delegado Filipe Hille Pace, que pediu a prisão preventiva de Palocci, destaca no e-mail que Odebrecht também relata que o próprio Lula se prontificou a “destravar” qualquer dificuldade que a Odebrecht tivesse “junto à estes projetos que lhe foram prometidos”.

Lula, nem a ex-presidente Dilma Rousseff, são alvos desse inquérito. O documento, segundo o delegado, foi anexado para comprovar que Palocci era interlocutor do Grupo Odebrecht em supostos negócios escusos com o governo federal.

“Marcelo Odebrecht obteve de seu pai, Emilio Alves Odebrecht, a informação de que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha ficado de escolher três projetos, possivelmente da esfera federal, para serem entregues para execução/contratação pela/da Odebrecht, tendo designado Antonio Palocci e outros para conduzirem o assunto”, interpreta o delegado.

“Amigo”
O delegado da Lava Jato reuniu ainda um e-mail de 2014 para mostrar que “amigo do pai” seria referência ao ex-presidente Lula. “Deve ser ressalvado que o documento investigativo foi utilizado, neste momento, apenas para expor os motivos que permitiram concluir que o ‘amigo do pai’ de Marcelo Bahia Odebrecht é Luiz Inácio Lula da Silva.”

Lula virou réu da Lava Jato em Curitiba na última semana, mas é alvo de outras apurações. No documento em que pediu a conversão da prisão de Palocci, Pace registrou “as novas análises – especialmente o e-mail que segue abaixo – corroboram parte da acusação criminal feita recentemente pelo Ministério Público Federal em face do ex-Presidente da República, por meio da qual lhe imputam ter se utilizado de pessoas próximas a ele para a prática dos crimes pelos quais é processado”.

Para o inquérito de Palocci, o delegado destaca que novos relatórios trouxeram dados dessa ligação do ex-ministro com Lula e que “eventuais desdobramentos e investigações a partir do conteúdo” serão repassados para investigadores da equipe da Lava Jato.

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