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Em depoimento, Cabral reconhece prática de caixa 2 em campanhas

O político reconheceu que entregou sobras de campanha a Costa Filho, mas que foram muito menores que os valores informados pelo ex-assessor

atualizado

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1 de 1 cabral surpreso - Foto: Memória/EBC

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) — que está preso desde novembro — reconheceu em depoimento à Justiça a prática de caixa 2 em suas campanhas eleitorais. Ele foi interrogado nesta segunda-feira (10/7) pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro. O depoimento durou um pouco mais de uma hora.

Nesta segunda, Cabral respondeu às acusações pelo crime de lavagem de dinheiro, resultado da Operação Mascate. O ex-governador voltará a prestar depoimento na quarta-feira (12). A oitiva de sua mulher, a advogada Adriana Ancelmo, que estava inicialmente previsto também para esta segunda-feira, também será conduzida na próxima quarta.

“Reitero e reconheço na política brasileira a existência de caixa 2. Houve doações legais feitas por empresas na minha campanha e tinha doações por caixa 2”, contou Cabral. “Estou praticamente há oito meses presos e vejo essa discussão sobre caixa 2 na política. Esse é um fato que existe no Brasil há décadas”, completou.

O ex-governador, entretanto, disse que não reconhecia valores pagos pelas empresas citadas por seu ex-assessor Ary Ferreira da Costa Filho, que disse ter estado na sede do supermercado Prezunic e da cervejaria Itaipava para acompanhar o recolhimento de pagamentos de caixa 2 em espécie que somavam mais de R$ 5 milhões de cada uma das empresas em cada uma das visitas.

“Eu me lembro do Prezunic e da Itaipava me apoiando em campanhas eleitorais. Não lembro dos valores. Mas nunca houve nenhum tipo de contrapartida”, declarou Cabral, afirmando que as empresas mencionadas nos processos envolvendo seu nome nunca tiveram nenhum privilégio.

O político reconheceu que entregou sobras de campanha a Costa Filho, mas que foram muito menores que os valores informados pelo ex-assessor à Justiça. Costa Filho contou nesta segunda-feira em depoimento à Justiça que recebeu entre R$ 9 e R$ 10 milhões de sobras de campanha do PMDB.

“Não reconheço esse valor. Esporadicamente, após a campanha, (pode ter sido feito) algum tipo de pagamento de sobras de campanha, mas esse valor eu não reconheço. Talvez menos de 5% desse valor”, afirmou o ex-governador.

Andrade Gutierrez
Cabral também disse que foi condenado à prisão em Curitiba pelo juiz Sérgio Moro partindo de uma “denúncia mentirosa” da construtora Andrade Gutierrez. Segundo o peemedebista, “tem delator que distorce tudo”.

“Fui condenado em Curitiba por denúncia mentirosa da Andrade Gutierrez, uma denúncia que não fica de pé. É completamente estapafúrdio”, queixou-se Cabral ao juiz. Questionado sobre a prática de caixa 2 na arrecadação de campanhas, Cabral negou que tenha favorecido as empresas doadoras. O acusado defendeu que é possível constatar a disseminação da prática de doações ilegais na política brasileira através de depoimentos e denúncias divulgadas na imprensa.

“Reconheço que é uma distorção, que é um erro. Essas práticas políticas de caixa 2 foram disseminadas pelo Brasil por todos os partidos”, afirmou Cabral.

O ex-governador voltou a negar que recebesse 5% sobre os valores dos contratos fechados com as construtoras. “Nunca foi 5%, que 5% é esse? Que maluquice é essa? Que 5% é esse? Há colaborações, há apoios, reconheço”, disse ele, em depoimento.

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