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Parentes de vítimas de tragédia em SP esperam no IML: “Muita desinformação”

Pelo portão, equipe informa o nome de cada pessoa identificada. Até as 18h, 10 dos 37 corpos levados a Avaré tinham sido reconhecidos

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Familiares das vítimas do ônibus aguardam reconhecimento e liberação dos corpos no IML de Avaré 7
1 de 1 Familiares das vítimas do ônibus aguardam reconhecimento e liberação dos corpos no IML de Avaré 7 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Avaré (SP) – Parentes e amigos dos 41 mortos no acidente em Itaguaí (SP), ocorrido na manhã desta quinta-feira (25/11), estão em frente ao Instituto Médico Legal (IML) de Avaré em busca de informações. Até as 18h, 10 dos 37 corpos levados ao local tinham sido identificados.

Segundo o coronel Nyakas, coordenador estadual da Defesa Civil, a identificação começou depois do almoço. “Outras pessoas, por não terem documentos, estão tendo as digitais colhidas”, afirmou. Pelo portão, a equipe informa o nome de cada pessoa identificada.

A cabelereira Sueli Aparecida Rodrigues Correa, 43 anos, de Itaí, recebeu um telefonema e foi ao IML às 16h identificar o corpo do filho Wellington Aparecido Correa, 26 anos, costureiro da fábrica Stattus Jeans. Às 20h30, ainda aguardava informações sobre a liberação do corpo.

“Foi muita desinformação, mas não tem como”, afirma.

Wellington, que deixa dois filhos, um de 5 e outro de 4 anos, trabalhava há três anos na empresa Stattus Jeans, para onde ia o ônibus envolvido no choque frontal com um caminhão, e tinha planos de ter o próprio negócio. “Estávamos planejando comprar umas máquinas [de costura]. Não tem o que falar. Fazia o trajeto todos os dias. Tinha a vida toda pela frente”, conta, lembrando que o filho era uma pessoa alegre, divertida e não gostava de injustiça.

Dois ginásios em Itaí, de onde eram os trabalhadores, foram reservados para o velório. Por ser adventista, Sueli quer fazer em outro local. “Estou tentando não fazer no ginásio, não sei como é”, diz.

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“Estamos no escuro”

Os familiares de vítimas da tragédia de Taguaí enfrentam a angústia da desinformação, enquanto aguardam a leitura do próximo nome da cada corpo identificado no IML de Avaré.

O calheiro Aleksandre de Souza Rocha, 25 anos, entregou o documento da mãe Maria Lucia às 15h e até as 21h30 não tinha informações. “Estamos no escuro”, afirmou.

Segundo ele, a mãe, na fábrica há oito anos, fazia o trajeto até Taguaí diariamente e reclamava das condições do ônibus e do motorista. “Tinha dois motoristas, um era lerdo e outro corria demais”, afirmou.

A tragédia

Uma das vítimas do acidente que matou 41 pessoas na Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho, o motorista de caminhão Geison Gonçalves Machado, de 22 anos, não tinha habilitação para dirigir o veículo. Segundo a companheira dele, Dheimilly Krachinski, o jovem só tinha autorização para carro e, mesmo assim, provisória.

No momento da colisão, Geison estava acompanhado de um outro caminhoneiro. Por estar no banco da passageiro, o carona conseguiu sair praticamente ileso do acidente. Ele teve escoriações e já recebeu alta médica. São informações do G1.

Em depoimento à Polícia Civil de São Paulo (PCSP), o condutor do ônibus  envolvido na colisão afirmou que o freio do coletivo falhou, provocando a batida. O motorista conta que viu um outro ônibus na frente do seu e, por isso, precisou frear bruscamente. De acordo com ele, nesse momento, o freio não respondeu.

A empresa Star Viagem e Turismo, proprietária do ônibus que o motorista dirigia, não tinha autorização para operar, de acordo com a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). “A agência informa que a empresa não possui registro para transporte de passageiros e roda ilegalmente desde 11 de outubro de 2019”, diz nota do órgão.

Segundo a Artesp, a empresa já foi multada várias vezes e era considerada clandestina pelo órgão fiscalizador. Nem no site da Artesp nem no da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) há registros sobre a Star Viagem e Turismo – empresa criada em 2016 e com sede em Taquarituba, segundo dados da Junta Comercial do Estado.

“Em ações fiscalizatórias recentes, no mês de março de 2020, foram registradas algumas infrações à empresa: no dia 3, a Star foi multada por realizar fretamento irregular na Rodovia Raposo Tavares, próximo ao km 296, em Avaré, ao realizar o transporte de 30 estudantes, que saíram da cidade de Fartura com destino à faculdade de Avaré”, relatou a agência.

No mesmo dia, uma nova multa foi aplicada à empresa, por transportar, irregularmente, 43 estudantes com a mesma origem e destino, segundo o órgão. “Dois dias depois, a empresa recebeu nova autuação por fretamento irregular na Rodovia Raposo Tavares (SP-270), próximo ao km 372, em Ourinhos, quando tiveram dois veículos autuados, retidos e realizado o transbordo dos 15 passageiros”, diz a nota.

A Artesp ressaltou a importância dos contratantes e passageiros sempre conferirem se as empresas que oferecem o serviço de fretamento estão cadastradas e reguladas, por meio do site da agência.

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O que se sabe

O trágico acidente provocou ao menos 41 mortes e deixou 10 pessoas gravemente feridas na manhã desta quarta-feira (25/11), na Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho, entre Taguaí e Taquarituba, no interior de São Paulo.

Os veículos bateram no km 172 da rodovia, que precisou ser interditada para atendimento da ocorrência. De acordo com informações das corporações que acompanham o caso, morreram 37 pessoas no local e quatro faleceram em hospitais da região.

Os feridos foram levados para hospitais de Taguaí, Fartura e Taquarituba. As informações iniciais dos militares, no local do acidente, são de que o ônibus transportava funcionários de uma empresa têxtil.

Em entrevista à CNN Brasil, o tenente Alexandre Guedes, porta-voz da Polícia Militar de São Paulo (PMSP), pontuou que essa foi “a maior ocorrência em número de óbitos neste ano”, no estado.

 

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