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No Dia de Proteção às Florestas, Brasil não tem muito o que comemorar

Dados da Global Witness apontam que o país é um dos mais perigosos para ativistas ambientais

atualizado

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Fotografia de cima de uma parte da floresta Amazônica - Metrópoles
1 de 1 Fotografia de cima de uma parte da floresta Amazônica - Metrópoles - Foto: LeoFFreitas/ Getty Images

É comemorado neste domingo (17/7) o Dia de Proteção às Florestas ou o Dia do Curupira, figura do folclore conhecida por ser o guardião das florestas. Contudo, não há muito o que comemorar nesta data. Dados da ONG internacional Global Witness indicam que entre 2012 e 2020, o Brasil registrou 317 assassinatos de ativistas.

O levantamento mostra que o ano de 2020, último período de estudo, foi o mais letal desde o início da pesquisa. Foram assassinadas 227 pessoas que trabalhavam tentando defender seus territórios, o direito à terra, seus meios de subsistência e o meio ambiente.

Relatório da Human Rights Watch, ONG de defesa dos direitos humanos, aponta que há um constante conflito entre os defensores da floresta e as redes criminosas presentes na Amazônia.

Entre 2009 e 2019, a Comissão Pastoral da Terra registrou mais de 300 assassinatos, mas apenas 14 foram levados a julgamento.

Dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados no inicio de julho, revelaram que o mês de junho de 2022 registrou um recorde no desmatamento ilegal na Amazônia. Foram 1.120 km² devastados no bioma, área 5,5% maior que a derrubada em junho de 2021, de 1.061 km².

O Metrópoles conversou com defensores do meio ambiente sobre o tema.

Biólogo e ambientalista do Greenpeace Brasil desde 2012, Rômulo Batista mora em Manaus, capital do Amazonas, e trabalha com comunidades indígenas e o desenvolvimento sustentável.

Para ele, ser classificado como um “protetor da floresta” é uma grande honra. “Me colocar como sendo um protetor de floresta é uma coisa muito honrosa e está dentro de mim desde pequeno.”

Nascido no Paraná, Batista viu a floresta da sua infância ser substituída por plantações de soja. Ele escolheu a biologia como uma fonte para entender mais o meio ambiente.

O coordenador da articulação dos povos indígenas da região sul, ligada a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Marciano Rodrigues, do povo guarani ñandeva, trabalha em defesa dos povos indígenas, na busca da promoção da sustentabilidade e o direito ao território das comunidades tradicionais.

“Todos nós, os povos indígenas, temos um papel importante. Estar diretamente ligado à preservação, valorização e o respeito ao meio ambiente, a floresta e a natureza.”

Ameaças

Rodrigues afirma que os povos indígenas são perseguidos e ameaçados por criminosos que tentam avançar com a exploração e com agricultura dentro dos territórios tradicionais.

“Quando a gente resiste, quando a gente quer defender e a gente não aceita a forma esse tratamento que eles dão a floresta vem as perseguições.”

Para Marciano Rodrigues os povos indígenas estão em perigo.

Rômulo Batista lembra os assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips no Vale do Javari, na Amazônia. “Esses guardiões que vivem em situação de conflito são os que mais sofrem com ameaças.”

Para Batista, os últimos anos foram difíceis, com tentativas de mudança na legislação ambiental e na fiscalização do desmatamento nas florestas. “Em especial, no governo Bolsonaro, vimos a boiada passando. Vimos diferentes cortes nos estudos de fiscalização. A gente viu por seguidas vezes discursos vindo do executivo falando contra ONG.”

Para proteger ativistas o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos apresentou o Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos (PPDDH) que tem como objetivo articular medidas de proteção de pessoas, grupos sociais, instituições sociais ou movimentos sociais ligados à defesa dos direitos humanos que possam estar em risco ou vulnerabilidade.

Dom e Bruno foram assassinados no último dia 5 de junho, a Polícia Federal investiga o duplo homicídio.

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