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Tragédia no RS: entenda polêmica dos veterinários “proibidos” de atuar

A Confederação Brasileira de Proteção Animal acusa o Conselho Federal de Medicina Veterinária de constranger publicamente a ONG

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Imagem de cachorros nos barcos de resgate RS - Metrópoles
1 de 1 Imagem de cachorros nos barcos de resgate RS - Metrópoles - Foto: Reprodução

Em meio às fortes chuvas que assolam o Rio Grande do Sul, 12.440 animais foram resgatados e levados a abrigos para serem atendidos por veterinários voluntários, de acordo com a Defesa Civil do estado.

No entanto, no último dia 14, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) publicou uma nota técnica alertando que os mutirões de castração em meio à catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul podem representar “riscos significativos para os animais e para a eficácia das operações de socorro”.

A Confederação Brasileira de Proteção Animal afirma que o CFMV constrangeu publicamente a instituição e que o conselho está ameaçando com cassação de registros profissionais os veterinários voluntários membros da ONG. Com isso, os profissionais encerraram os atendimentos no estado.

Para a presidente da ONG, Carol Mourão, o CFMV vai contra o interesse público e o caso faz parte de uma “escalada dos abusos de conselhos regionais de medicina veterinária”. “A nota técnica que o Conselho de Medicina Veterinária divulgou é muito reveladora, porque no momento de tragédia e de emergência pública, ao invés do conselho flexibilizar o rigor de uma resolução mal explicada, ele aumenta o rigor, supostamente, na defesa da segurança dos animais e dos próprios veterinários”.

Interesse coletivo

Para Mourão, a tentativa de criar obstáculos para o trabalho voluntário de veterinários no RS teria como objetivo “beneficiar operações privadas de alguns integrantes, em detrimento do interesse coletivo e da incolumidade pública”.

“Não castrar os animais em operações de massa responsáveis e humanizadas, como esses profissionais realizam, é uma forma de inação, de obstrução mesmo. A gente considera isso gravíssimo”, complementa Carol.

Metrópoles tentou contato com o CFMV, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.

Leia a nota técnica do CFMV

Em situações de desastre em massa, como catástrofes naturais ou emergências humanitárias, é crucial priorizar intervenções que garantam a segurança e o bem-estar dos seres humanos e dos animais afetados. No entanto, é importante ressaltar que certas práticas, como mutirões de castração, podem representar riscos significativos para os animais e para a eficácia das operações de socorro.

Em meio ao desastre por qual passa o estado do Rio Grande do Sul, os abrigos de animais estão lotados e a preocupação com a reprodução descontrolada, assim como com acidentes por agressão são questões que devem ser avaliadas com cautela.

Ciente desta situação e com informações que estão sendo repassadas por médicos-veterinários na linha de frente do cuidado com os animais, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) alerta para os seguintes pontos:

Riscos associados aos mutirões de castração em situações de desastre:

Condições de emergência desfavoráveis: em meio a uma crise, as condições de higiene e segurança podem ser comprometidas, aumentando o risco de complicações durante procedimentos cirúrgicos, especialmente naqueles considerados eletivos;

Escassez de recursos e infraestrutura: os recursos médicos, materiais e humanos necessários para realizar cirurgias de castração podem estar limitados em situações de desastre, o que compromete a qualidade e segurança dos procedimentos e ainda podem fazer falta para procedimentos de urgência e emergência que outros pacientes necessitem;

Avaliação individual das condições dos animais: cada animal é único e pode apresentar condições de saúde pré-existentes que aumentam o risco de complicações durante a cirurgia. A condição de avaliação clínica em casos de desastres também pode ficar prejudicada, devido à precariedade do ambiente. Realizar mutirões sem uma avaliação adequada pode expor os animais a procedimentos cirúrgicos desnecessários e potencialmente perigosos e caracterizar imprudência profissional;

Necessidade de consentimento informado: Em qualquer situação, inclusive em situações de desastres em massa, é fundamental obter o consentimento informado do responsável legal pelo animal antes de realizar qualquer intervenção cirúrgica. A falta desse consentimento pode resultar em repercussões legais e éticas.

 

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