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Casos de gripe H3N2 avançam em 19 estados. Veja como se prevenir

Deve-se evitar permanecer por muito tempo em ambiente fechado com muitas pessoas e não levar as mãos aos olhos e à boca antes de lavá-las

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Fotografia colorida. Mulher anda na chuva de guarda-chuva e mão na boca com pano
1 de 1 Fotografia colorida. Mulher anda na chuva de guarda-chuva e mão na boca com pano - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A mais recente epidemia de gripe, causada pela mutação H3N2 do vírus influenza A, espalhou-se rapidamente pelo país ao longo das últimas semanas.

Levantamento realizado pelo Metrópoles junto às secretarias estaduais de Saúde mostra que 19 unidades da Federação já registram casos da doença que matou 16 pessoas no Brasil.

Os dados foram coletados na quinta-feira (23/12). As mortes se concentram em seis estados. A região com mais registros de óbitos pela H3N2 é o Rio de Janeiro, onde foram contabilizadas sete vítimas fatais do vírus.

O Rio foi um dos primeiros a notificar casos de H3N2. O aumento no número de incidentes se deu no mesmo período em que a prefeitura da capital flexibilizou o uso de máscaras de proteção facial, diante da redução dos casos e mortes por Covid-19.

Os estados com registros de mortes por Covid-19 são: Bahia (2 óbitos), Espírito Santo (2 óbitos), Paraná (1 óbito), Pernambuco (3 óbitos), Rio de Janeiro (7 óbitos) e Rio Grande do Sul (1 óbito).

No levantamento anterior realizado pelo Metrópoles, em 18 de dezembro, havia diagnósticos confirmados da cepa H3N2 em 11 estados brasileiros. Agora, ao menos 19 unidades federativas registraram casos da variante.

A nova cepa da gripe já circula nas seguintes unidades da Federação: Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Paraíba, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Rondônia.

Apenas dois estados informaram que não há registros de casos positivos para influenza A: Tocantins e Roraima. São Paulo, Piauí, Mato Grosso, Amapá, Alagoas e Acre não responderam aos questionamentos da reportagem.

No caso de São Paulo, a secretaria de Saúde do estado havia divulgado que, até 10 de dezembro, foram contabilizados 50 óbitos por influenza neste ano. No total, houve 665 casos de síndrome respiratória aguda grave pelo vírus (SRAG). A pasta, no entanto, não informou na ocasião quais foram as variantes detectadas.

Veja o avanço da epidemia de Influenza A (H3N2) no Brasil:

Subnotificação

O monitoramento dos casos positivos de influenza A tem sido afetado pela escassez de dados sobre a doença. No Rio de Janeiro, por exemplo, a Secretaria Estadual de Saúde informou ter registrado 47 pacientes acometidos pela nova cepa.

No entanto, dados da Prefeitura do Rio de Janeiro apontam que a região notificou mais de 21 mil casos positivos para H3N2 em um período de três semanas.

Questionada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro informou que o banco de dados é atualizado de acordo com informações passadas pelos municípios.

De acordo com o órgão, pode haver subnotificação devido a problemas no registro das informações no sistema. Além disso, a secretaria afirmou que os números da influenza ainda estão “em investigação”, pois precisam passar por análise laboratorial.

“A Secretaria de Saúde esclarece que o Tabnet recebe dados brutos dos municípios, que precisam passar por revisão para eliminação de inconsistências do banco. As notificações de 2021 referentes à SRAG por influenza ainda estão em investigação e revisão, pois, na Vigilância da Influenza, os casos só são confirmados por diagnóstico laboratorial”, informou a secretaria.

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O ataque hacker que atingiu o Ministério da Saúde no último dia 10 de dezembro interrompeu o funcionamento de diversos sistemas da pasta, e também tem prejudicado o registro de casos de gripe.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo informou que pediu “manifestação urgente” do Ministério da Saúde quanto ao cenário epidemiológico do país e quanto às falhas nos sistemas de notificação de doenças.

“Desde o dia 9 de dezembro, os sistemas de informação federais estão indisponíveis, incluindo o SIVEP Gripe, no qual são notificados os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e também de Covid-19, o que prejudica a atualização das estatísticas estaduais. Consequentemente, o monitoramento das estatísticas fica impactado, dificultando a definição de estratégias de enfrentamento em momento oportuno. Além disso, o estado de São Paulo faz fronteira com o Rio de Janeiro, onde os casos de influenza estão em ascensão”, informou o governo estadual.

A reportagem procurou o Ministério da Saúde para prestar esclarecimentos sobre o tema, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

Circulação do vírus

A primeira identificação da nova variante da gripe foi realizada pelo Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Os pesquisadores utilizaram amostras coletadas na cidade do Rio de Janeiro para investigar a cepa, batizada de H3N2 Darwin.

Assim como nas demais mutações do vírus, os sintomas da nova variante são febre alta, tosse, garganta inflamada, dores no corpo, na cabeça e nas articulações, além de calafrios e sensação de fadiga.

Segundo a Fiocruz, o aumento de casos durante os últimos meses do ano é um fenômeno atípico no Brasil, já que o vírus da influenza tem maior circulação no período de inverno, entre os meses de julho e setembro.

O pesquisador Fernando Motta, do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz, explica que a rápida disseminação da cepa Darwin pode estar relacionada ao baixo número de casos de influenza registrados no país em 2020, ano em que a pandemia de Covid-19 teve início e grande parte da população passou mais tempo em casa, longe de aglomerações.

Em vídeo divulgado na página do laboratório na quinta-feira (23/12), Motta explica: “A falta de circulação do vírus fez com que nós não tivéssemos o efeito de rememorar o nosso sistema imunológico a combater a gripe”.

Prevenção e tratamento

A transmissão do vírus H3N2 acontece por meio de gotículas que ficam suspensas no ar quando a pessoa gripada tosse, fala ou espirra. O contágio também pode acontecer por meio do contato direto com pessoas infectadas.

As recomendações consistem em evitar a permanência por muito tempo em ambiente fechado com muitas pessoas, não levar as mãos aos olhos e à boca antes de lavá-las, além de manter distância de pessoas gripadas.

O tratamento para os vírus influenza é feito com medicações sintomáticas como antigripais, analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios.

O infectologista Ricardo Paul Kosop, do site Doctoralia, também alerta para a importância da testagem. “Todo e qualquer sintoma respiratório dito ‘novo’ deve ser investigado para confirmar ou negar o diagnóstico da Covid-19, já que este é o vírus com maior circulação no momento e tem grande impacto coletivo. Sendo assim, o teste ajuda tanto no diagnóstico e tratamento do paciente, como também na orientação de isolamento dele e de seus contactantes”, detalha.

Vacinação

Motta também afirma que a baixa adesão à Campanha Nacional de Imunização contra a Gripe também interferiu negativamente no aumento de casos da doença no Brasil.

A ação promovida pelo Ministério da Saúde teve início em abril deste ano e chegou a ser prorrogada devido à baixa cobertura. A campanha terminou em 30 de setembro, mas o público-alvo — formado por idosos, gestantes, crianças e profissionais da saúde — não foi completamente atingido durante o período.

“No ano passado, por conta da pandemia, foi muito baixa essa adesão. Isso possivelmente fez com que os vírus continuassem circulando, mesmo que de uma maneira pequena, que não tivesse sendo detectada no radar, mas ele continuou evoluindo”, pontuou Motta.

O pesquisador afirma que a baixa procura pelo imunizante somada à redução de casos de influenza no meio da pandemia fez com que o sistema imunológico “esquecesse” a capacidade de proteção contra o vírus.

“Por conta disso, muito provavelmente a gente tem essa cepa aqui no país, que entra em um momento no qual há um baixo percentual de vacinação e baixo percentual de circulação do vírus. É como um esquecimento do nosso sistema imunológico desse vírus, fazendo com que ele circule mais”, ressalta.

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