Apesar do forte posicionamento contra pautas favoráveis à maconha, Jair Bolsonaro (PL) é o político brasileiro recordista em associações sobre o tema na mídia. Os dados foram divulgados pela Kaya Mind, empresa especializada no mercado de cannabis no Brasil, e mostram um pouco do cenário político em torno de pautas sobre a cannabis.
Com 4.023 citações, Bolsonaro é o líder disparado do ranking de políticos mais associados à maconha na imprensa, feito a partir de um mapeamento realizado de 1° de janeiro de 2021 a 1° de abril de 2022.
Para se ter ideia do volume de citações envolvendo o presidente e a maconha, a diferença de Bolsonaro para o segundo colocado no ranking é de mais de 3 mil aparições. Apesar de ser relator de um dos principais projetos em torno da regulamentação da planta para fins medicinais na Câmara dos Deputados, Luciano Ducci (PSB) surge com 941 menções na imprensa em pouco mais de 1 ano e 4 meses de análise.
Outros nomes envolvidos no PL 399/2015 também ganharam destaque na mídia. É o caso de Paulo Teixeira (PT), que presidiu a Comissão Especial da Câmara dos Deputados em torno do projeto. Com opiniões geralmente favoráveis à pauta da cannabis, o deputado petista foi o terceiro político mais relacionado à planta na mídia, em 707 vezes.
O autor do projeto que busca autorizar o plantio da maconha para fins medicinais e a comercialização de medicamentos à base da planta, Fábio Mittidieri (PSD), é o quarto colocado na lista, com 465 citações.

A Cannabis, também conhecida como planta da maconha, tem origem asiática repleta de polêmicas. Socialmente marginalizada, sob a luz da ciência, no entanto, apresenta potencial medicinal para tratar diversas patologiasiStock

Segundo especialistas, a cannabis tem substâncias, como os canabinoides, capazes de agir e desencadear reações em diversas áreas do corpo, como o cérebroseksan Mongkhonkhamsao/ Getty Images

A cannabis apresenta três espécies: ruderalis, indica e sativa, sendo as duas últimas as mais populares. No caso da sativa, pode-se ainda destacar o canabidiol, que tem efeito relaxante e, por isso, é utilizado com fins terapêuticosjaniecbros/ Getty Images

Além do canabidiol, na cannabis sativa é possível encontrar tetrahidrocanabidiol, substância com capacidade de gerar sensações de prazer, alívio, euforia, entre outraswera Rodsawang/ Getty Images

Na indústria farmacêutica, as propriedades da cannabis podem funcionar como anticonvulsivo, analgésico e sedativo no tratamento de doenças, tais como: epilepsia, esquizofrenia, esclerose múltipla, Parkison e dores intensasjaniecbros/ Getty Images

Por esses motivos, cada vez mais países têm regulamentado o uso da substância para tratamento de enfermidades, apesar de muitos ainda proibirem a utilização da cannabis para fins recreativosFrancesco Carta fotografo/ Getty Images

Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Dinamarca, Itália, Espanha, Bélgica, Portugal, entre outros países europeus, permitem, com regras próprias, a utilização da maconha para uso medicinalLauriPatterson/ Getty Images

Na América Latina, países como Argentina, Uruguai, Colômbia, Jamaica, Equador e México, por exemplo, também liberam a cannabis para fins medicinais e terapêuticosDavid Trood/ Getty Images

Cada estado define as especificidades em torno da utilização da maconha medicinal, mas, no geral, as autorizações funcionam de duas maneiras: permissão apenas para uso terapêutico e medicinal ou liberação também para uso recreativoBloomberg Creative/ Getty Images

No Brasil, a Anvisa permite a importação e o uso da substância em alguns remédios desde 2014. Até então, as plantas ainda precisavam ser trazidas do exterior. No entanto, em 2021, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 399/2015, que autorizou o cultivo de Cannabis sativa no Brasil para fins medicinais, veterinários, científicos e industriaisEsther Kelleter / EyeEm/ Getty Images

Por aqui, para realizar a compra de medicamentos ou produtos derivados de cannabis (ambos com fins medicinais) é necessário ter prescrição médica. Além disso, é preciso ter condições para adquirir os produtos, uma vez que o valor a ser desembolsado pode alcançar quatro dígitosRevolu7ion93/ Getty Images
Apesar de 3 dos 4 políticos mais associados à maconha na mídia serem favoráveis às pautas que discutem o tema, atores políticos contrários ao avanço da legalização no país também aparecem bastante relacionados ao assunto.
É o caso de Diego Garcia (Podemos), que chegou a agredir Paulo Teixeira durante uma das sessões que discutia o PL 399/2015 na Câmara. Osmar Terra e Roberto Jefferson, dois políticos conhecidos por suas ligações com pautas conservadoras, aparecem em seguida com 321 e 128 citações respectivamente.
É o caso de Diego Garcia (PODEMOS), político contrário à propostas a favor da cannabis que chegou a agredir Paulo Teixeira (PT) durante uma sessão que discutia o PL 399/2015 na tentativa de barrar a matéria. O deputado bolsonarista aparece com 426 citações, e é seguido por Osmar Terra e Roberto Jefferson, dois atores políticos também contrários que surgem com 321 e 128 citações respectivamente.
Sergio Victor (Novo), coordenador de um grupo de defesa da cannabis para fins medicinais na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aparece com 65 citações na imprensa. Encerrando a lista, Caio França (PSB) foi mencionado 51 vezes na mídia, muito devido à sua atuação na pauta pró-cannabis, como a autoria do projeto apresentado na Câmara dos Vereadores de São Vicente (SP) que busca o fornecimento gratuito de medicamentos à base de maconha.