Araújo: “Não deixemos que a Covid-19 seja pretexto para destruir a liberdade”
Declaração do chanceler foi direcionada ao corpo diplomático e ocorre quando a média móvel de mortes no Brasil ultrapassa 700 por dia
atualizado
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O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, defendeu que a crise mundial causada pelo Sars-Cov-2 não pode servir como desculpa para destruir a liberdade. A declaração foi publicada no Twitter, neste sábado (19/12), como síntese do discurso do chanceler direcionado ao corpo diplomático de Brasília, na última sexta-feira (18/12), pelas comemorações de fim de ano.
O posicionamento ocorre no período em que o Brasil voltou a registrar elevado número de óbitos causados pela doença. A média média móvel de mortes chegou a 723, a mais alta desde 21 de setembro.
“Não deixemos que a Covid-19 seja pretexto para destruir a liberdade. Recusemos o despotismo esclarecido globalista, que pretende fazer um great reset passando por cima das nações e da vontade dos povos. Minha fala aos Embaixadores estrangeiros em Brasília”, escreveu. O termo foi proposto pelo Fórum Econômico Mundial de planejamento econômico para reconstruir a economia de forma sustentável após a pandemia.
No discurso, Ernesto Araújo rejeita o conceito. “Precisamos pensar em conjunto nesse mundo pós-Covid. Fala-se muito no great reset — vocês devem ter acompanhado que não acho muita graça nessa coisa — e acho que precisamos ter muito cuidado com esse tipo de ideia. Em primeiro lugar, por causa do tema da democracia, de quem toma as decisões. Quem vai dizer o que é esse great reset? Um grupo de iluminados?”, enfatizou.
Não deixemos que a Covid seja pretexto para destruir a liberdade. Recusemos o despotismo esclarecido globalista, que pretende fazer um Great Reset passando por cima das nações e da vontade dos povos. Minha fala aos Embaixadores estrangeiros em Brasília:https://t.co/tlB8oqIU1M pic.twitter.com/w2wgzmQRGI
— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) December 19, 2020
Falsa narrativa
Ernesto Araújo também criticou a suposta “narrativa” criada sobre a pandemia do novo coronavírus e voltou a defender o uso da hidroxicloroquina para pacientes infectados com a doença. Na fala, ele lamenta a falta de reconhecimento das ações realizadas pelo governo federal, como a criação do auxílio emergencial.
“Infelizmente, o que a gente vê é distorção de tudo isso através da narrativa. Temos a impressão de que quem controla a narrativa controla o poder. E não queremos viver num mundo de narrativa, queremos viver num mundo de verdades, onde o ser humano seja capaz de reconhecer os fatos e interagir com as contradições dos fatos e da realidade”.
Segundo o chanceler, a crise mundial da pandemia não pode ser uma crise da verdade, “não pode ter como vítima a verdade”.
“A pandemia não é simplesmente uma questão epidemiológica, é também epistemológica. É também um desafio para nossa maneira de entender e interagir com a realidade, aprender a conhecer a realidade, que não é uma coisa óbvia. Infelizmente, a luz da razão passa pelo prisma distorcido de interesses escusos, da política no sentido negativo que esse termo pode ter”, disse.
Conforme discursou, o chanceler afirmou que, para muitas pessoas, o critério de eficácia de um determinado tratamento para Covid-19, ou de uma determinada medida, é simplesmente um critério político.
“Nosso governo temos sempre, com a liderança do presidente Bolsonaro, procurado proporcionar aos brasileiros opções de tratamento, os senhores acompanharam a questão da hidroxicloroquina, que eu acho que tem salvado vidas e que, infelizmente, algumas pessoas se recusam a reconhecer por razões políticas”, emendou.
Na última semana, apesar de o tratamento precoce da Covid-19 ser a principal bandeira do Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) reforçou, em documento publicado, ser contra o uso de qualquer medicamento de forma antecipada, incluindo cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco, vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal e dióxido de cloro.
Segundo os especialistas, a orientação está alinhada com sociedades científicas e médicas internacionais, tais como o Instituto Nacional de Saúde e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Veja o vídeo da palestra: