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Moro contra Bolsonaro e Lula­­: hora da 3ª Via (por Vitor Hugo)

Sérgio Moro é nome essencial para estabelecer o confronto político e ético esperado, de fato, no surrado jogo da eleição de 2022

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Ex-juiz Sergio Moro
1 de 1 Ex-juiz Sergio Moro - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Depois dos protestos de 12 de setembro, contra o governo Bolsonaro, com destaque para a Avenida Paulista (estetoscópio da vez dos batimentos da política brasileira e suas contradições) duas evidências ficaram latentes para gregos e baianos. A primeira, o mais recente sinal do ditame de que “as esquerdas, no Brasil, só se unem na prisão”. A segunda, evidência delineada há tempo, nas pesquisas de opinião, que o ex-juiz condutor da Lava – Jato, Sérgio Moro, é nome essencial para estabelecer o confronto político e ético esperado, de fato, no surrado jogo entre o mandatário da vez, à “direita” (Jair Bolsonaro) e do ex à “es querda” (Lula). Mesmo com o apelo de alguns discursos e personagens dos atos em São Paulo (Ciro Gomes, Henrique Mandetta, João Dória Jr e Simone Tebet) – além do forte simbolismo dos bonecos do atual presidente e do ex, abraçados – restou o sentimento de que sem Moro a Terceira Via não decola.

Há um sopro de alento no ar, para oposicionistas de centro esquerda, e chances de endurecimento do embate, na perspectiva de alguns observadores e analistas dos atos, de parcos e desunidos integrantes das oposições, entre os prédios do MASP e da FIESP, semana passada: A notícia de que Moro – atualmente nos Estados Unidos onde mora e trabalha – virá ao País antes do final deste mês, para reunião com lideranças do Podemos, em Curitiba, quando deverá decidir sobre sua filiação partidária e candidatura em 2022. É o fio de esperança, com vistas ao futuro da via alternativa, nos próximos atos de rua, já convocados para 2 de outubro: a presença do ex-magistrado da Lava Jato – nome simbólico do combate a corruptos e corruptores, bandeira axial para as presidenciais que se aproximam. Ainda mais depois das descobertas de tantos malfeitos e tantos malfeitores enfronhados no governo do “mito”, postos à nu (a exemplo de Marconny Albernaz, na quarta-feira, 15) pela CPI da Covid 19 no Senado.

Na mais recente passagem por Curitiba e Brasília, o ex-juiz disse a interlocutores (senador Álvaro Dias entre estes) que decidiria seu futuro político e filiação partidária no começo do mês que vêm. Falta pouco. E isso é que anima defensores da Terceira Via, para as presidenciais de 2022, cuja campanha Lula e Bolsonaro já estão quilômetros na frente, principalmente em regiões cruciais e decisivas, como o Nordeste.

Além disso, não pegou bem a constrangedora ausência de público – em contraste com excesso de candidatos, desencontros políticos e brigas, nas manifestações de 12 de setembro, em cima e em baixo dos vários palanques e nos grupos condutores dos atos – a ponto do atual presidente ironizar: “senti dó de meus adversários”, e do PT – PSOL puxar o coro: “fique em casa com Lula”. Tudo isso – e muito mais – cobra “das oposições” reflexão e conversa decisiva entre seus quadros internos e com Moro, antes do próximo encontro nas ruas no País. Depois do 12 de setembro, é praticamente senso comum que, sem o ex-juiz condutor da Lava Jato, com força moral para bater em Lula e Bolsonaro, o carro da terceira via não engrena. Moro seria o nome capaz de empolgar – com a bandeira de combate à corrupção e de reformas sérias e de verdade – e estabelecer o elo de engajamento de grandes faixas da população, em especial a “maioria silenciosa” de classe média, ausente dos protestos até aqui. A situação como está só serve ao atual dono do poder e ao ex. Ou não?

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog. Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br

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