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Do churrasco ao ceviche, culinária latina ganha as casas da cidade

Estabelecimentos gastronômicos de Brasília exploram influências latino-americanas em pratos que vão além do guacamole e do ceviche

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Na era globalizada, não é preciso entrar em um avião para conhecer as culinárias de diversas partes do planeta. A cosmopolita capital federal é exemplo disso. Basta manter o olhar atento para encontrar uma variada gama de pratos internacionais, às vezes na própria entrequadra ou comercial.

Se por muito tempo a culinária europeia, principalmente as vertentes francesa e italiana, prevaleceu como favorita, a mais atual dessas tendências olhou para nossos vizinhos de continente. a América Latina virou febre na cidade. O Metrópoles elaborou um guia com bons exemplos desse tipo de gastronomia. E olha que você nem vai precisar sair de casa com o passaporte em mãos.

 

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Ancho Bistrô de Fogo
Desde 2015


A influência portenha é notável no restaurante comandado pela chef Renata Carvalho, 32 anos, e pela sócia Giovanna Maia. Os tons coloridos da paleta decorativa transformam a casa, inaugurada no início do ano, em um pedacinho de Buenos Aires na capital do Brasil. Essa mesma alma já podia ser observada no vizinho Loca Como Tu Madre, gastropub também capitaneado pela dupla. No Ancho, a comida argentina, assim como no Loca, aparece mesclada com toques brasileiríssimos.

Renata especializou-se não só em carnes, ponto forte do país vizinho, mas também nos modos de preparo que usam o fogo em sua forma mais primitiva como “ingrediente principal” nas preparações. “É uma homenagem minha àquela gastronomia e cultura. O menu representa o que vivi por lá, minhas vivências e a paixão que tenho por Francis Mallmann (notório chef daquelas terras)”, diz ela, que morou em Buenos Aires e se formou no Instituto Argentino de Gastronomia (IAG). A lista de proteínas contempla cortes como o bife de chorizo, o kobe beef e, claro, o ancho. Ainda fazem parte do menu as conservas e o choripán, versão do nosso “pão com linguiça”.

306 Sul, Bloco C, Loja 28, Asa Sul, 3244-7125. Site e Facebook.

“Um dos pontos fortes da nossa culinária é justamente a junção dos frutos do mar com os frutos da terra “

Pablo Fernandez, gerente do Caleuche

Caleuche
Desde 2011

O músico chileno Rodrigo Fernandez chegou a Brasília nos anos 1990 para cantar nos bares e restaurantes da capital. Com o enfraquecimento desse mercado, resolveu se dedicar à cozinha, mesmo sem formação na área. Montou o Caleuche, há quatro anos, em um condomínio no Jardim Botânico. Em 2013, mudou-se para a Asa Norte e lá se estabeleceu. O cardápio surpreende quem pensa que a culinária do país andino se resume a frutos do mar, abundantes por conta da costa banhada pelo Pacífico.

Aqui, as receitas têm influências do centro-sul chileno, onde as ascendências indígenas, espanholas e até mesmo alemãs se misturam. “Um dos pontos fortes da nossa culinária é justamente a junção dos frutos do mar com os frutos da terra “, explica Pablo, filho de Rodrigo, gerente do local. Essa combinação fica explícita em pratos elaborados. No pulmay, pescados ganham companhia de carne bovina e legumes. Outros carros-chefes do Caleuche são o pastel de choclo (escondidinho de carne acebolada com milho feito no forno), o cordeiro marinado ao vinho carménère e o ceviche chileno, que, ao contrário do peruano, não leva o leche de tigre.

310 Norte, Bloco A, Loja 38, Asa Norte, 3522-5363. Facebook.

 

Divulgação

Chilli na Rua
Desde 2011

Há seis anos à frente do 4Doze Bistrô, em parceria com a mãe, Daisy, Daniel Vieira, 31 anos, sentiu a mente inquieta começar a fervilhar em 2011. Tinha vontade de seguir outros rumos na cozinha. De maneira despretensiosa, reunia-se com amigos para comer na rua, em espaços abertos da Asa Norte. Num desses encontros, levou o chilli, mistura de feijão com carne moída e temperos, receita aprendida com um tio. “Minha gastronomia é intuitiva e construída principalmente com minhas memórias”, diz. A turma aprovou a receita e o que era esporádico virou frequente. Com esse sucesso, o chef montou o Chilli na Rua, um dos primeiros food trucks da cidade.

O prato segue o modo de preparo tradicional e é servido sem queijo. Outras receitas com inspiração latina fazem parte do menu, como o ceviche peruano, o tradicional guacamole e o dog chilli, com feijão mexicano, linguiça defumada, sour cream e mandioca fininha frita no lugar de batata palha. Sem itinerância fixa, o truck percorre feiras e eventos no DF. “Levo o negócio a sério, mas prefiro essa liberdade que ele me proporciona, uma coisa mais informal em que o cliente e o chef interajam”, explica Vieira.

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Michael Melo/Metrópoles

Dulce Patagonia
Desde 2012

Um dos doces mais famosos na Argentina, o alfajor está presente na vida daquele país diariamente. Nem todos sabem, porém, que a sobremesa tem origem do outro lado do mundo. Árabe de nascimento, foi trazida à América Latina pelos espanhóis e ganhou versões nas nações vizinhas ao Brasil, inclusive no Chile. Era lá que o publicitário Cristóbal Chait, 35 anos, preparava a receita herdada da avó materna. Quando casou com a brasileira Helena e veio para cá, começou a fazer o doce para os amigos. “Eles também pediram para que aumentasse o nível de açúcar no recheio “, conta. A ideia de um negócio em casa foi o próximo passo.

Pouco depois, o empreendimento se expandiu e, agora, ocupa charmosa e diminuta loja em galeria na 309 Norte. Ao lado da esposa e da sócia Mirella Montella, Chait produz as receitas vendidas por lá. A gostosura ganha versões banhadas em chocolate meio-amargo e branco, a R$ 5,00 a unidade (recheios de doce de leite, coco, nozes ou chocolate). Há ainda uma versão do alfajor feita com maisena, mais sequinho.

309 Norte, Bloco C, Loja 28, galeria, 3967-3008. Site e Facebook.

“Começamos com uma forte influência mexicana. A pimenta era forte. O público estranhou e o negócio não pegou no início”

David Leichtig, chef do El Paso

El Paso
Desde 1995

De família romena, David Lechtig (na foto lá no alto desta página) nasceu no Peru e foi criado no judaísmo. Filho de um funcionário da ONU, passou parte da infância e adolescência na Guatemala antes de aportar no Brasil na década de 1980. O ofício de cozinheiro começou por acaso: era com as receitas típicas que matava as saudades de casa. Profissionalmente, deu início à carreira em 1993 com a casa Sancho Pança, self-service de comida variada no Setor Bancário Sul. Logo inaugurou uma filial, no mesmo quadrante. Só dois anos mais tarde deu vazão à vontade de cozinhar pratos latinos com o El Paso, na 404 Sul. “Começamos com uma forte influência mexicana. A pimenta era forte. O público estranhou e o negócio não pegou no início”, relembra.

Para bombar a casa, em 1996 ele abraçou o estilo “tex-mex” (com influência do estado americano do Texas). Um projeto com chefs de outros países latinos para workshops e semanas culinárias já levou à cozinha do El Paso cubanos, chilenos, guatemaltecas e peruanos. Esse intercâmbio, e as viagens que ele faz periodicamente, é fonte de inspiração para as criações. Depois de montar duas filiais, na Asa Norte e no Terraço Shopping, David Lechtig anexou à matriz da 404, em 2009, para El Paso Latino. Isso para mostrar que o local vai além da culinária mexicana.

404 Sul, Bloco C, Loja 23, Asa Sul, 3323-4618; 110 Norte, Bloco B, Loja 18, Asa Norte, 3349-6820; Terraço Shopping, 1º piso, Octogonal, Telefone: 3233-5197. Site e Facebook.

 

Pame Empanadas Chilenas
Desde 2012

Nascida em Santiago, Chile, Pamela Soto Rubio chegou a Brasília aos 17 anos, em 1982, acompanhando o pai, funcionário da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Depois de cursar nutrição na UnB, começou a trabalhar nessa área. Mas foi a vocação culinária, adquirida dentro de casa, que fez com que, décadas depois, surgisse a ideia de um mercado com pratos da terra natal. Em 2012, Pamela, a Pame, resolveu fazer empanadas chilenas em casa. A receita tradicional leva carne, cebola, ovo e azeitona, tudo temperado, principalmente com cominho. Ao contrário da versão argentina, que mistura os ingredientes no recheio, a chilena deixa-os separados.

Depois de uma temporada na subida de Sobradinho, no ano passado o negócio mudou-se para o Sudoeste. Além da tradicional empanada, feita com carne em pequenos pedaços, e não moída como na Argentina, são servidas a de frango em cubinhos e a vegetariana, com berinjela, cebola, ricota, gengibre e azeitona. Elas podem ser banhadas com o pebre, molho chileno feito de maneira similar ao vinagrete brasileiro.

CCSW 2, Lote 4, Loja 8, térreo, Sudoeste, 3710-5797. Facebook.

“Nós mesmos preparamos a receita do chimichurri, sempre com matérias-primas orgânicas, valorizando a agricultura familiar e os produtores locais”

Aline Pimenta, sócia do Ribs on the Truck

Ribs on the Truck
Desde 2014


O amor uniu Aline Pimenta e Thiago Tavares no matrimônio. A paixão pela culinária latina juntou os dois em um food truck. Ela, funcionária pública, depois de especializar-se em confeitaria, começou a vender bolos para casamentos e aniversários. Aí resolveu dedicar-se somente à cozinha. Em São Paulo, estagiou com Alex Atala no D.O.M. Encucada com a ideia de abrir um bistrô, conheceu o gaúcho Thiago. Especialista em vinhos no restaurante do Senac, no Senado Federal, ele mantinha relação próxima com a arte do churrasco. Entre uma carne assada e outra, a dupla decidiu montar um estabelecimento. Por conta da crise no setor de restaurantes, optaram por um food truck. Passaram a estudar os cortes e a beber de referências na área. Os cortes assados no fogo de chão, em casa, serviam de teste. Logo criaram uma parrilla móvel adaptada ao carro.

No calor do caminhão, que também tem espaço para lenha, são servidos pratos da gastronomia clássica do Uruguai, como o assado de tira, pernil de porco e, claro, a costela, carro-chefe da empresa. Tudo isso temperado com o molho chimichurri caseiro, xodó de Aline. “Nós mesmos preparamos a receita, sempre com matérias primas orgânicas, valorizando a agricultura familiar e os produtores locais”, revela Aline.

Itinerante. Acompanhe pelo site e pelo Facebook.

 

Daniel Ferreira/Metrópoles

Taypá – Sabores del Peru
Desde 2009

Taxista em Lima, o peruano Marco Espinoza foi para Buenos Aires tentar ganhar a vida em nova profissão quando descobriu a vocação para a cozinha. Já era chef quando, convidado para um evento em Brasília, acabou ficando por aqui e montou o Taypá – Sabores del Peru, na QI 17, ao lado de sócios. Curioso, o público brasiliense lotou a casa e esse êxito continua seis anos depois da inauguração. “Abrimos o restaurante numa terça e na sexta da mesma semana já estávamos lotados. Nem em nossos sonhos mais otimistas sonhamos que isso aconteceria”, comemora Espinoza.

Na casa, o cardápio vai muito além do tradicional ceviche – também servido, claro, na versão tradicional, com peixe branco, com salmão ou à moda creoula, para citar apenas alguns. “Nosso objetivo é oferecer pratos com influência peruana feito com produtos locais”, exemplifica o chef. O menu muda duas vezes por ano e ganhará novas receitas este mês. A grande novidade da casa por esses tempos é a Inca Cola, refrigerante amarelo famoso em terras andinas. Ele vem complementar a carta de bebidas, onde constam também a cerveja que dá nome à casa e o caprichado (e deliciosamente apimentado) pisco sour.

QI 17, Conjunto F, Loja 208, Edifício Fashion Park, Lago Sul, 3248-0403. Site.

“Todo gaúcho está sempre preparando um churrasco para os amigos. Lá, essa coisa de assar carne é rotineira”

Fabio Gregol, proprietário do Toro

Toro
Desde 2014


Especializado em sabores uruguaios e argentinos, o restaurante tem a carne como estrela do cardápio. Também contempla a culinária do sul do Brasil, influência direta do proprietário, o empresário Fabio Gregol, nascido em Porto Alegre e há 20 anos na capital federal. “Todo gaúcho está sempre preparando um churrasco para os amigos. Lá, essa coisa de assar carne é rotineira”, conta.

Transformar esse ato em hábito por aqui também é um dos objetivos do Toro. No endereço, as regiões homenageadas têm seus pratos típicos representados no menu. Para o paladar gaúcho, a costela assada por 12 horas junto do arroz carreteiro e da maionese de batata. Com inspiração uruguaia vem a morcilla, uma espécie de chouriço latino, e o asado de tira. Já os argentinos estão presentes com os cortes de ancho e chorizo.
104 Sul, Bloco C, loja 29, Asa Sul, 3225-0494. Site e Facebook.

 

Outros endereços:

Abuela Goye (doces)
ParkShopping, 2º piso, Guará, 3233-4578. Site e Facebook.
Aberto em 2012

Ándale Tacos (mexicano)
Itinerante. Site e Facebook.
Aberto em 2015

Corrientes 348 (carnes)
Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 2, Lote 40, 3345-1348. Site.
Aberto em 2006

El Manfredo (sanduíches)
409 Norte, Bloco C, 9657-5038. Facebook.
Aberto em 2015

El Negro (carnes)
413 Norte, Bloco C, Lojas 3/13, 3041-8775. Site e Facebook.
Aberto em 2012

Pobre Juan (carnes)
Shopping Iguatemi, Lago Norte, 3577-5800. Site.
Aberto em 2010

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