Os astros de Hollywood e a polêmica da reconstrução digital
A “ressurreição” de Peter Cushing em “Rogue One” reabriu o debate sobre a recriação digital de atores depois de mortos
atualizado
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Em “Rogue One – Uma História Star Wars”, o governador Moff Tarkin reaparece com as mesmas feições vistas décadas atrás, em “Uma Nova Esperança” (1977). Princesa Leia também ressurge anos mais nova nas cenas finais. O rejuvenescimento de Leia e a ressurreição de Tarkin reacenderam um debate antigo em Hollywood: a exploração e reconstrução digital de atores.
Peter Cushing (morto em 1994) e Carrie Fisher (ainda viva nas filmagens) obviamente não pisaram no set de “Rogue One”. Mais jovens, outros atores (Guy Henry e Ingvild Deila) tomaram seus lugares como “dublês de corpo” e tiveram seus rostos reconstruídos digitalmente para parecerem os intérpretes originais.
Os fãs, obviamente, adoraram o efeito nostálgico do retoque digital. Mas o uso de imagens fabricadas também gerou polêmica na indústria. Tanto que a Disney/Lucasfilm teve que rebater rumores de que Carrie Fisher, morta em dezembro, reapareceria graficamente em futuros filmes da franquia.
De “O Corvo” a “Velozes e Furiosos”: outras ressurreições
Nos casos de Fisher e Cushing, a Disney/Lucasfilm disse que procurou representantes dos atores para realizar a reconstrução digital. Mas Robin Williams, por exemplo, cuidou para que sua imagem não fosse perpetuada depois de morrer, em 2014.
Ele deixou uma autorização somente para a instituição filantrópica Windfall, criada por ele e a ex-mulher Marsha: ninguém além da fundação pode usar comercialmente o rosto do ator até 2039.
A reconstrução ganhou clima de homenagem póstuma em “Velozes e Furiosos 7”. Morto antes do término das filmagens, Paul Walker apareceu como ele próprio em imagens já gravadas e ressurgiu em outras por meio dos irmãos mais novos Caleb e Cody, que passaram por retoques digitais.
Se num passado distante Hollywood tinha que recorrer a outros atores ou simplesmente engavetar projetos após a morte de atores, hoje os produtores não hesitam em recorrer a “acabamentos” post-mortem.
Um dos casos mais famosos envolveu Brandon Lee em “O Corvo” (1994). Ele morreu tragicamente após levar um tiro nas filmagens. Na pós-produção, truques digitais possibilitaram reproduzir o rosto do ator em novas cenas. Em “Gladiador” (2000), Oliver Reed faleceu durante a produção, mas teve suas feições remodeladas graficamente.