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Meus filhos podem partir antes de mim e pensar nisso é horrível

Toda a minha solidariedade aos pais e mães que passam por isso e acham coragem para viver com essa dor, que deve ser a maior do mundo

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Quando eu estava grávida do Solano, já no último trimestre de gestação, recebi a notícia de que uma colega de ioga, grávida de 38 semanas, havia perdido o bebê. Não sei exatamente como aconteceu, se ela sentiu alguma coisa e procurou o hospital, só sei que ela induziu o parto, viu o rosto do filho, o abraçou e se despediu.

A mensagem que ela nos mandou era dolorida, firme e tocante, e nós, as colegas de ioga, ficamos profundamente abaladas. Choramos, nos imaginando no lugar dela, tentando entender porque, de uma hora para a outra, o bebê parou de receber os nutrientes e faleceu ali, no lugar que, supostamente, deveria ser o mais seguro do mundo. Por que isso foi acontecer logo com a nossa amiga, tão alegre, à espera do primeiro filho? Será que o destino não podia ter sido menos cruel?

Lembrei da história esta semana, quando li o post de um conhecido no Facebook, falando sobre a morte da filhinha dele, aos três meses. Uma bronquiolite que evoluiu muito rápido, gerando complicações respiratórias, levou a menina, a caçula. Mais uma vez, fiquei com aquela sensação de aperto, contei para meu marido e compartilhamos a angústia de que, quando morre uma criança, a ordem natural das coisas é violada.

Nos últimos anos, talvez porque eu tenha virado mãe, sempre fico sabendo de histórias como essas, de crianças que partem, deixando famílias desoladas. Impossível não lembrar da minha avó materna, que, aos 85 anos, ainda chora a perda do primeiro filho, também aos três meses de vida, vítima de algum mal que os médicos não souberam explicar. Sempre que ela fala do menino, os olhos se enchem de lágrimas, as mãos se abrem, impotentes, e ela se pergunta por que não conseguiu evitar a morte dele.

Falar de morte é um troço desagradável para caramba – e olha que, recentemente, o Metrópoles produziu um material belíssimo sobre isso. Falar de morte de crianças, então, parece ser ainda mais descabido. Só de escrever aqui, eu paro e corro para abraçar meus filhos, agradecendo por estarem vivos e saudáveis.

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Pensar na hipótese de que eles podem partir antes de mim é horrível. Mas eles podem. Nós, infelizmente, não temos controle sobre tudo. Por mais que cuidemos dos nossos filhos, os levemos ao médico, façamos mil recomendações, eles estão sujeitos ao destino – ou aos desígnios de Deus, para os que pensam assim.

Não quero aqui ser leviana, falar de uma dor que não é minha. Sei também que há milhões de mães que perdem seus filhos por violência, negligência do Estado e uma série de outras causas evitáveis. Em todos os casos, porém, fica a certeza de que somos muito pequenos e impotentes diante da vida e da morte.

Toda a minha solidariedade aos pais e mães que passam por isso, que encontram coragem para viver com essa dor, que deve ser a maior do mundo.

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