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A vida depois de… conhecer meu marido na igreja

Conheça a história de amor de Iosmar Santos e Lucas Cirilo, casal que se conheceu na igreja evangélica Comunidade Cidade de Refúgio

atualizado

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Felipe Menezes/Metrópoles
Brasília (DF), 07/06/2016A vida depois de… Conhecer meu namo
1 de 1 Brasília (DF), 07/06/2016A vida depois de… Conhecer meu namo - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

Nas escrituras sagradas, um dos assuntos mais abordados pelo apóstolo Paulo era a concepção cristã acerca do amor. No livro de Colossenses capítulo 3 versículos 14 ele afirma aos fiéis que creem em Cristo que eles devem “revestir-se do amor, que é o elo perfeito”. Em I Coríntios 13 ele destrincha o significado da palavra e glorifica a superioridade do amor sobre dons, carismas e virtudes humanas, afirmando que o amor é maior até mesmo que a fé e a esperança.

Estima-se que a palavra “amor” apareça mais de 300 vezes na Bíblia Sagrada. Além de Paulo, outros discípulos também evocam a importância desse sentimento e de como suas raízes são elementos imprescindíveis para a vida. Embora existam tantas referências à palavra, a concepção do amor romântico entre pessoas do mesmo sexo ainda não é reconhecida por grande parte das linhas teológicas que afirmam que casais homoafetivos, mesmo que se amem, estariam vivendo em pecado.

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Isso toma proporções ainda mais complexas quando ouvimos casos de homofobia fora da igreja e os ataques que a comunidade LGBT sofre diariamente nas ruas por demonstrar sua união. Foi nesse dilema tanto social quanto religioso que Iosmar Santos e Lucas Cirilo decidiram se unir em matrimônio depois de se conhecerem na Comunidade Cidade de Refúgio, igreja evangélica localizada em Taguatinga.

O encontro dos dois, segundo Lucas, foi um propósito de Deus para unir duas histórias similares de encontros e desencontros com o evangelho. Tanto ele quanto Iosmar sempre tiveram em mente que desde crianças eram gays. Os dois começaram a processar a fé ainda na adolescência, aos 15 anos, mas se afastaram depois de um tempo porque não conseguiam administrar curiosidades internas com a rotina celestial. “Quando conheci o mundo vivi uma vida de promiscuidade, bebia muito e tive milhares de relacionamentos ruins. Foi pela dor que acabei voltando para a igreja”, relembra Lucas.

A volta para a vida de congregação nos dois casos não foi fácil. Ambos optaram por revisitar igrejas tradicionais, só que agora munidos pelo conforto de sua identidade sexual. A recepção, Iosmar lembra, não foi agradável. “O pastor descobriu da minha boca que eu era homossexual e mesmo com meus talentos na igreja me colocou no banco. Eu não podia cantar no louvor, me tiraram o título de obreiro e pouco a pouco não era mais chamado para ir aos eventos e acabei me afastando novamente”. Lucas, por sua vez, disse que ninguém contestava sua sexualidade, mas que haviam comentários preconceituosos e indiretas dos pastores.

O afastamento da igreja foi menor dessa vez porque logo eles começariam a visitar um lugar que promovia mudanças internas sem que houvesse a necessidade de uma desfiguração de personalidade. A congregação chamada Comunidade Cidade de Refúgio acolheu os dois. Iosmar chegou primeiro, mas a princípio não gostou da teologia inclusiva pregada pelos ministradores, segundo ele, apesar de confortável com o fato de ser gay, ele ouvira tantas vezes que era errado que se sentia inadequado no local.

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Os dois se tornaram amigos, no entanto, Lucas não sabia que Iosmar estava em propósito de oração para que os dois engatassem um romance. “Não havia pretensão de namoro, até porque eu o via como um amigo. Foi quando comecei a desconfiar porque ele foi extremamente carinhoso comigo no retiro da igreja ao ponto de todos perguntarem se a gente namorava”, explica o atendente que na época nutria afeto por outro visitante da igreja.

Depois de perceber as investidas e carinho de Iosmar, Lucas começou a sentir que queria namorar, mas ainda estava em dúvida. Após uma oração em grupo ele descreveu uma experiência com Deus em que uma seta apontava para o futuro namorado. “Lembro de um certo momento que Deus me respondia que era ele o escolhido, mas a confirmação veio quando olhei para o outro menino. Já não sentia mais nada. O encanto se quebrou”.

Os dois começaram o propósito de oração para o relacionamento em fevereiro de 2014. Da mesma forma que acontece com um casal heterossexual de uma igreja evangélica, nesse processo os dois se tornaram amigos, para depois começarem a namorar, pulando a etapa do noivado porque de acordo com Iosmar “nos gostávamos muito um do outro e estávamos prontos para casar”

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Os dois se casaram em setembro de 2015. A união estável foi abençoada pelas pastoras da igreja e eles logo foram morar juntos. Agora unidos em matrimônio eles começaram a entender que a vida a dois tinha uma bagagem e que algumas coisas precisavam ser ajustadas. “Até então eu só conhecia as qualidades só que quando você casa acaba vendo alguns defeitos. Cheguei a pensar que havia me precipitado até perceber que tudo o que passamos, qualquer casal passa”, explica Lucas.

Os pequenos conflitos, segundo Iosmar, vieram para tornar a relação mais forte. “Em qualquer relação alguém tem que ceder para que o casamento avance. É isso que decidimos fazer porque estamos sendo curados juntos como um casal”, explicou Iosmar que logo é complementado pelo marido: “No mundo a ideia é a partir do EU. ‘EU quero ser feliz’. Quando Deus está na relação é o TE ‘eu quero TE fazer feliz’”.

Que os anjos digam amém.

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